A Cruz no Calvário

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Dois dos cinco homens seguraram Maya e a arrastaram para fora do lugar, ela gritava e se debatia, chamava o anjo pelo nome de Lucas ao qual ele usara em sua última descida a terra, clamava para que ele se levantasse e mostrasse algum sinal de que estava bem e poderia fugir, o anjo por sua vez apenas sentia a cabeça girar e o corpo doer, sua respiração ficava cada vez mais difícil e ele continuava sua oração, pedindo para que seu pai o levantasse e o tirasse daquele lugar, o ajudasse a ter forças para buscar Maya que com tristeza o anjo viu ser levada para fora e junto dela irem todos os homens. Seu corpo tremia e o coração acelerado apertava o peito temendo a morte da menina, não sabia o que o homem da adaga queria mas por ter matado a menina do quarto de Maya com certeza o anjo já tinha uma certa ideia.

O anjo juntou toda a força que lhe restara para poder se levantar, sentia a cabeça girar mas dizia várias vezes para si mesmo que precisava resgatar Maya, ele precisava busca-la, levar ela para longe, para um lugar seguro onde ele pudesse lhe dar uma nova vida, para que ela não tivesse mais que chorar com o medo do que poderiam os homens fazer com ela, um lugar doce e um mundo de esperança onde ela não precisava temer por sua vida ao pisar na rua e seria livre para fazer o que bem desejar, um lugar que ele lhe daria uma horta, para ela cultivar tudo e deixar a terra brilhar com o doce toque de seus dedos talentosos que habilmente haviam tocado o coração do anjo e lhe mostrado o amor humano. Lucas gruniu ao se levantar e escorou-se na parede implorando para que seu corpo humano não falhasse naquele momento, ele precisava ir atrás dela, seu coração lhe pedia isso mais do que pedia o ar para respirar, ele sentiu o corpo queimar ainda mais e com um grito de dor e ódio ele finalmente se colocou de pé sem apoio, dando longas respiradas profundas, sentindo a carne dolorida se contrair para mante-lo firme ao chão, após alguns segundos de agonia ele se dirigiu até a porta, o anjo ia o mais rápido que podia, tentava invocar seu poder aos poucos, tentava puxar toda sua energia celestial para que de alguma forma ele pudesse afastar todos aqueles homens de Maya.

_MAYA!!!_ Lucas gritava por sua amada, andava pelo lugar procurando algum vestigio dela, qualquer coisa que lhe mostrasse por onde os homens foram, ele sabia que ainda não era tarde e que ele ainda conseguiria resgata-la.

Seu coração doia de tão forte que batia e ele não conseguia se concentrar em ouvir sua intuição celestial, não conseguia se direcionar, vozes gritavam em sua cabeça para ele ir embora pois tudo aquilo era culpa dele, mas aquelas vozes não eram de sua mente, eram de outro lugar, eram mentiras malditas que assim como os homens estavam tentando afasta-lo de seu grande amor. Ele chamou mais pela garota e então ouviu o grito dela o chamando de volta, o anjo correu com a força de sua dor para a direção em que ouviu ela lhe chamar, ali ele encontrou uma bifurcação e antes de se desesperar de novo ele viu o sapato da garota em uma das entradas, seguiu por ela e adiante quando encontrou outra bifurcação, ele viu o outro par do sapato e teve certeza de que Maya estava marcando o caminho para ele seguir, agradeceu aos céus por Maya ser uma mulher brilhante e a esperança tomou mais lugar em seu peito pois ele a salvaria. Lucas se encheu com toda essa força da esperança e correu mais ainda até que ouviu um grande barulho de gritos de uma multidão e ao virar uma esquina ele pôde ver algo que jamais esqueceria de sua mente.

O anjo se arrepiou ao ver que aquelas dezenas de pessoas, ou talvez até umas centenas, estavam de frente para um enorme palco de madeira, no topo dele haviam lugares para enforcar pessoas e alguns homens estavam sendo colocados ali, suas cabeças eram passadas em cordas e a multidão gritava tanto que o anjo não conseguia entender nada do que era dito. Lucas se irritou ao perceber que talvez os homens tivessem usado aquele caminho para despista-lo, afinal, naquela multidão ele não poderia ouvir a voz de Maya caso ela o chamasse e nem seria capaz de ser ouvido por sua amada sem causar um enorme alvoroço, ele corria entre as pessoas tentando ouvir Maya, sua força voltava aos poucos e ele logo conseguia superar a dor lasciva de seus músculos graças a adrenalina que percorria seu corpo em cada passo, mas ele temia não ser prudente usar sua espada ali contra inocentes, isso limitaria um pouco suas defesas.

AzazelOnde histórias criam vida. Descubra agora