1 O Mestre das poções.

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O homem sério, lia em silêncio.
Na mesa, à sua frente, algumas ervas e óleos para mistura de poções.
Ao contrário do que ocorria no passado, o uso da magia em sua vida, era quase nulo.
Decidido à permanecer no mundo dos humanos, ou trouxas, como outrora eles foram nomeados, vez ou outra, Severus ía até o Refúgio da Ilha.
Lá havia uma infinidade de seres mágicos. Familias, bairros domiciliares e até uma escola primária.
Mas ele não queria manter residência ali.
Preferia continuar na cidade.
Era visto como um boticário antipático.
Mantinha poucos contatos. Mas estava levando uma vida tranquila. As sombras do passado ainda dançavam em sua mente e lhes visitava em seus sonhos.
As vezes, Severus sonhava com a imagem de sua marca de comensal da morte, latente, sensivel e alerta.
Um chamado do Lorde das trevas.
Mas quando acordava.
Aquela era apenas uma mancha sem vida em sua pele.
A marca de sua escolha e de sua derrota.
-Senhor!?
Snape virou-se e encarou Paco. Um bruxo mestiço que as vezes lhe trazia ervas para as poções.
- Não lembro de ter lhe chamado por aqui hoje, Paco.
Paco aproximou-se meio tímido.
Ele havia bebido e Snape podia sentir o mau cheiro à distância.
-Senhor, ontem estive com uma bruxa. Uma mulher que conheci em um bar nos arredores do Refúgio...
Snape remexeu-se impaciente.
-O que eu tenho com isso?
-O senhor sabe que já fiz coisas das quais não me orgulho. Mas tenho tentado me manter na linha. Eu e aquela mulher bebemos e eu acabei sendo convidado à ir ate seu quarto...passamos algumas prazerosas horas juntos.
Snape impaciente levantou-se não precisava mesmo ouvir aquilo.
- Não estou interessado em sua vida sexual ...
-Senhor, ela lutou na guerra bruxa. Assim como você. Na guerra que resultou na derrocada de  "você sabe sabe quem".
Snape serviu-se de uma bebida.
E deu uma risada de desprezo.
-O que ela é? Uma comensal da morte fugitiva? Uma andarilho suja e caçadora de recompensa? Porque para ficar com um tipinho como você...
Paco estava acostumado com a frieza e até o jeito desdenhoso do mestre das poções 
Mas estava confuso e precisava de um conselho.
- Não, ela lutou pelo lado vitorioso, mas está sozinha agora. Esta sombria mas tem sua beleza. Era estudante na época das batalhas. -Paco sentou-se angustiado- Ela não quer mais viver. Me pediu um...
Snape gesticulou impaciente:
-Vamos Paco, desembucha.
- Ela quer morrer. Já tentou outras vezes. Mas não conseguiu. Ela está sob influência de algum feitiço. Me disse que se eu lhe lançar um "Avada Kedrava". Ela me dará instruções para obter uma grande recompensa.
Snape respirou fundo.
-O que você quer que eu diga?
- Não sei...
  - Não será à primeira vez. Faça. Se ela não quer mais viver... As vezes continuar respirando, é um tormento.
  Paco caminhou até a porta.
Envolveu com os dedos a varinha em seu bolso.
O mestre tinha razão.
As vezes é pior continuar vivo.
Paco dirigir-se à saída. Mas foi detido com uma pergunta de seu chefe:
-Paco, porque você esta hesitante?
-Porque ela tem isso: ele ergueu a manga da camisa, mostrando sua cicatriz, feita durante a tortura que sofrera muitos e muitos anos antes.
"Sangue Ruim", estava marcado em sua pele.
-Foi isso que me chamou atenção e ela tinha um ar de sabe tudo. Alguem, que não estaria sozinha...Enfim. Vou encontra-la daqui à duas horas.
Severus manteve à expressão impassível.
Mas por algum motivo, seu coração deu um salto.
Sabia que comensais da morte adoravam torturas. Mas aquela, era a marca de Belatrix.
Ela marcava as suas vítimas.
Com sua maldita adaga.
Paco, fora marcado ainda criança. Enquanto os seus pais trouxas eram assassinados.
Ele lhe contara isso pouco depois que se conheceram. Paco não foi para Hogwarts. Nascido na América do Sul, onde também haviam grandes escolas de magia. Sozinho no mundo o garoto não teve oportunidade de uma formação digna.
E ele foi sobrevivendo, comprou sua varinha com trabalho braçal. E foi descobrindo de forma solitária, a realidade do mundo bruxo.
Talvez fosse coisa da sua cabeça, mas tinha que tirar essa história à limpo.
Snape caminhou até o quarto e apanhou a sua varinha. Sua capa esvoaçava atrás de si. Ele não sabia bem o que estava fazendo.
Mas seu ajudante bêbado, era idiota demais, para se dar conta que estava sendo seguido.

A pensão ficava nos arredores do Refúgio bruxo.
Snape não sabia o que o esperava, ao entrar naquele quarto.
Parecia pequeno demais.
E ele queria mesmo saber, quem colocara sua vida, ou melhor, sua morte nas mãos de um tipo como o Paco.
Por um instante. Snape sentiu como se o sangue congelasse em suas veias.
Nem em seus devaneios mais loucos, imaginou à surpresa que lhe aguardava atrás daquela porta.
  -Expeliarmmus!
Paco encarou Snape, estava bêbado e confuso. E tentava entoar o feitiço sem sucesso. A jovem adormecida. Deixara claro que ele só teria acesso às informações da recompensa, se fosse confirmada a sua morte.
E que a mesma ja tinha organizado tudo.
-Mestre, o que está fazendo?
-Saia daqui!-Snape falou encarando a moça inconsciente.
O homem tentou argumentar. Mas Snape não lhe deu escolha.
-Fora. Agora, Vamos, suma da minha frente.
Paco correu para longe contrariado.
Snape segurou na mão daquela garota. Que na verdade crescera e se tornara uma bela mulher.
Aparatou para sua casa.

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