Cultura e ideologia

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Como sabemos toda a produção humana material ou imaterial reflete a identidade de um povo; sobretudo com o tempo, percebe-se que a produção artística-cultural também é importante no contexto histórico, econômico e social no qual os grupos estão inseridos.

Daí identificamos três tipos de manifestações de cultura nesse aspecto artístico-cultural.

CULTURA ERUDITA

A cultura erudita, também chamada de cultura-valor é construída por uma elite, aliás, também é chamada de cultura de elite, uma vanguarda cultural, que, pela leitura, consegue elaborar, construir um conjunto de práticas adquiridas no espaço acadêmico, e é formada por uma elite intelectual, pelo pensamento adquirido através do pensamento científico. Está presente e é vivenciada nos museus, nas exposições de arte e através de uma postura crítica diante de manifestações culturais de elite, uma elite cultural, que se expressa através dos críticos de arte, pesquisadores, por exemplo.

CULTURA POPULAR

A cultura popular, também chamada de “alma coletiva” está intimamente ligada à manifestação e à criação genuína do povo. É algo que é produzido pelo povo e para o povo. Nasce das questões rotineiras, desde a música até a arte enraizada no povo, que cria uma identidade, portanto, com a origem daquele povo específico. No Brasil, por exemplo, o artista popular não se preocupa com a repercussão de seu trabalho, de sua arte, mas sim com a eficiência dele (o trabalho – a arte em si). Enquanto expressão de uma realidade, de uma história. A arte popular conta a vivência, o cotidiano, ainda que essas manifestações passem ao longo do tempo a se internacionalizarem e a serem comercializadas, mas essa seria só uma maneira de não deixá-la morrer de fato.

Por exemplo, como manifestação de cultura popular nós temos o carnaval, que, por sua vez, enquanto palavra, não é genuinamente brasileiro, mas assumiu o posto de símbolo nacional dentro e fora do país.

Historicamente, o carnaval teve início nos cultos agrários da Grécia, de 605 a 527 a.C. Com o surgimento da agricultura, os homens passaram a comemorar a fertilidade e produtividade do solo. O primeiro foco de concentração carnavalesca se localizava no Egito. A festa era nada mais que dança e cantoria em volta de fogueiras. Os foliões usavam máscaras e disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais. Depois, a tradição se espalhou por Grécia e Roma, entre os séculos VII a.C. e VI. A separação da sociedade em classes fazia com que houvesse a necessidade de válvulas de escape. É nessa época que sexo e bebidas se fazem presentes na festa.

Em seguida, o carnaval chega em Veneza para, então, se espalhar pelo mundo. Diz-se que foi lá que a festa tomou as características atuais: máscaras, fantasias, carros alegóricos, desfiles. O carnaval brasileiro surge em 1723, com a chegada de portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. A principal diversão dos foliões era jogar água nos outros. O primeiro registro de baile é de 1840, em 1855, surgiram os primeiros grandes clubes carnavalescos, precursores das atuais escolas de samba. No início do século XX, já havia diversos cordões e blocos, que desfilavam pela cidade durante o carnaval. A primeira escola de samba foi fundada em 1928, no bairro do Estácio, e se chamava “Deixa Falar”. A partir de então, outras foram surgindo até chegarmos à grande festa que vemos hoje.

Analisando todas essas informações, podemos concluir que o carnaval não é brasileiro, suas origens remontam há séculos, bem antes de o Brasil ter sido “descoberto” pelos portugueses. Porém, o tipo de carnaval produzido aqui é diferente de tudo aquilo antes vivenciado em outros espaços e tempos, e até mesmo aqui já foi genuinamente popular.

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