CAPÍTULO DEZENOVE

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Um soluço agudo esvaiu dos lábios da menina de cabelos áureos. Um pesadelo havia assombrado a sua noite de sono. Ela olhou para os dois lados da cama e sentiu um calor envolvendo a sua cintura. Quando se tocou da origem do calor, a voz em sua consciência exclamou como uma forte sirene dentro de seus devaneios.

Ela e James estavam dormindo abraçados.

— James, acorda — Ellie se mexeu no abraço.

Ela cutucou o braço do menino. Em um impulso dado por seu próprio corpo, Ellie se virou no abraço para permanecer diante do rosto de James, cutucando a ponta do nariz dele em uma tentativa de acordá-lo.

Ele resmungou.

— Eu pedi para você acordar.

— Já é hora de acordar? — as pálpebras dele vibraram.

— Não.

— Então, eu não vou acordar — James deixou um suspiro exausto escapar de sua boca.

— Se você não acordar, eu vou chutar você — Ellie respirou fundo.

— Estou acordado.

Ele abriu os olhos inchados e exaustos do dia anterior. Demorou cinco segundos para ter notado a posição em que estavam no momento, e Ellie concluiu tal fato por ter visto o arregalar de olhos de James.

A menina sentiu a respiração do garoto fisgar a pele de seu rosto e conteve um sorriso genuíno nos lábios.

— Por que estamos assim? — as sobrancelhas dele se uniram em uma careta.

— Eu não sei — Ellie contorceu os lábios. — Apenas me solta.

James se mexeu na cama, movendo o seu braço para junto de seu corpo. A menina se sentiu livre do aperto do abraço, mas o calor sumindo da área da cintura a deixou um tanto desolada.

— Foi por isso que você me acordou — ele quebrou o silêncio constrangedor. — Em minha defesa, eu sou sonâmbulo.

— Você ao menos sabe mesmo a definição de sonâmbulo?

— Não — James revirou os olhos. — Mas finjo que sim.

O silêncio preencheu novamente os cantos do dormitório masculino.

— Isso é constrangedor para você tanto quanto é para mim? — Ellie indagou.

— A palavra não é constrangedor — James pensou um pouco. — Eu definiria de outro jeito, mas é melhor deixar quieto.

A timidez ardeu no peito da menina da Lufa-lufa.

Ela sentou-se na cama com o apoio das mãos e passou as mesmas pelo cabelo despenteado. A timidez sumiu em poucos instantes, oferecendo espaço para o pânico que havia consumido os seus pensamentos durante o sono.

— Qual é o problema? — James perguntou, gentilmente. — Foi o meu abraço que te deixou desse jeito?

— Não — Ellie deu uma risada fraca com a dedução. — Eu gosto do seu abraço. Eu estou pensando no pesadelo que me acordou.

— Pode me contar o que aconteceu — ele disse, hesitante. — Se você quiser.

As memórias do pesadelo se refrescaram em seu cérebro. Ellie detestava passar pela experiência de ter pensamentos sombrios durante a noite e mais ainda, odiava o descontrole que possuía sobre a sua mente. Se pudesse escolher um superpoder exótico, definitivamente escolheria o poder de controlar o seu sono.

— Eu não sei bem como explicar o que aconteceu — ela começou. Os dedos fizeram traços em seu cabelo claro. — Era uma casa. E nós estávamos nela, eu, você, os meninos. Alguém entrou e começou a sussurrar em uma língua estranha e todos morreram ao ouvir aquilo.

FALLING - JAMES POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora