Capítulo 5 ♡

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Fernando Mendez

Estou com minha cabeça apoiada em minha escrivaninha no meu escritório, olhando para Ana que está dormindo no bebê conforto.

O dia de ontem foi muito louco, dei de cara com Bruno, aquele dançarino gostoso e talentoso.

Mas não posso me deixar levar pelos meus desejos, não agora.

Me sinto tão quebrado para começar algo com alguém. Me sinto...na verdade não sei como me sinto.

Seria nesse momento que eu correria para a casa do meu irmão e pediria seu colo e seus conselhos. Mas ele não vai poder me ajudar agora. Nem nunca mais. Estou sozinho. Ele me deixou sozinho. Sinto as lágrimas descerem. Sei que tenho que superar isso, afinal já se passou um mês desde sua morte. Mas eu não consigo, eu perdi minha família, na verdade Felipe escolheu me deixar sozinho, eu não fui o suficiente para que ele ficasse. Doi tanto. Meu Deus como doi. E imaginar que eu tenho uma parcela de culpa me deixa doente. Eu acho que poderia tê-lo impedido, não podia ter deixado ele sair da minha casa.

- Felipe. Seja lá onde você esteja irmão. Me perdoa. - Apoio minhas mãos na mesa e colo minha testa ali, encarando a madeira escura, vendo as lágrimas formarem uma pequena poça. - Eu sinto muito, sinto muito. Mas...o que eu devia ter feito para fazer você ficar? Você não tinha esse direito, não tinha...- Não sei por quanto tempo fico ali chorando. Mas sinto meu nariz intupido, e quero morrer pela dor forte que ainda está presente em meu peito. - Me perdoa. - Minha voz não passa de um pequeno sussuro. Meus olhos se fecham e tudo fica escuro, e me deixo afundar por uns minutos.

Acordo meio atortoado, sinto minha barriga doer, e sei que é de fome, não comi nada o dia todo. Levanto minha cabeça e vejo o escritório todo escuro, a não ser pelo pequeno abajur em cima da mesa. Olho ao redor e vejo que Ana ainda está presa no lugar, mas está balbuciando algo enquanto brinca com os brinquedos que está preso no aro do bebê conforto. Solto um suspiro e enxugo meus olhos que ainda tinham algumas lágrimas.

- Papa.

Olho para Ana e seus intensos olhos azuis estão presos em mim. Me levanto e sigo até ela, que está apenas um pouco afastada de mim.

- Oi meu bebê, está com fome? - Solto o cinto que a prendia e a coloco no chão, lhe dando um beijo em seus cabelos. Olho relógio em meu pulso e vejo ser quase 19 da noite.

- Fome, Papa.

- Eu também meu amor. Vem, vamos comer.

Sigo na frente e seus passos vacilantes me seguem. Antes que eu possa chegar a porta acabo pisando num bloquinho de lego.

-Caralho. - Xingo alto enquanto caio sentado de bunda no chão pegando meu pé que dói feito um inferno. Ana Júlia rir da minha desgraça, a menina rir tanto que chega a cair sentada ao meu lado.

- Então é pra isso que eu sirvo Ana Júlia, sirvo de palhaço para você? - Ela rir ainda mais de minhas palavras. Filhos, rir da miséria dos pais, eu vou dizer viu, faço uma careta e seus olhos estão em mim, sua risada se acalmando.

- Caralo. - Ela volta a rir de novo, sua risada inocente me fazendo arregalar os olhos, acho que vou ter um infarto. Merda, tenho que pensar direito antes de proferir palavrões agora.

- Não bebê, não pode chamar isso. É feio. - Digo sério, esquecendo minha dor no pé e a pegando no colo.

- Nã, caralo. - Fala fazendo um bico enorme. Meu Deus, o que fiz?

- Não Ana, não pode.

- Caralo. - Mordo meus lábios. Merda. O que faço agora.

- Filha, não pode dizer isso. É muito feio. - Falo mais sério. Ela me olha por alguns segundos e começa a chorar, seus soluços ficando forte.

De Repente...VOCÊS! - Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora