CAPÍTULO QUARENTA

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Três anos se passaram desde aquela noite de horror vivida pelos adolescentes e ao contrário do tempo que havia passado exageradamente rápido, a dor permanecia ferindo o coração da jovem de cabelos áureos na mesma intensidade. Nos dias seguintes àquele momento, ela sentia-se perdida, desanimada e com a mente conturbada o suficiente ao ponto de não conseguir manter o próprio raciocínio em ordem.

Os pesadelos assombravam todas as suas noites de sono e consequentemente, a jovem acordava durante a madrugada em pânico e as lágrimas vinham à tona sobre as suas bochechas.

A mulher estava deitada de costas, respirando com esforço como se tivesse corrido durante muito tempo. Acordara de mais um sonho vívido, relembrando com pesar a morte de seu melhor amigo. Ela se sentou na beira da cama e levou as mãos ao encontro dos cantos de seu rosto, desabando a chorar silenciosamente.

Ouviu-se um som baixo de bocejo e Ellie viu James despertando por conta de seu choro. A jovem rapidamente engoliu as lágrimas e respirou fundo, pretendendo passar uma imagem de que não havia nada de errado com ela.

— Você está bem? — James se sentou na cama ao lado da namorada, apoiando a mão em seu ombro.

— Sim — ela mentiu, limpando as lágrimas de seu rosto com a manga da blusa. — Eu apenas estou sem sono.

— Pesadelos de novo?

— Como assim? — ela fingiu um desentendimento.

— Você sabe que é péssima em mentir e esconder as coisas de outras pessoas — ele disse, sério. — Eu escutei o seu choro nas noites passadas, mas você nunca quer conversar sobre isso.

— Porque não é nada demais — Ellie hesitou. Um soluço triste escapou de sua boca. — E eu não estava chorando.

— O soluço que eu acabei de ouvir foi obra da minha imaginação — ele ironizou, cruzando os braços.

— Pessoas soluçam a todo momento, James. Isso não é um sinal de choro — ela suspirou, impaciente. — Por que você não volta a dormir?

— Eu não vou voltar a dormir até que você me conte a verdade — James insistiu. — Você não confia em mim?

— Você acha mesmo que se eu não confiasse em você eu estaria aqui agora? — disse ela, olhando o quarto a sua volta.

— Você me respondeu com uma outra pergunta.

Ela respirou fundo.

— Eu confio em você — disse, calmamente. — Apenas não quero que você fique se preocupando à toa comigo.

— Eu não estou me preocupando à toa com você — ele franziu uma sobrancelha. — Você está passando por um momento difícil e eu quero te ajudar com isso.

As palavras do namorado fizeram com que ela se sentisse mais vulnerável aos pesadelos e voltasse a notar a presença de lágrimas se acumulando em seus olhos. Ela fechou os olhos e sentiu os braços de James a envolvendo em um abraço reconfortante.

— Eu nunca vou conseguir lidar com a minha culpa — ela soluçou, baixinho. — Já faz três anos e não tem um dia que eu consiga parar de chorar por causa daquele dia.

— Aquilo não aconteceu por sua culpa — James acariciou o cabelo da namorada.

— Eu poderia ter impedido que ela acabasse machucando ele — ela levantou o rosto e os seus olhos lacrimejantes encontraram a expressão preocupada de James. — Eu fui fraca.

FALLING - JAMES POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora