27_ À Espreita

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27

  Snape serviu-se de um pouco mais de bebida.
  Ela disse que conversariam, mas resistiu à qualquer investida.
  Pensando com a cabeça fria, ele sabia que não deveria te-la seguido e muito menos armado aquele espetáculo, de colocá-la frente à frente com Draco.
  Eles faziam um bom par.
  Mas isso não era de grande valia agora.
  As coisas acabam.
  Essa é a vida.
  Mas ele estava triste...
  No passado, amara uma mulher e ela escolheu, ninguém menos que um desafeto seu.
  Severus errou em permitir que a dor e à escuridão tomassem conta de sí.
  Fez tantas coisas erradas e agora, dava-se conta, que sua vida havia passado.
  Todos os seus esforços não lhes gerava nenhum benefício.
  Ficava no trabalho até tarde e tentava manter à rotina.
  Não à ouvia mais caminhando pelo quarto, com as suas botas surradas ou os sapatos de salto alto, tomando banho de manhã cedo ou depois de voltar do trabalho, o chá e o café quase sempre sobravam...
  Sua cama, agora, estava sempre vazia.
  Não havia ninguém esperando por ele, para que ele a aquecesse.
  E por hora, nenhuma mulher lhe interessava.
  Ele pensava em todas as vezes em que se amaram.
  E em como ela se entregava à ele, nas noites em que seus instintos falavam mais alto e ele queria um sexo mais intenso e violento. Talvez não tenha sido a melhor forma, mas foi a maneira que ele arrumou de canalizar suas sombras, para que não fosse mais aquele ser-humano estúpido e vil.
  Certa vez, ela comentou, que as dores, além de causar prazer, também à  ajudava, antes, ela mesma já se auto multilara, talvez tentando camuflar uma dor interna.
  Eram praticamente o par perfeito.
  Ele sabia que ela não tinha ido embora.
  Continuava em seu emprego e estava hospedada em uma pousada no centro.
  Os dias corriam tão lentos, que ele teria enlouquecido, se não tivesse maturidade e experiência  o suficiente.
  Não à procurou apenas uma vez.
  Mas na recepção diziam que ela não estava.
  Na saída do trabalho, sempre estava acompanhada...
  Era dolorido não poder fazer nada.
  Draco escrevera algumas vezes.
  Ele fizera o favor de proteger a familia de Hermione. Era um bom amigo. Realmente, Snape estava surpreso, que aquele garoto tenha evoluído tão bem.
 
   Mas não tinha como não confrontar Lucios, que o  recebeu-o para uma reunião.
  -Ora, ora, Severus Snape, que surpresa, encontrá-lo. Pensei que você estava queimando no inferno...
  Severus caminhou pela sala.
  -É, você deve ter pensado mesmo.
  O homem sorriu, de um jeito frio e nada amistoso.
  Parecia mais uma careta.
  -Mas sente-se meu velho amigo.-Malfoy indicou uma cadeira para Snape.-Quais são as boas novas?
  Snape o encarava sério.
  -Nós não somos, nunca fomos amigos, Malfoy. -Lucios o encarou surpreso- eu quero lhe dizer que estou à par dos seus desmandos e manipulações. Tem gente que nunca vai mudar; não é mesmo?
   O homem não demonstrou estar abalado.
   - Você sempre foi um fraco.
  -Fraco é você, seu rato. Como pode perseguir pessoas e usar feitiços ocultos, para destrui-las? Por que não viver em paz?
   -Ora, Severus...eu só quero manter as coisas na linha, quero que o nosso mundo tenha um nível mais elevado.
   O homem mal acabou de falar, Severus o acertou com um soco e depois outro.
  Ele tentou pegar sua varinha, mas Severus à chutou para longe.
  -Você nem mesmo é capaz de reagir não é?
  -Você vai pagar por isso!
  O desejo de Snape, era ir até o ministério da magia e exigir que Lucios fosse mandado para Azkaban.
  Mas sabia, que precisava ter um trunfo.
  O medo dele, de ser pego, era maior que qualquer outra coisa.
  -Agora, ouça bem seu verme. Mantenha-se longe de Hermione Granger, eu tenho provas, um dossiê completo sobre os seus crimes e você sabe que eu não estou blefando não é mesmo?- Ele falava baixo, mas de uma maneira que não deixava margem para dúvidas- eu tenho contatos alem de Londres e esse ministério falido e não vou lhe avisar de novo. Você receberá um beijo dos dementadores, antes mesmo que possa pensar em reagir. Não me subestime!
  -Você é patético Severus...acha que os boatos não correm?
  Eles se encararam
  - Depois de todos esses anos, você ressurge com aquela sangue ruim à tiracolo, vivendo como um trouxa e voltando-se contra os seus.
   Snape estava prestes à liquidar Lucios com as proprias mãos, quando os seguranças os separaram.
   -Você está avisado Lucios.
  Vociferou  Snape, antes de ser expulso

   Enquanto caminhava de volta para casa, Severus se deu conta, que realmente, não havia mais vida para ele ali.
  Mesmo que Hermione não o aceitasse de volta, ele nunca mais queria estar em contato com aquele tipo de bruxo.
   Paco entrou no laboratório.
   Sabia que o chefe estava trabalhando dobrado.
  -O que você  quer?
  Snape perguntou, enquanto tomava mais um gole de sua bebida. Queria silêncio e paz.
  Paco sabia que não deveria voltar ali.
  -Desculpe senhor, mas a moça esta aqui perto, achei que gostaria de saber...
  Snape o olhou  dos pés a cabeça.
  Era orgulhoso demais para admitir que gostara daquela informação.
  Os dois seguiram em silêncio até um pub discreto, onde Hermione, Susan e Vera tomavam alguns drinques.
   As três ficaram em alerta quando o homem aproximou-se.
  -Boa noite, senhoras...
  Ele olhou nos olhos das três que o cumprimentaram de volta.
  -Espero não estar atrapalhando, sabem que trabalho aqui perto.
    Vera sorriu, aproximando do amigo, para um abraço.
   -Sente-se conosco. Eu e as meninas estamos comemorando o fim do meu namoro.
    Severus à olhou intrigado e Hermione sentiu um tranco no estômago. 
    - Eu sinto muito, Vera.
    - Ah, não sinta.- Ela bebeu mais um pouco, a mão ainda apoiada no ombro de Severus- ele era um inútil.
   Todos forçaram um riso.
   Ela já tinha bebido demais.
   -Pois vou deixar vocês comemorarem em paz.-Ele disse afastando-se- Susan, Hermione, foi um prazer reve-las.
  O homem foi ao encontro de Paco, que já se dirigia para a  saída.
    - Não seja idiota, ele disse entre dentes- peça alguma coisa e vamos sentar.
    -Mas professor...
   - Vamos, eu pago.
   Os dois sentaram-se em uma mesa distante, Hermione e Snape se emcararam, ele ergueu para ela o copo antes de beber e fingiu que não estava louco para levá-la de volta para casa.

Naquela madrugada, quando estava procurando as chaves na bolsa, ela foi pega de surpresa.
  -Você não precisa realmente de uma chave, precisa?
  Ela respirou fundo.
  -O que você está fazendo aqui?
  -Senti saudades...
  Ele disse aproximando-se.
  -Olha, Snape, realmente, acho que não deveríamos conversar agora-ela disse cansada, eu bebi e você...-olhou para a garrafa que ele segurava.
  Enfim, ele sabia que era bobagem insistir.
   -Sabe, Granger ...eu errei com você e vou me arrepender disso por não sei mais quanto tempo.
  Ele disse e parecia sincero.
  -Mas eu simplesmente não posso ficar feito um garoto magoado ou um cachorrinho triste te procurando.-ele colocou as mãos nos bolsos. Acho que a sua família ficará bem, na medida do possível.
  Ela o olhou.
  Como um peixinho visto do aquário, abriu e fechou a boca sem nada dizer.
   Ele suspirou
   Ela sentou ao lado dele, no banco do corredor.
   Sentiu seu cheiro. E era bom.
   - Eu sou uma pessoa confusa...
   -Eu voltei aquele lugar que pertence ao meu passado, acho que Lucios nunca mais mandará ninguém persegui-la- ele ficou de pé- infelizmente não tenho garantias de que se você se reaproximar dos Weasley ou de Potter, que ele não possa fazer algo contra Fred.
   Ela o olhou.
   Parecia haver dor no rosto dele.
  -Severus, eu não quero nunca, voltar para lá...
   Ele riu.
   - Mas agora você tem opção.
   Ele caminhou arrasado, enquanto Hermione permanecia sentada e em silêncio, olhando para as suas costas.
   Nem ela mesma sabia, porque simplesmente não o havia perdoado.
   Sentia saudades dele.
   E quando as lembranças lhe apertava o peito, tudo o que ela mais queria era as mãos dele marcando a sua pele, para que não pensasse em nada, nada além dele mesmo.
   Mas agora, não conseguia dizer, sim.

...

 

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