Ara. (31)

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Naruto on.

Fiquei paralisado e meu coração acelerou.

-- Onde ouviu esse nome?  - perguntei em um sussurro.

Hinata se recostou um pouco mais no sofá e olhou pra mim, o cenho franzindo, os olhos perolados examinando o meu rosto.

-- Você disse. Falou esse nome dormindo hoje de manhã.

Fechei os olhos por
um instante.

-- Desculpa. Não é... Não é o que você talvez tenha pensando - falei, preocupado que Hinata pudesse ter achado que eu estava sonhando com alguma mulher com quem tivesse me envolvido.

-- Está tudo bem. Ficamos separados por muito tempo e....

-- Não. Eu falei a verdade quando disse que não fiquei com mais ninguém. De forma nenhuma.

Ela me fitou e voltou a assentir. Então endireitou o corpo, mais ainda bem perto de mim, nossos corpos de tocando. Hinata puxou a coberta para cima do meu colo também e dobrou as penas sob o corpo.

Eu me recostei no sofá e passei a mão pelo meu cabelo curto. Continuel em silêncio por um minuto, organizando os pensamentos enquanto ela esperava. Estava pronto para contar a Hinata  sobre isso. Se  ficaríamos juntos dessa vez, então ela precisava saber. Isso fazia parte da minha vida.

-- Ara era uma menina de 14 anos que foi estuprada e espancada pelo que chamamos no jargão militar de um alvo altamente valioso. Isso aconteceu no Afeganistão. Nossa missão era matar esse alvo, Nós a encontramos à beira da morte por causa dos ferimentos e ficamos com ela até o fim.

Hinata levou a mão à boca, com uma expressão triste e chocada nos olhos.

Ela afastou a mão e sussurrou:

-- Nós?

Assenti

-- Sim, eu e o meu pelotão. Partimos para a missão e tivemos sucesso quase imediato. Mas, quando entramos no depósito onde o alvo estava se escondendo, encontramos coisas inesperadas, incluindo um cômodo cheio de meninas e mulheres nas condições mais deploráveis que você possa imaginar.

Fiquei em silêncio por um tempo, me lembrando da porta aberta, do fedor que nos atingiu quase imediatamente. Tínhamos recuado, horrorizados, e apontado a lanterna para dentro do cômodo... Olhos arregalados e apavorados nos encararam de volta. Não havia água nem sequer um banheiro para elas. Eram mantidas ali como gado... pior do que gado. Imagino que o inferno seja como aquele quarto.

-- Elas estavam sendo traficadas. Havia meninas de 6 anos naquele quartinho, fadadas a se tornarem brinquedos sexuais de algum desgraçado.

Os olhos de Hinata estavam arregalados, e as lágrimas escorriam enquanto ela me encarava em silêncio.

- Uma das meninas, Ara, vira uma chance de escapar quando jogaram comida para elas. Os guardas a pegaram e a estupraram... de todas as formas que puderam. Eles a machucaram e a degradaram sem piedade.

Minha voz falhou e tentei engolir o bolo que parecia se formar na minha garganta sempre que eu pensava em Ara.

- Eles se revezavam com ela e a espancaram tão brutalmente que Ara mal estava consciente. É claro que só soubemos de tudo isso mais tarde, quando nosso intérprete conversou com algumas das outras mulheres presas.

As lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto de Hinata. Ela pegou a minha mão e a segurou contra o coração enquanto eu continuava a falar

-- Depois que os matamos e encontramos Ara, nós a carregamos para o lado de fora e limpamos os ferimentos dela da melhor forma que conseguimos. Mas os danos internos eram muito graves... Ela precisava de um hospital, e não tinhamos como levá-la. Demos morfina a Ara e passamos a noite ao lado dela, nos revezando para segurar sua mão e contando histórias para ela... qualquer história de que conseguíssemos nos lembrar. Quando o sol começou a nascer, foi a minha vez de segurar a mão dela e contei a Ara sobre você, sobre como eu pensava em você todas as manhãs quando o sol se erguia no céu. E juro que ela sorriu para mim, Hinata. Olhou bem dentro dos meus olhos e sorriu. Então Ara se foi.

Meu Doce Veneno-NaruHina (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora