Wind

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Acho que Scórpia estava certa. Adora não parece normal desde a conversa (se é que podemos chamar assim) no ônibus.

Não que a gente se fale muito normalmente, mas, ela está ainda mais distante. Sabe das vezes que eu olhava para ela e ela me pegava no flagra? Não está acontecendo. E, bem... Estou sentindo falta.

O jogo de vôlei está bem tranquilo para os meninos de Ethéria. Dois sets a zero para nós, e o terceiro set está acabando com a gente na frente por seis pontos.

Estou na arquibancada no meio da galera, ao lado de Scórpia. Ela é super animada quando está na torcida. Grita, pula, canta e dá apoio o tempo inteiro. Uma comédia. Já eu, fico mais na minha. Mas fico feliz quando o ponto é nosso.

Adora se sentou uns dez metros de distância de mim, junto com as outras meninas do time.

Eu e Scórpia isoladas, nada de novo sob o sol.

Procuro minha loira com os olhos e a encontro bebendo um refrigerante diet e dando risada com... arg, Lonnie. Meu pé começa a batucar teimosamente no chão, e não, não tem nada a ver com a melodia da bateria.

Do nada, Adora olha para mim. Me dá um leve pânico, mas ela desvia o olhar na mesma hora, fitando a quadra.

Saudades quando era eu quem fugia da troca de olhares...

Pouco depois, ela volta a me encarar de forma hesitante. E eu não tiro os olhos dela. Até que ela sorri com o canto da boca.

Ai, não dá. Não dá para manter contato visual com Adora por mais de dois segundos. Não quando ela solta esse maldito sorrisinho de derreter qualquer iceberg.

Volto a olhar para a quadra. Mas só superficialmente mesmo, porque o raciocínio aqui está todo e completamente focado na visão periférica. Tanto que nem percebo alguém se aproximando.

- E aí, Catra. - Meu nome vem de uma voz masculina.

Olho para frente e vejo o Wind. Meu Deus, quando ele chegou aqui? Ele não estava em quadra?

Finalmente noto que o jogo havia acabado e que a gente venceu por três a zero mesmo.

Por quanto tempo eu dormi?

- Oi, Wind...

O garoto se senta ao meu lado.

- Viu? O último ponto foi meu. Ataque pesadíssimo impossível de pegar. - Diz, contraindo o bíceps.

- Ah, vi. - Não vi, estava olhando para Adora. - Parabéns, você é muito forte.

Quando viro o rosto na direção do rapaz, vejo a loira vindo até a gente e se sentando ao lado dele.

Ué.

- Sim, eu sou. Nem te conto o que mais meus braços são capazes de fazer.

- Wind!!! - Meu rosto vira um pimentão.

Ouço Adora amassando a latinha de refri em que estava bebendo.

- Ei, relaxa. - Ele dá risada. - Eu não estou falando nada demais. Mas então, mais tarde vamos fazer um luau do lado de fora do acampamento. Você vai, né?

- Não sei. Acho que não.

- Mas por que?

- Preguiça.

Minhas mãos estão apoiadas em minhas coxas. E o bonito se sente no direito de meter a mão grande, suada e suja de quadra sobre a minha.

- Eu trouxe meu ukulele. Posso cantar qualquer música que você quiser.

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