Um dos sociólogos mais importantes que se preocuparam em estudar as sociedades de classes, foi o alemão Karl Marx, que ao longo do século XIX observou as revoluções burguesas com maestria e criou uma complexa teoria para explicar todo o processo que foi alterado.
Marx observa a sociedade capitalista em evolução na século XIX e critica o ideário de igualdade promulgado por setores com maior poder econômico, em sua obra busca demonstrar como a sociedade capitalista não possibilita real condição de melhora para determinados setores da sociedade. O autor alemão realiza uma divisão em duas classes sociais existentes naquele contexto histórico, aqueles que detêm controle dos meios de produção (burguesia) e aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de uma remuneração (proletariado), assim então, Marx inicia o desenvolvimento do seu conceito de “luta de classes”, já que a burguesia vai constantemente se apropriar do trabalho do proletariado, pagando uma remuneração que não é condizente com a riqueza produzida.
A “luta de classes” para Karl Marx é um dos motores da história, já que alteram a realidade social desde sempre, no contexto temporal abordado pelo autor deve-se observar que a divisão das classes se dá pela posição que cada indivíduo ocupa no processo de produção. Essa visão da história é chamada de “Materialismo Histórico”, onde as relações materiais são o fator determinante para a ocorrência de modificações no contexto social, para Marx as relações econômicas e de produção são chamadas de infraestrutura da sociedade, já que determinam as demais variáveis da sociedade, como cultura, política, religião ou o estado, as demais variáveis são chamadas de superestrutura. Sendo assim, observamos que para Karl Marx as relações econômicas (infraestrutura) determinam todas as outras possibilidades e aspectos da vida em sociedade.
Marx é muito famoso por suas idéias referentes ao Socialismo e ao Comunismo, no entanto, para entendermos a teoria Marxista devemos buscar a compreensão acerca das condições da classe operária no século XIX, Marx está buscando demonstrar de forma clara as variadas formas de dominação aplicadas por setores privilegiados. O Marxismo evolui como um formato de análise da realidade social, sempre utilizando a “luta de classes” como fator relevante para as contradições presentes na sociedade.
A perspectiva materialista, expressa por Marx, por exemplo, entende que o indivíduo só tem valor quando está inserido, quando é visto como parte orgânica de uma sociedade, quando é útil para a manutenção de uma ordem capitalista de busca pelo lucro; a partir do seu trabalho, ele, então, faz parte de algo maior. A Sociologia, para Marx, tem como pretensões a transformação e produção de indivíduos conscientes, críticos acerca do seu poder de atuação, de contestação e participação na sociedade. Assim, como “sujeitos” da própria história e atuantes na vida política, na relação com os demais, pretendesse construir uma sociedade organizada, plena e, principalmente, a partir de indivíduos sãos em seu processo de ser e estar no mundo.
A perspectiva marxista da Sociologia e do lugar do indivíduo é a de que ela tem função à medida que é útil a essa sociedade, através do seu trabalho. Dessa perspectiva materialista trataremos mais tarde. É preciso entender que estamos todos inseridos dentro de uma dada lógica, nesse caso capitalista, e que, por esse motivo, estamos “linkados” por aspectos, como quantidade de bens acumulados, semelhantes pensamentos e ideias. Também esses mesmos elementos nos separam uns dos outros enquanto grupos e, inseridos na lógica do capital, são chamados de classes. O surgimento da própria Sociologia se dá nesse momento, contexto pós-Revolução Industrial, quando Marx repensa a posição de indivíduo e de coletivo e, por esse motivo, a disciplina surge na tentativa de encontrar respostas para tais problemas sociaisTexto 1
“Uma vez desaparecidos os antagonismos de classe no curso do desenvolvimento, e sendo concentrada toda a produção propriamente falando nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter político. O poder político é o poder organizado de uma classe para a opressão de outra. Se o proletariado, em sua luta contra a burguesia, se constitui forçosamente em classe, se converte por uma revolução em classe dominante e, como classe dominante, destrói violentamente as antigas relações de produção, destrói juntamente com essas relações de produção, as condições dos antagonismos entre as classes e as classes em geral e, com isso, sua própria dominação como classe. Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classes, surge uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos.”
(Karl Marx – Manifesto do Partido Comunista)IDEOLOGIA DE MARX
Um dos autores mais polêmicos da humanidade, o pensador alemão é famoso por suas teorias sociais e entendimentos acerca do Socialismo, mas Marx representou no século XIX muito mais do que um teórico, foi um ativo autor da realidade social europeia, concebendo a realidade como algo passível de alteração. Marx é um autor da “Práxis”, compreende que a obra deva-se tornar prática, que deva servir para alterar a realidade e não somente compreender.
O obra marxista sofreu grandiosa influência de Hegel, a dialética hegeliana serviu como inspiração para o entendimento histórico das sociedades. Marx criou o conceito de “Materialismo Histórico”, em que estabelece a história humana como história das disputas econômicas e produtivas, essa percepção marxista trouxe para o debate o conflito entre classes sociais.
Marx vai estabelecer que se a sociedade é modificada por suas relações produtivas, aqueles que estão inferiores nesse processo tendem a sofrer opressão e exploração, e vão buscar reagir em relação a elas. As classes sociais naturalmente são antagônicas e conflituosas, passando por um processo que Marx chama de “Luta de Classes”.
A “Luta de Classes” ocorre de forma incessante ao longo da história, ao ponto de Marx dizer que a “A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes.”. Sempre ocorreu e na visão Marxista vai ocorrer até acabarmos com sua força motriz.
A “luta de classes” ocorre por relações de desigualdade entre os indivíduos, necessitando assim ser encerrada, para que acabe a desigualdade. Marx vai estabelecer que a única maneira de encerrar essa luta é com o “Socialismo”, por estabelecer uma sociedade sem propriedade privada e consequentemente sem relações dispares nas relações produtivas.
Após esse período conhecido como “Socialismo”, estaríamos prontos para o “Comunismo”, um período em que não existiriam mais classes e nem propriedade privada, gerando assim o “fim da história”, já que sua força motriz estaria encerrada.
A relação com Hegel estabelece-se em sua dialética, porém é facilmente rebatida com o fato de a dialética hegeliana ser permanente e incessante, formando sempre novas teses, enquanto a marxista considera que seria possível alcançar um fim desse processo na sociedade, com o alcance do Comunismo.
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TEMAS SOCIOLÓGICOS
OverigNesse livro trarei temas sobre como a sociologia nos ajuda a perceber e refletir a sociedade em que vivemos através de conceitos e ferramentas teóricas que nos dão autonomia de reflexão.