09 C A L U M

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Eu estava enganado, a tarde tem sido ótima, quando eu entrei em total e completo desespero e decidi que o melhor que poderia fazer era ficar mudo, Ashton soube o que fazer e me bombardeou de perguntas, não do jeito ruim que faz você se sentir intimidado, mas do jeito divertido que te traz boas lembranças.

Ele me perguntou sobre a época de escola, lhe falei sobre minha infância, como foi sair da casa dos meus pais, sobre o quão irritante é a minha irmã, obviamente pulei a parte do coração partido, porque já falei o suficiente sobre isso, não quero mais relembrar essa parte.

- Certo, e o que tem pra me dizer sobre o grande empresário Ashton...

- Irwin. - ele disse rindo da minha piada completamente sem graça.

- Até seu nome é chique. - disse indignado enquanto saíamos do restaurante e começávamos a andar completamente sem rumo.

- Olha se você acha que eu sou rico ou alguma coisa assim eu sinto muito em te decepcionar, mas ainda tô pagando meu carro e meu apartamento tem só um quarto, é menor do que o salão da lanchonete. - um pequeno sorriso brincava nos lábios de Ashton, fazendo um dos furinhos em sua bochecha aparecer.

- Cara, você me enganou muito bem, eu já tava me sentindo um pobretão. - soltei um falso suspiro aliviado, mesmo que realmente estivesse, dessa forma me sinto menos um adolescente patético - Fica tão bem em roupas sociais que achei que era um empresário. - Calum corou quando notou que indiretamente havia elogiado Ashton.

- Meu primeiro emprego foi como estagiário em um escritório e continuo lá até hoje, usar roupa social é o que eu mais fiz nos últimos anos. - Ashton confessou, aparentemente deixando meu deslize de lado e eu o agradeço por isso. - Acho que não tenho outro tipo de roupa.

- E você gosta de onde trabalha?

- Gostar é uma palavra muito forte, eu só me acostumei, eles pagam razoavelmente bem, digo, o suficiente pra eu ter uns trocados guardados para sair com estranhos. - Ashton brincou e eu senti meu coração falhar a batida, ele parece tão confiante de si que eu confesso que ainda me sinto intimidade por sua presença, tipo, ele faz piadas a cada dois minutos e tá sempre sorrindo, e eu tô sempre corando e me encolhendo, é patético. - Mas conheço que quando criança meu sonho era ser o maior baterista da minha geração. - Assumiu, soltando uma gargalhada logo em seguida, ótimo, além de tudo ainda é músico.

- Então quer dizer que abandonou a música pra usar roupa social?

- De forma alguma, eu toco bateria usando um terno. - brincou mais uma vez, agora me fazendo rir.

- Imagino que não seja muito confortável. - dei continuidade a brincadeira.

- Me sinto sem roupa na verdade, o terno já se tornou minha segunda pele. Mas me diga você, tem algum dom pra música?

- Quem tem mesmo é minha irmã, praticamente nasceu cantando, eu finjo que sei tocar baixo. - disse, diminuindo um pouco a história, já que a única coisa que eu faço nas horas vagas é ligar pra minha irmã, e enquanto ela canta sem parar eu toco meu baixo e fazemos uma bela dupla a distância.

- Um dia eu quero te ver tocar, tenho certeza que é bom. - neguei com a cabeça, muito envergonhado mais uma vez para o responder.

Ashton faz eu me sentir com meus quinze anos mais uma vez.

Lost Boy ** CASHTONOnde histórias criam vida. Descubra agora