RAFAEL

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Depois de deixarmos o Hugo em seu quarto, que a essa altura deveria estar pensando em uma forma de contornar essa situação infeliz, eu e Annya nos retiravamos até a saída da universidade, ela parecia mais feliz que o tradicional, o que me causava enorme preocupação mas não o suficiente para questiona-la.

Saindo pelas catracas percebemos que as ruas estavam completamente vazias, a única presença de vida que pertencia à paisagem era seu super carro que estalava aos poucos durante o resfriamento do motor:

- Vou saindo antes que nos meta em outra enrrascada. - ela brinca e aperta a chave para o desbloqueio das portas.

- Até parece, - eu começo a andar em direção ao meu prédio - Ja está passando da meia noite, as oportunidades de fazer merda já acabaram.

- Sabe, você é frio como um pedaço de gelo Rafael, - ela abre a porta do carro e se mantém do lado de fora - mas hoje deu para ver que você tem um coração bem grande.

- O Que? - Mal me virei e seu carro já dava um cavalinho de pau e seguia para longe, talvez fosse visitar Camila em uma noite aconchegante como essa, que bom para ela, assim me preocupo menos em arrumar problemas envolvendo minha saúde sexual ... merda que eu tô falando? Devo estar confuso ou algo do tipo ... ou talvez seja por que já estou andando faz minutos e só agora percebi passos, alguém estava se aproximando pelas minhas costas, num salto e olho para trás em pose de ataque:

- Sério? - Beatriz surge com uma cara de cu - Eu te salvo de uma surra e quando apareço para te ver novamente tu já vem na porrada?

- Caramba, se aproxime de uma forma menos sorrateira da próxima, - me recupero do susto - o que você planejava fazer ao se aproximar de forma tão silenciosa?

- Ah... você sabe, eu tamparia seus olhos como aqueles clichês de livros românticos.

- É madrugada, exatamente 00:37, no máximo eu pensaria ser um assaltante ou pior.

- E o assaltante quer te comer agora?

- Você quer? - eu começo a rir observando a sua expressão sem graça, mas no fundo ela mantinha aquele sorriso malicioso.

- Eu não pensei bem quando falei isso, - ela recupera a pose de sabichona - mas tenho uma oportunidade para você.

- Não vem me arrumar confusão, - volto a seguir meu rumo - hoje foi um saco.

- Mas só faz meia hora que hoje começou?

- Cala essa boca.

- Não, sério Rafa, - ela me segura pela mão - eu preciso da sua ajuda e sei que você vai querer participar disso.

Respiro fundo e escuto seu plano, no final das contas seria bem simples de se fazer e mesmo com a cabeça cheia e os hematomas a flor da pele eu resolvo ajudá-la, para pelo menos aliviar a raiva dos magnatas de ontem.

Seu plano, bem... a gangue de boyzinhos de escritório que me atacaram pelas costas, quase me matando, estavam dando uma festa cabulosa e parece que a da amiga da Triz, aquela que não se deve ser chamada, relatou que um deles havia passado dos limites e acabou ligando para Triz pedindo ajuda, alegando principalmente uma tentativa nojenta de abuso.

  Esses vermes poderiam até acabar presos com uma denuncia bem colocada mas a lei passaria a mão em suas cabeças santificadas, o que eles realmente precisavam eram da boa e velha justiça das ruas para ai então as sirenes soarem.

Por volta de 01h30 da manhã chegamos na tal festa, era uma casa grande com muitos carros parados, do lado de fora uma garota chorava próxima a uma boca de lobo:

Eu, Meu Amigo e a Russa do IntercâmbioOnde histórias criam vida. Descubra agora