Jantar (12)

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                      Hinata.

-- Você trouxe tênis de corrida?

Ergui a sobrancelha, confusa com a súbita mudança de assunto.
-- Está planejando fugir para não pagar a conta?

Ele riu.
-- Não, pensei que poderíamos fazer uma caminhada amanhã se você estiver disposta. O Red Rock Canyon tem umas trilhas lindas. Mas teríamos que ir cedo. No verão fica muito quente à tarde.

-- Eu gostaria sim. E trouxe tênis. Mas lembre-se de que preciso estar de volta para a palestra às duas. Estou tentando conseguir vaga para fazer uma matéria sobre legislação no outono e quem  vai falar amanhã é o professor responsável.

-- Vamos voltar a tempo. - Ele olhou para mim - A que horas é o seu voo na segunda ?

-- Às seis da manhã. - respondi baixinho.- E o seu?

-- Às sete. Podemos ir juntos para o aeroporto.

Assenti, mas resolvi que não queria pensar sobre isso. Estávamos ali, agora, e eu pretendia aproveitar ao máximo o tempo que ainda tínhamos juntos.

Chegamos ao Olives e olhei ao redor. Era lindo, com o mesmo mediterrâneo do Bellagio. Esperei enquanto o Naruto se inclinava para falar com a recepsionista. Ela deu uma risadinha e assentiu. Ele sorriu para mim, me ofereceu o braço e seguimos a moça até a nossa mesa. Fomos acomodados na varanda, com vista para o lago Bellagio, onde tínhamos visto o show das fontes.

-- É lindo. - sussurrei.

Naruto apenas sorriu e puxou a cadeira para que eu me sentasse.

-- Não são cachorros- quentes na Strip, mas precisamos comer, mesmo que para isso tenhamos que baixar nossos padrões. - Ele piscou pra mim.

Olhei ao redor. Estava cercada por luzes. O brilho da Strip a distância, o cintilar da água e as luzes que enfeitavam a varanda, piscando, pareciam dançar. Senti algo mágico, de outro mundo. Olhei para Naruto e ele me observava.

-- No que está pensando? - perguntou, e segurou minha mão por sobre a mesa.

Olhei dentro dos olhos dele e decidi que, pelo menos nessa noite, iria experimentar tudo o que pudesse e aproveitar cada minuto. A vida é louca, Naruto estava certo. Ou poderia ser, se permitíssimos. Eu ia permitir. Ia esvaziar a mente de todo o resto e me deixar levar pela beleza de tudo ao meu redor - o cenário, a comida, o homem sentado à minha frente. Ia viver ali tudo o que não vivera durante todos aqueles anos em que rejeitara relacionamentos que poderiam ter acontecido se eu não estivesse tão concentrada em outras coisas, aqueles anos em que minhas escolhas permitiram que outras pessoas fossem felizes, sem nunca considerar o que me faria feliz. Naruto me contaminara, era verdade, mas talvez a aparência dele não fosse seu único veneno. Talvez seu espírito também fosse contagioso. E quem sabe, no que dizia respeito a Naruto, assim como no caso das vacinas, um pouco de veneno fosse a cura, não a doença.
Esse fim de semana teria consequências, eu sabia disso, mas não estava mais disposta a mentir para mim mesma. E talvez essas consequências não fossem todas negativas. Talvez eu me transformasse em uma pessoa melhor depois do encontro com o Naruto. Sim, com certeza, a vida era louca .

-- Eu estava aqui pensando, Naruto, em como tenho sorte de estar aqui com você esta noite.

Os olhos dele brilharam e um sorrisinho fez curvarem os lábios carnudos, pouco antes de uma expressão que pareceu ser de surpresa atravessar o seu rosto.

Ergui o copo de vinho que havíamos pedido e que o garçom tinha acabado de servir.
-- À vida é louca. - falei e sorri.

Ele também ergueu o copo.
-- Aos planos bem-feitos - falou sorrindo também.

Meu Doce Veneno-NaruHina (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora