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[Quatro meses depois]

Pov Nick:

-...nesse final de semana a previsão será de pequenas pancadas de chuva em toda cidade, tendo a mínima de 19°C...

Tiro minha atenção do jornal e volto a comer minha tigela de cereal. Vejo meu pai entrar apressado pela porta com uma caixa em mãos, me dando um beijo na testa quando passa.

Pay vem devagar, se aconchegando para se sentar sobre meu colo, esfregando sua cabeça sobre minha blusa na intenção de ganhar um carinho.

-Bom dia querido, como está?- ouço minha mãe mais ao fundo, faço um sinal de mais ou menos com a mão pelo fato de estar comendo

-Bom dia Nick.- sorrio para Noah, que desce as escadas vestindo a camisa- O que disseram?

-Vai chover.- responder ao mesmo depois de engolir

-Será que eles vão conseguir chegar a tempo?

Dou de ombros enquanto acaricio os pêlos finos e macios de Pay, propositalmente evitando o contato visual com o moreno ao lado.

Noah vem se tornando um bom companheiro esses tempos, bem mais do que idealizei em minha cabeça. No geral, ele sempre fica comigo. Quando não saio o mesmo se propõe a ficar; Quando não durmo ele fica acordado comigo, me entretendo de alguma maneira.

Ele tem medo que algo volte a acontecer.

Porque talvez a culpa seja mais forte que o arrependimento.

Mas por um lado, eu mais do que ninguém o entendo. Passar quatro meses se remoendo pela dor de não ser o suficiente, não ser forte o bastante para trazer meus amigos de volta é doentio e sufocante.

É apenas a verdade batendo a porta.

Tentei convencer meus pais a me deixarem de fora da ceia de Natal, porém minhas tentativas foram em vão. Eles seguem a risca as orientações de Quinton sobre me manterem por perto, e me distrairem de tudo relacionado ao trauma.

Uma vez cheguei a gritar com os mesmos.

Eu só queria visitar os meninos. Ver se seus corações ainda batem.

O silêncio por trás das meias informações me deixa desesperado. Sempre me sinto por fora, como se eles escondessem algo de mim.

Quase me assusto com o pulo que Pay acaba de dar do meu colo. O barulho do telefone ecoa pela casa por cima das músicas natalinas, chamando minha atenção.

-Deixa que eu atendo!- minha mãe grita do corredor ao perceber minha tentativa de levantar- Deve ser a Marta.

Ah sim. Os Lopez virão passar o feriado conosco. Nossa família se tornou bons amigos deles, o que nos ajudou bastante a suportar um pouco as coisas.

Pelo menos vou poder ver Xav mais uma vez antes de se mudar de volta para Vegas. Sua esposa quer que Peter nasça na cidade natal.

Perdendo totalmente a fome, repouso minha tigela sobre a mesa de centro. Tento me manter confortável sobre o sofá enquanto vejo Noah escolher um canal de desenhos.

Uma onda de tristeza invade meu corpo quase imediatamente. Eram os preferidos dele...

Começo a vagar pela sala com o olhar, não gosto de incomodar ninguém com minhas crises de choro assim que penso em Tony. Mesmo sendo inevitável a maioria das vezes.

Tonick || UnsureOnde histórias criam vida. Descubra agora