03 C A L U M

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Eu não sei explicar, mas a partir do momento que eu vejo aquele amontoado de cachos entrando pela porta sinto que parte da tempestade que tem sido meus dias se dissipa. Talvez seja a gentileza que ele emana, acho que ninguém nunca foi tão gentil comigo, ele é apenas um cliente da cafeteria e mesmo assim sempre pergunta se estou bem ou tenta me alegrar de alguma forma. Talvez ele seja uma das pessoas mais genuínas que já conheci, mesmo literalmente não o conhecendo, essa é apenas a sensação que ele me transmite, de confiança e gentileza. Meu sexto sentido não costuma falhar.

Preparei seu muffin de blueberry e cappuccino, ele parecia distraído em sua mesa, tinha um sorriso de lado nos lábios e me permiti sorrir também ao me aproximar da mesa.

- Aqui está!

- Obrigado, estou morrendo de fome. - ele soltou um riso curto já começando a comer.

- Se quiser posso pegar algumas coisas pra nossa caminhada. - ele pareceu corar com a minha oferta, acho cômico que ao mesmo tempo que ele parece ser extremamente tímido, parece ser extremamente extrovertido. Ele me passa essa sensação de confiança com certeza, mas também de mistério, como se ele fosse uma incógnita, uma divergência no cenário, sabe? Ele parece não combinar com nada a sua volta, como se possuísse características únicas.

- Não precisa, obrigado. - ele agradeceu gentilmente, mas com certeza não vou o escutar, me sinto ansioso, é a primeira vez que eu vou... bom, eu ainda não pude me abrir sobre o que aconteceu com ninguém. Quando me sinto ansioso como quase que compulsivamente pra disfarçar meu desespero, eu sei que isso faz com que eu me pareça ainda mais desesperado, mas as vezes eu gosto de me iludir, afinal, pra quem já se iludiu em um relacionamento derrotado por mais de um ano isso não é nada.

- Uh... vou voltar pro trabalho, ainda tenho alguns minutos, se quiser pode me esperar aqui mesmo. - não esperei ele me responder,ainda tinha algumas coisas para fazer antes de ir embora.

Limpei o balcão e organizei a vitrine, sempre que esqueço, John, o cara do segundo turno fica revoltado comigo, não nos damos muito bem, mas de qualquer forma não gosto quando as pessoas ficam bravas comigo.

Separei mais dois cappuccinos e um bolo de chocolate, deixei o dinheiro no caixa e só esperei que John chegasse. Assim que ele chegou sequer olhou pra mim, como sempre, ele é um tanto antipatico, então eu só peguei minha mochila e minha coisas e fui até a mesa em que o cara que eu sequer ainda seio nome estava sentado.

- Acho que ainda não sei seu nome. - falei sentando em sua frente.

- Ashton... e você o Calum. - Ok, como ele sabe meu nome? - Seu crachá. - ele disse com um sorriso, provavelmente notando que eu tava achando ele um maluco stalker.

- Peguei um bolo pra gente, e um cappuccino pra você. - suas bochechas ficaram vermelhas, e é engraçado que ao mesmo tempo em que ele se parece com um cara extremamente misterioso e intimidador, ele se envergonha com facilidade e passa a parecer apenas um garotinho.

- Quanto te devo? - ele perguntou já tirando a carteira do bolso.

- Nada, hoje é tudo por minha conta, tenho desconto como funcionário e você foi legal como, essa é minha forma de retribuir.

- Me engordando. - ele disse rindo e eu não pude não rir junto.

- Vamos. - Ok, agora que eu começo minha jornada de contar minha amargura pra um cara que acabei de descobrir o nome sem medo algum de ser raptado e morto.






_______xXx_______

ACHO QUE EU VOLTEI.

Lost Boy ** CASHTONOnde histórias criam vida. Descubra agora