Não Desista!

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    _QUE RAIVA!_ Maya gritou quando chegaram a beira do Rio, ela olhou furiosa para o homem e se abaixou pegando a parte molhada da areia e jogando-a contra ele, o acertando em todas as vezes pois o mesmo nem ao menos recuava ou desviava dos ataques

   _Maya, o que houve?_ O anjo perguntava preocupado, não entendia como a garota havia ficado furiosa daquele jeito com ele apenas tentando salva-la daquele ato de insanidade

   Um punhado de areia molhada o acertou no rosto e o anjo virou a cara, tocou a face devagar para tirar a areia dali enquanto Maya o olhava assustada, o corpo da menina tremia receosa por talvez ter sido rude demais. Com um certo receio ela se aproximou do homem que agora a olhava, fez-se então um silencio entre os dois e o homem tentou sorrir de canto, tentou imitar o olhar amável que vez ou outra recebia da menina. Maya suspirou aliviada e se pertiu gargalhar enquanto olhava para ele tentando sorrir com o rosto sujo.

   _Sinto muito_ Ela o olhou sorridente e tocou-lhe as bochechas com as pontas do dedo para tentar limpar o restante, cansou e por fim acabou o puxando consigo para se aproximar do rio _Venha limpar seu rosto_Ela disse gentil

   _Maya, não tive intenção de te chatear, mas aquele não era um bom lugar_ O anjo ainda seguia incomodado com esse assunto e acabou dizendo por fim, se aproximou do rio e se abaixou pegando um pouco de água entre as mãos para depois lavar o rosto

   Maya se enfureceu ao lembrar do desastre que acabara de acontecer, bufou irritada e se aproximou dele o encarando, esperou o homem terminar de lavar o rosto e quando ele se levantou ela fez questão de chegar bem perto e com toda sua petulancia fez questão de apontar o dedo em seu rosto, para que este não desviasse de suas broncas e assim pudesse sentir toda sua irritação por todo apuro que ele havia colocado ambos.

   _Não os insulte desse jeito! Eles são a minha família nesse lugar!!_Gritou irritada e bufou olhando o homem de cima a baixo e então revirou os olhos se afastando, seu coração estava magoado, ressentida pela forma com a qual as coisas saíram

   _Vocês iriam matar uma menina inocente, Deus não se agrada com a morte de seus filhos_O anjo tentava dizer da forma mais calma possível enquanto se aproximava da menina

   _Deus?_Ela gargalhou debochadamente e o encarou_DEUS?!? Deus nunca fez NADA por mim!! O SEU Deus me tirou da minha cidade, da minha vida, tirou meus pais e minha irmã!!_A menina se enfureceu ainda mais e foi para cima do homem, apontando o dedo em seu rosto e bradando sua fúria, mas este se limitou a apaziguar as coisas

  _Maya_Ele começou a dizer mas logo foi interrompido pelas lágrimas da menina que agora abriam espaço para um choro compulsivo

   _Não! Você vai me ouvir agora!!_Ela gritou entre lágrimas e então o empurrou, mas o homem permaneceu no mesmo lugar a olhando_Onde estava o SEU Deus quando eu precisei de ajuda?!? Quando eu vendi meu corpo e minha alma!!!_A menina parecia transtornada, sua ira e mágoa se tornavam ainda mais intensa quando olhava o homem e este nada expressava _Aquela menina é como eu e tantas outras, sabemos nosso lugar, sabemos que sacrificios são necessários para um dia o nosso senhor poder nos dar nosso lugar de direito e morrer em nome de uma oferenda para ele é MUITO MELHOR QUE VIVER ANOS NA ESPERA QUE O SEU DEUS NOS ATENDA!!!_Ela gritava e agora perto do anjo começava a lhe dar alguns socos no peito, seu coração parecia ser rasgado em cada lembrança que passava em sua mente

Toda a dor em seu peito agora parecia transbordar, todos os anos de sua juventude se deitando com homens estranhos em troca de algumas poucas moedas para se alimentar e um abrigo, lembrava-se de quando seu pai fora assassinado e a irmã vendida como escrava para os reis daquele deserto. Maya estava consumida em ódio e rancor que serviam de combustivel para que ela tirasse todos de perto do tal Deus dos anjos que só fazia garotas como ela e suas companheiras sofrerem, para Maya esse Deus era o Deus dos poderosos, dos que tem dinheiro, dos homens ricos e influentes, dos soldados do reino e principalmente dos canalhas casados que deitavam com ela, fazendo sujeira em sua alma e em seu coração, isso o anjo nunca entenderia, o que ele sabia da vida entre os homens afinal? Não era ele que continuava acordando vendo todo o sangue na água, não era ele quem não tinha recursos e precisava curar os seus com as poucas ervas que achava na beira do rio e ainda temia ser morta por ser chamada de maligna. 

AzazelOnde histórias criam vida. Descubra agora