O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO
A formação cultural do Brasil se deu basicamente por três matrizes culturais: a do negro (africano), a do europeu (predominantemente o português) e a indígena. Por cada uma delas, se pudéssemos avaliar, chegaríamos à ideia de que ainda existem as “dissidências”, ou melhor, particularidades que mereceriam ser avaliadas em seus específicos símbolos e ritos.
Porém, se tomarmos como base cultural as três e se entendermos que através de um processo histórico todo, próprio do Brasil, de miscigenação e contato entre as três matrizes, chegaremos a um denominador comum não muito simples nem fechado: no Brasil ocorre o fenômeno do multiculturalismo.
Desta forma, podemos ter um breve entendimento sobre o quão complexo foi e ainda é o do nossa formação e do chamado povo brasileiro. Buscaremos refletir sobre os principais pontos de autores que lançaram seus esforços com o objetivo de compreender e explicar esse rebuscado processo de construção de nação.
A QUESTÃO RACIAL EM FOCO
Não é possível falar em Brasil sem levar em consideração todos os debates e conflitos que envolvem a ideia de “raça”. Como já discutimos, raça é uma noção problemática cuja construção é cercada de visões de superioridade e inferioridade de uma “raça” em relação às demais e no Brasil essa discussão foi decisiva para nosso pensamento social.
A QUESTÃO INDÍGENA
No contexto da miscigenação e do multiculturalismo, é importante lembrar Darcy Ribeiro (1922 – 1997). Esse pensador afirma que o Brasil se constituía numa rede de significados, códigos e nomes antes do colonizador. As organizações e matrizes indígenas se davam por aspectos linguísticos, configurando uma diversidade de etnias, os chamados “Brasis”. Os povos que mais tiveram contato com os colonizadores foram os tupinambás. Os costumes antropofágicos ligados aos rituais de guerra e à espiritualidade exibiam um “Código de Ética” em relação ao inimigo.
Além disso, dentro da organização sociocultural de muitos desses povos, o temperamento alegre, festivo e caloroso estava presente na celebração tanto de fenômenos da própria natureza quanto da organização e das relações entre os que compartilhavam dessa matriz. Essas palavras nos apresentam algo fundamental e, por vezes, negligenciado: a riqueza, a complexidade e, principalmente, a diversidade existentes entre os povos indígenas que habitaram e ainda habitam o território que é hoje conhecido como Brasil.
E QUEM SÃO OS INDÍGENAS?
Tendo em vista a complexidade e diversidade entre os
povos indígenas, como entender ou definir o “indígena”. Quais características culturais e históricas constroem essa identidade? O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, profundo estudioso dos povos e história indígena, afirma que o índio é um membro de uma comunidade indígena que é reconhecido por ela como tal e a “comunidade indígena” é aquela comunidade baseada na relação de parentesco e vizinhança entre seus membros que possuem laços históricos e culturais com as comunidades e organizações indígenas pré-colombianas.Dentro da esfera institucional, temos a definição do Estatuto do Índio (Lei 6001/1973) que diz: “Índio é todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional.”
Dessa forma, na reflexão dentro do espaço acadêmico ou no Estado, temos o entendimento que a identidade indígena é construída a partir de um processo de diferenciação em relação à sociedade branca. Constitui-se, então, uma iniciativa de afirmação e propagação de traços culturais, línguas, raízes históricas e modos de ser específicos dos indígenas, sendo esses complexos e diversos dentro dessa vasta noção de “povos indígenas”.
- Raoni Metuktire, da etnia caiapó, um dos mais conhecidos líderes da causa indígena.
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TEMAS SOCIOLÓGICOS
RandomNesse livro trarei temas sobre como a sociologia nos ajuda a perceber e refletir a sociedade em que vivemos através de conceitos e ferramentas teóricas que nos dão autonomia de reflexão.