04 A S H T O N

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Andamos em total silêncio até uma praça próxima a cafeteria, não sei dizer ao certo se era um silêncio confortável ou não, estava muito ocupado tentando manter meu surto apenas dentro de mim e não acabar parecendo um maluco escandaloso. Eu não quero assustar Calum, ele não me conhece, não quero que tenha uma péssima primeira impressão.

Sentamos na grama próximos às arvoras, Calum tinha um pequeno sorriso no rosto enquanto cortava o bolo, e é uma sensação sufocante o ver assim tão de perto.

- E então, o que você tem a dizer para esse estranho? - perguntei bebericando meu cappuccino. Eu não sei se estou exatamente preparado para ouvir, eu não sou o melhor cara em dar conselhos ou essas coisas, mas acho que sou um bom ouvinte, vou tentar me concentrar e realmente o ajudar de alguma forma e não só ficar o encarando com seu sorriso mais brilhante que o sol e ficar babando feito um idiota.

- Hmm, não sei exatamente por onde começar. - ele parecia envergonhado e não mais tão certo que queria me contar alguma coisa. - Eu tinha uma namorada... estávamos juntos por alguns anos... - Calum deu um longo suspiro enquanto eu sinto meu coração se despedaçar em milhares de pedacinhos, como se o coração partido fosse o meu, o que é de certa forma, já que eu sei que ele jamais vai me olhar e sentir o que eu sinto. - E ela não me ama mais, e é isso, ela simplesmente não me ama mais, eu não a odeio por isso, ela é uma ótima pessoa, mas me deixou. - ele sorria, mas não aquele sorriso que faz meu coração disparar, é um sorriso triste, assim como as lágrimas que escorrem pela sua bochecha. - O amor é uma droga. - ele disse fungando e nisso eu tenho que concordar. - Eu fui um idiota em pensar que seria pra sempre e que ela nunca se cansaria de mim, tipo... você já deu uma boa olhada em mim? Eu sou só o atendente de uma cafeteria sem nada a oferecer. - Eu me sinto triste por ele se sentir assim. - Eu só gostaria de saber quando foi que o sentimento dela acabou e o que eu fiz para que isso acontecesse. Será que fiquei tão alheio a tudo que eu não notei?

- Olha Calum, eu não sou o cara mais motivacional do mundo, mas se aconteceu assim é porque não era pra ser, ela não era a pessoa. - Eu juro que não estou dizendo isso porque cada célula do meu corpo que ser essa pessoa, eu só estou tentando ser legal. - Eu acredito em amores eternos, e até você encontrar esse amor todos os outros vão te machucar de alguma forma. - tentei lhe dar meu melhor sorriso.

Calum segurou minha mão, não entrelaçando nossos dedos, apenas um toque como forma de agradecimento e isso foi o suficiente pro meu coração dar piruetas dentro de mim.

- Você acha que alguém algum dia vai me amar de verdade? - ele perguntou se desmanchando em lágrimas e eu senti meu coração se apertar ainda mais, talvez amor seja uma palavra muito forte, mas por Deus, eu conquistaria o mundo inteiro só para dar a ele e o fazer sorrir.

- Cla-claro. Você é um cara legal, com muito a oferecer, não pense o contrário. - apertei levemente sua mão contra a minha e ele retribuiu o ato, enquanto secava suas lágrimas com a outra mão.

- Voce também é um cara legal Ashton, foi muito gentil comigo, caso ainda não tenha encontrado seu amor espero que o encontre. - ele disse fungando, soltando sua mão da minha para pegar um pedaço de bolo.

- Eu já o encontrei eu acho, mas acho que ele ainda não me encontrou. - falei baixinho, querendo tocar sua mão mais uma vez. Cara, é devastador falar sobre sentimentos dessa forma.

- Bom, se for uma pessoa esperta não vai deixar essa chance passar. - ele voltou a sorrir, um sorriso sincero e feliz, como quem tentasse a me encorajar a continuar, pobre rapaz, mal sabe ele a verdade.

Lost Boy ** CASHTONOnde histórias criam vida. Descubra agora