ANNYA

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Seria esta uma manhã perfeita? Talvez, se essa dor de cabeça não tivesse me atingido feito um caminhão desgovernado, admito que a noite passada foi uma das mais intensas que já passei pelas terras tupiniquins, mas tenho de admitir que teve seus momentos felizes para uma catástrofe completa.

Lutando para enxergar algo com os olhos dopados pela ressaca observo que a Camila já parecia estar acordada e completamente assustada, só mensagens.

"O q houve aqui?"

"Todo mundo me deixou aqui e se mandou?"

"Que dia é hoje?"

Retribuo com um bom dia fofíssimo e espero aquela sua reação afobada.

Instantaneamente observo as horas no topo do celular e percebo que já era bem tarde, não que eu estava atrasada ou preocupada com isso, mas teria que correr para conseguir colocar o papo em dia com minha cara Verônica.

Agora vestida e quase desperta, me encontro descendo o elevador do apartamento das garotas, local que recebeu este nome não oficial por minha pessoa, visto que a maioria das minhas amigas vivem por aqui, chegando ao solo já encontro com Kiyoko, ela me vê e logo se aproxima com passinhos curtos e uma expressão frustrada:

- Cara, aquele seu amigo era muito tosco, você tem certeza que ele queria algo comigo? - ela da uma breve pausa para se despedir das amigas e volta para nossa conversa.

- Devagar, devagar... Bom dia.

- Ah, claro, Bom dia - ela percebe minha ressaca - Melancia podia te ajudar, sabia?

- Oh minha doutora, acho que meu plano de saúde não cobre essas consultas rápidas...

- Certo, - ela ri baixinho respeitando minha enxaqueca - mas sério, não me apresente mais nenhum maluco para esses encontros, imagina o que ele ingeriu para ficar naquela situação? E por que ele faria uma coisa daquelas?

- Sei lá, eu diria "Por quem?" - pego um café de uma máquina expresso próxima – Acredite amiga, ele sem querer bancou o nóia, brigou mesmo debilitado e ainda por cima foi visitar até a própria mãe por você.

- Então agora a culpa é minha? - Kiyoko cruza os braços irritada - Eu não queria causar aquela guerra no clube ou então ... Acha mesmo que foi tudo por minha causa?

- Linda, Linda, - desfaço o nó firme de seus braços - não esquenta, nem era para ele ficar daquele jeito ontem de noite, ele foi "dopado" e bem... a gente perde o controle de si quando fica numa situação daquelas.

- Eu percebi, fiz um exame rápido nele ontem, sem falar que aquele rapaz esquisito havia falado algo sobre "droga-lo" antes daquele alvoroço começar.

- Isso mesmo, ele não faz o tipo "chapado a todo custo", ele é um dos poucos rapazes dessa faculdade em que realmente posso confiar, ele sempre te escuta, sempre se preocupa, é um bom partido... Mas seu coração esta longe de se apegar mim, - aponto para ela com a colher do café fazendo lentos círculos em volta de seu rosto corado - no momento, ele está totalmente focado em você.

- Jura, digo... Ele me pareceu alguém interessante em meio a todos aqueles malucos de ontem, mas... - ela fica um pouco pensativa e enfim sorri, esbanjando um certo ar de curiosidade.

Após a "motivação", Kiyoko se retira com o rosto abaixado, tentando esconder um sorriso gigantesco, podendo ser avistado até por de trás da sua cabeça, seguindo seus passos acabo me encontrando na entrada principal do prédio, sentindo o sol quase me derreter numa poça de leite, sorte que tenho meus óculos de sol e o protetor solar para o corpinho, meu cabelo desarrumado já fazia as nojentas falarem pelas minhas costas, mas que se foda, é só isso que essas cobras sabem fazer.

Eu, Meu Amigo e a Russa do IntercâmbioOnde histórias criam vida. Descubra agora