Momentos

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Depois de alguns segundos de tortura e todos os palavrões existentes serem profanados, pelo menos, umas seis vezes, acabou. Eu estou chorando praticamente e suando feito uma calopsita. Calopsita sua? Não sei. Não estou raciocinando direito.

- Aguentou firme, hein. Como você está?

- Viva, eu acho...

- Vou passar o outro.

- Que???? Não acabou??? Quer saber, dane-se. Deixa infeccionar. Morrer dói menos. - Falo me levantando e pegando a camisa.

Adora me puxa pelo pulso, me fazendo sentar de novo.

- Relaxa, esse tem efeito analgésico. Vai aliviar a dor. - Diz a menina rindo um pouco.

- Não sei se confio em você.

Ela para o que estava fazendo e fica em silêncio por um instante.

- E o que eu deveria fazer para você confiar em mim? - Fala com a voz significativamente mais baixa.

Adora é uma caixinha de surpresas. Nunca sei o que sairá dessa boca.

- Só passa essa merda logo. - Digo me ajeitando na cadeira, lutando para não enlouquecer com as possibilidades que vieram à minha cabeça depois de sua fala.

Sinto algo geladinho nas costas.

Chego a suspirar aliviada...

Realmente, esse refresca a queimação.

- Como está?

- Bem melhor...

- Prontinho. Só espera um pouco o remédio secar antes de se vestir, para não sair no tecido, ok?

- Tudo bem. Obrigada.

A menina vai até a cama e se senta.

- Então... Vai na viagem do mês que vem?

- Claro. Ethéria não conseguiria jogar um campeonato de quatro dias sem mim.

Ela ri.

- Será minha primeira viagem com o time. Estou ansiosa.

- Tenho certeza que vai gostar. Muitos times juntos, acampamento em campus desativado, festas, bebidas, jogos e mais jogos de diversas modalidades. Até eu que não curto bagunça, acabo me divertindo.

- Espera... Acampamento?

- É. Não sabia? - Ela faz sinal que não com a cabeça. - A gente fica em um alojamento. São vários galpões de uma antiga faculdade pública. Levamos barracas e dormimos por lá.

Vejo seus olhos azuis brilharem.

Então, ela se joga na cama de costas, suspirando.

- Ah, mal posso esperar...

- É melhor você esquecer um pouco o campeonato e focar no jogo daqui há duas semanas.

- O contra a Horda? - Ela se levanta e me encara. Eu apenas aceno com a cabeça. - Ouvi falar que elas não gostam da gente... Por que?

- Nossas faculdades são as melhores da cidade, estão sempre disputando o primeiro lugar em tudo que você possa imaginar. Com as atléticas não é diferente.

- Mas rivalidade é uma coisa saudável. - Muito boa samaritana essa menina.

- Sim, mas não no nosso caso. Em quase todos os jogos dá confusão. Principalmente depois que entrou a Netossa. Atacante e capitã do time. Ela é a que mais se envolve em brigas contra a gente. Até a Perfuma já perdeu a paciência com ela.

Mais que um lanceOnde histórias criam vida. Descubra agora