HUGO

10 1 0
                                    

3

A aula foi dureza mas como já estava psicologicamente preparado fui apenas absorvendo toda a matéria enquanto observava os demais alunos se corroerem por dentro, o professor que já vinha todo irritado saiu satisfeito com o tormento que passou nesse inicio de semestre.

Sai da sala e fui direto para o apartamento do Rafael, uma vez me prometera um auxilio e logo hoje me veio à cabeça cobra-lo tal ajuda, percorro os corredores do velho prédio em que minhas aulas aconteciam para então encontrar a saída, o prédio que os alunos usavam como suas moradias temporárias ficava cerca de algumas quadras da universidade, o local não fazia parte das dependências da instituição então os estudantes se tornavam animais em seus corredores, falo isso pois a pessoa mais normal que conheço por lá é justamente o Rafael.

Procuro usar o elevador mas tinha um casalzinho se pegando em frente aos botões, espero eles subirem para enfim chegar até meu destino:

- Ô irmãozinho? - disse o maluco - Me empresta uma capa ai?

Sem cruzar os olhos retiro da carteira a "Confiável", famosa camisinha de apoio imediato, sempre colocava uma na carteira quando visitava um posto de saúde ou hospital, desta vez tinha recebido está durante uma palestra sobre orientação sexual:

- Tá ai irmão, - Passo o pacotinho salva-vidas para ele - e nem precisava devolver.

- Valeuuu... - ele mal termina sua frase e é arrastado pelo corredor graças a sua acompanhante.

- Boas festas - digo antes de fechar a porta de proteção do elevador - ótimo, agora preciso de outra confiável.

No meu andar as portas se abrem e finalmente posso chegar ao quarto do Rafael, me dirigindo entre a multidão nos corredores me localizo frente à sua porta, nela existia uma placa que marcava com letras bem grandes "Diga a Senha ou Cai Fora", mando um foda-se e puxo com cuidado o tapete que repousava para limpeza dos pés, lá se encontrava a chave reserva que apenas nós, verdadeiros amigos, sabíamos sua existência.

Atravesso o buraco da fechadura e adentro o mundinho que ele adora chamar de "Reino da Roupa Suja", realmente este cômodo cheirava um pouco de chulé mas isso nunca o incomodou:

- Acorda vagabundo. - Ele caga para mim.

- ACOOORDA - Nem se mexeu, o que significa que o único jeito de acorda-lo agora seria com um fudendo tapa.

- Calma aê porra, já acordei, já acordei... - dizia se levantando, com a mão à coçar o olho que ainda permanecia fechado.

- Nem te relei dessa vez, você estava fingindo?

- Nope, mas esses seus tapas acumulam até vácuo no espaço-tempo.

- Enfim, se lembra daquele favor que me prometeu?

- Da vez em que fiquei bêbado na sua casa e você me deixou dormir lá?

- Só isso?

- Bem... - disse ele passando a mão no rosto envergonhado - e também da limpeza que você fez sozinho depois que vomitei no seu quarto, é isso?

- Perfeito, é exatamente deste favor que estou falando, - junto minhas mãos como um vilão dos anos 90 - eu preciso cobra-lo agora?

- O que posso fazer por você cara? Ajuda nos estudos? Carteira de motorista falsificada?

- Primeiro você nem sabe nada de Engenharia Civil então não me ajudaria em porra nenhuma. Segundo, carteira de motorista falsificada, tá tirando uma comigo?

- Ficaria surpreso.

- Bizarro, - encaro por dois segundos esperando um sinal de piada, não percebo nada - eu preciso de uma ajuda com... uma garota.

Eu, Meu Amigo e a Russa do IntercâmbioOnde histórias criam vida. Descubra agora