HUGO

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Bom, como já dizia, me chamo Hugo, há aproximadamente dois meses atrás estava me dirigindo para aula de Engenharia Civil na UFC, Universidade Federal de Cirandópolis, cidade em que nasci, a faculdade não tem nada haver com artes mistas, mas as siglas deram um entendimento engraçado para tal instituição.

Quanto a Cirandópolis, a única coisa que possa falar é uma frase, "pequena porem desenvolvida", podemos não ocupar um bom espaço geográfica sendo uma cidade litorânea rodeada por muralhas naturais, mas possuímos um grande pico em desenvolvimento econômico, com inúmeras empresas, indústrias e fundações comerciais, além da alta taxa de exportação devida nossos portos gigantescos e ao nosso aeroporto frente ao mar, porém percebam, eu disse "desenvolvida" e não "evoluída".

A cidade crescia notavelmente com o passar dos anos, porém a população parece ter mantido a cabeça erguida em relação aos demais, os mais ricos da cidade faziam questão de nos ignorar como se fossemos animais, e pior que o descaso com a pobreza era o preconceito estabelecido entre nossos habitantes, filho de uma família trabalhadora e preta, se tornar um fantasma passou a ser parte comum da minha infância, as pessoas praticamente se afastavam subitamente, talvez temessem que eu fosse rouba-los ou qualquer babaquice de gente fechada, eu poderia me deixar abalar por isso, mas foi a minha família que me fez levantar e seguir em frente.

Minha velha era muito guerreira, passava pouco tempo em casa devido o trabalho intenso, ela se esforçava demais e tudo só se aglomerou após o acontecimento com meu pai, ela sempre nos guiou nos estudos, nos ensinou a como construir nosso rumo para o futuro, a encontrar uma profissão qual não encararíamos como uma obrigação, mas como uma parte boa da nossas vidas, minha mãe era um verdadeiro exemplo a ser seguido, e seguir seus passos era exatamente o que eu faria.

Enfrentei o ensino médio e seus boyzinhos, ostentando seus all-stars rebeldes e seus celulares de ultima geração, mal ligava para suas babaquices e passei facilmente entre os melhores da minha turma, eu finalmente seria uma parte importante desta cidade, meu nome estaria escrito por todos os edifícios e construções e especialmente, poderia dar para minha mãe seu devido descanso.

Agora que vocês sabem mais sobre a minha historia, esta na hora de voltarmos ao inicio desta história, a poucos passos chegava na minha sala, ela ainda estava vazia, a única viva alma dentro daquela sala me recebeu logo da carteira em que se encontrava:

- FALA SEU ARROMBADO. - o xingamento logo foi acompanhado de uma risada.

- Como assim? Não sabia que merda falava? - respondi a altura.

- Essa merda aqui é autodidata. - disse se levantando para um abraço - Eai rapaz, tudo firme?

- Porra de "rapaz" o que Rafael? Tá parecendo meu pai. - disse rindo.

- Eu meio que sou seu pai, só não peguei sua mãe.

- Corta essa mano, sei me virar muito bem.

- Eu sei disso, mas te ver puto da cara é bom também.

Esse cidadão escroto que vocês conheceram agora se chama Rafael Couto, ou Rafa Cara de Cu, ou Rafael Bastardo, os nomes acabam mudando a medida que os anos se passam, já o conhecia antes mesmo de estudar em uma escola mas foi logo em uma que acabamos por consolidar nossa amizade, não começamos com o pé direito, muito menos em meio a uma conversa casual, como qualquer pessoa civilizada, tudo aconteceu durante a prova de química.

Eu fiquei com um zero bem redondo e ele com um oito bem saudável, eu estava em choque mas ele se apresentou ao professor para relatar o erro, lembro muito bem que ele disse que poderia tirar muito mais que oito e quando lhe mostrei seu resultado trocado, quase que vomitou na prova toda, desde então viramos grandes parceiros, ele sempre teve esse jeito de guarda-costas mas se segurava para não parecer o "super" protetor:

Eu, Meu Amigo e a Russa do IntercâmbioOnde histórias criam vida. Descubra agora