Recaída

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Eu esperei.

Sim, eu não queria mais falar com ela e fui pra casa me arrastando. Mas, mesmo assim, eu esperei por algum sinal, dizendo que ela iria ficar. Uma mensagem, uma notificação, uma ligação.

Esperei.

Mas nada chegou.

Apenas o que chegou foi uma mensagem da Mara, dizendo que ela já tinha embarcado no ônibus.

No fim das contas, Adora realmente me deixou.

Mas eu queria o que? Fui eu quem terminou com ela. Eu que a mandei ir.

Mas a mandei ir porque era o que ela queria fazer. Ela deixou bem claro que iria de qualquer jeito. Não sei porque caralhos me convenci de que Adora iria preferir a mim. Ainda mais depois da forma que agiu todo esse tempo com a Korra na casa dela.

Eu fui muito burra... Quero mais é que ela se foda.

Passo o resto do dia olhando para o mesmo parágrafo do arquivo, sem conseguir enfiar o maldito conteúdo na cabeça. Tendo crises de choro no meio, crises de raiva. Raiva dela e de mim.

Dou um grito, passando as mãos pela mesinha de estudos, jogando tudo ao chão. Apostila, caderno, estojo, luminária, porta-retratos. O som do vidro quebrando cessa minha voz.

Olho para o chão e vejo nossa foto. Uma foto que tiramos na faculdade, durante o intervalo. Dizendo ela, que eu estava linda com um coque no cabelo, e pediu para tirarmos uma foto juntas.

Ela sorriu tão radiante para aquela selfie, que me vi obrigada a revelar e colocar em meu quarto. Apenas para olhar todos os dias para aquele sorriso que me fez ter gosto de voltar a viver.

Maldito sorriso.

Me levanto da cadeira e me olho no espelho. Meu cabelo está completamente bagunçado, embaraçado, com a franja tão grande q não consigo mais deixa-la sobre minha testa.

Cansei dessa juba.

Pego minha carteira, dou um beijo em Melog e saio de casa, procurando a primeira barbearia aberta nesse final de tarde de um sábado nublado.

Encontro um local bonito, bem arrumado, deve ser meio caro... Mas, não sei se vou dar sorte de encontrar algum outro lugar uma hora dessas. Uma mulher de cabelos curtos e cacheados me recebe.

- Boa tarde! Quer dar um trato no visual?

Exponho meu melhor sorriso, mas não sei se é muito convincente. Me sento na poltrona e a barbeira se posiciona atrás de mim, passando as mãos em meus cabelos. Explico que enjoei, quero cortar tudo e parecer outra pessoa.

A mulher se espanta um pouco. Imagino que não é todo dia que uma pessoa chega aqui querendo cortar mais de meio metro de cabelo de uma vez. Mas ela logo muda a expressão e sorri largamente, dizendo que ficarei linda de cabelos curtos.

Tanto faz.

Demorou mais de uma hora para finalizar o corte. Foi preciso prender em um rabo de cavalo para cortar a maior parte de uma só vez. Depois, cortou aos poucos, ajustando o tamanho das laterais e em cima. Após lavado e bem seco, a garota finalizou com uma pasta, arrumando mecha por mecha. E, bem... Tá pronto.

Pago a barbeira (nem foi tão caro assim) e visto o casaco.

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