Destiny • Isulio

Capítulo 1 • Promovida

Quando se é uma simples assistente de galeria de arte, todos os dias parecem ser iguais. Nada de novo. Eu era uma mulher de vinte e quatro anos, com o sonho de exibir seus quadros um dia, mas nenhuma oportunidade a vista. É nesse momento que me vem a pergunta: onde está a menina cheia de planos e visão de futuro que fui um dia? Ela se deixou levar pelo ciclo da vida e de certa forma, parou de ter objetivos e apenas aceitou aquilo que lhe era entregue.

Ok, talvez eu esteja sendo um pouco dramática. Eu posso até não ter o cargo dos meus sonhos e morar em um apartamento pequeno no Brooklyn, mas acredito que um dia pode ser que as coisas melhorem. Eu não tenho nenhuma doença, tenho uma irmã amável e dois sobrinhos lindos, e não vejo problema algum no título "titia", não sou uma solteirona. Eu amo, ok? eu gosto da minha vida.

Gaby - minha irmã - vive me dizendo que devo aprender a me divertir mais. Ela acha inaceitável que em ple nos meus vinte e quatro anos, eu passe minhas noites de sexta feira em casa assistindo série com meu melhor moletom quentinho. E nesse exato momento, é mais uns dos sermões sobre isso que estou recebendo através da chamada de celular, enquanto organizo os quadros que serão expostos na galeria, detalhe: nenhum deles feito por mim.

-Fala sério Isabela, é sexta, eu com uma criança de sete anos e outra de cinco irei sair para me divertir, e você prefere ficar em casa? - revirei os olhos, já imaginando suas próximas palavras. - você é jovem. - falou a velha. - devia aproveitar melhor.

-Gaby, eu estou trabalhando, não posso falar agora. - me preparei para desligar, logo ouvindo seus gritos.

-não ouse...

-tchau, te amo. - estalei um beijo no microfone do aparelho, logo desligando o celular.

Após um suspiro longo, voltei a organizar as diversas telas de pintura. Distraída em meu trabalho, levei um susto no momento em que alguém tocou meu ombro, me fazendo dar um pulinho surpresa. Pessoas chegando de fininho? Por favor, colaborem com meu frágil coração.

-opa, desculpa. - Agustina riu. - eu vim avisar que o Rodrigo quer falar com você.

-o que? Sobre o que? - lá me vinha bomba.

-não faço ideia, mas ele estava bem sério.

-certo, é...- dei um olhada em volta. - você pode terminar isso aqui, por favor?

-sim, claro. - a morena sorriu. - e boa sorte.

-acha que vou precisar de sorte? - certo, agora sim eu estava com medo.

-é forma de falar . - ela riu.

-tá bom, obrigada.

Sai da pequena sala onde estava, seguindo em passos medrosos pelos corredores em direção ao escritório de Rodrigo, dono da galeria e meu chefe.

Adentrei a sala com um sorriso nos lábios, vendo o loiro sentado em sua tradicional cadeira giratória, juntamente a Julia, sua assistente pessoal e oficialmente a vaca ambulante de saia da galeria.

-Isabela Souza. - cantarolou ele, com um sorriso. - veja o que encontramos em uma das salas de pintura.

Meus olhos seguiram para a tela de pintura em uma canto da elegante sala, tela que eu havia pintado em um dia que me foi necessário fazer hora extra. O desenho seguia em diversos tons de azul e roxo, pintando uma galáxia onde os pontos de luz feitos com a tinta branca formavam as centenas de estrelas. Agora eu sabia o motivo pelo qual havia sido chamada. Me ferrei.

-me desculpem. - me apressei em dizer. - sei que não é permitido utilizar as telas da galeria e...

-Isabela, se acalme. - Rodrigo sorriu ainda mais. - não estou bravo.