Tonick || Unsure

>52<

Pov Nick:

Eu morri. 

Bom, eu acho que morri.

É normal sua mente ainda trabalhar mesmo depois de morto?

Me lembro de um filme que assisti, onde diz que ainda temos 7 minutos de consciência antes de morrer por completo.

Por isso matam zumbis com um tiro na cabeça.

Será que eu sou um zumbi?

Posso ouvir um zumbido no meu lado esquerdo, meu coração parece voltar a bater totalmente acelerado. Sinto os músculos do meu corpo voltarem a ganhar sangue. Consigo respirar, não tem nada doendo.

O que a Sophie fez comigo?

Sinto uma ardência nos olhos, que com dificuldade consigo abri-los. A primeira coisa que vejo é a forte luz sobre meu rosto, merda isso dói.

Minhas mãos estão conectadas por um fio transparente, onde um líquido avermelhado passa, ao lado ouço uma máquina apitar. Acho que estou no hospital. Tento me levantar, mas sem sucesso, minhas pernas fraquejam como se estivessem presas ao colchão.

Posso ver um médico perto da porta.

Não consigo chamar sua atenção.

-Eu lamento mas é tudo que podemos fazer. Essa é a última semana dele, se nada acontecer teremos que desligar os aparelhos. Sinto muito.- ouço-o dizer

Agora existe um grito abafado na minha garganta. Quero que olhem para mim, vejam que estou vivo. Alguém pode me ouvir? Eu preciso de ajuda.

-Você não pode fazer isso!- alguém grita irritado contra o médico, meu pai

-P-pai...- consigo sussurrar enfim

Para minha surpresa eles me encaram. O doutor de meia idade, meu pai e a figura feminina que demorei para reconhecer correm na minha direção com os olhos totalmente abertos de surpresa.

-Meu filho!- começo a chorar quando seu perfume doce adentra minhas narinas

-Mamãe...- posso sentir meu ombro molhar com suas lágrimas- Como? Você não tinha morrido? Eu...eu não acredito que você está aqui mãe.

Eles me encaram confusos, o que eu disse de errado?

-Por que ele não lembra doutor?- questiona meu pai, visivelmente mais nervoso do que eu

-Isso é normal, por conta do estado clínico de Nick é comum a perda de memória.

-Do que vocês estão falando? Como assim eu perdi a memória?- vejo algumas enfermeiras entrarem no quarto, vindo na minha direção

-Precisamos fazer alguns examos ok? Depois te contamos tudo o que aconteceu.

Mesmo não tendo muita opção, concordei. Meus pais foram levados para fora no momento que amarram meu braço com um elástico.

Devem ter tirado bons litros de sangue do meu corpo quando terminaram. Caío cansado sobre o travesseiro atrás de mim logo após medirem pela segunda vez minha pressão.

Me perco pensando quem são essas pessoas por trás das cortinas verdes. Como minha mãe pode estar viva sendo que eu a vi morrer. E como o cabelo de meu pai está menos grisalho do que dá última vez que o vi.

Meu corpo não dói quando o toco. Não é assim que funciona, certo? Quando se leva um tiro.

Esqueço um pouco desses pensamentos ao ouvir as rodinhas barulhentas vindo pela porta. Uma enfermeira morena coloca um prato fundo de sopa na minha frente e sai em seguida.