26_Olhos de Decepção.

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26

  Ele entrou logo atrás dela.
  Sabia que tinha errado, mas ela precisava entende-lo! Todo aquele mistério e aquelas mensagens...
  Aquilo tudo, estava lhe tirando o juízo!
  Queria convencer a sí mesmo, que teve as suas razões.
  -Hermione, espere, nós ainda não acabamos...
  Ela o olhou irritada.
  -Pois para mim acabamos sim! Você me seguiu, desconfiou de mim... o que ainda tem que ser dito?
  Ela perguntou de forma acusatoria e ele passou a mão nos cabelos impaciente.
  - Eu tinha motivos!
  - Quais motivos?
  Ele riu com escárnio.
  Será mesmo que ela o julgava tão imbecil, à ponto de querer que agora ele fosse o errado da história?
  -Todas aquelas mensagens e à maneira que você ficava, agitada, com aquele ar de que tinha algo à esconder!
  Ele queria e precisava que ela entendesse como se sentiu!  Estava inseguro e enciumado. Não era acostumado com pessoas que não conseguia decifrar...
  Ela começou a subir a escada e ele, impaciente, foi atrás, observou ela tirando uma mala do armário.
  Que Maravilha!
  Manteve-se firme.
  Não podia demonstrar fraqueza.
  Será que ir atras dela tinha sido assim tão grave? Qualquer pessoa no lugar dele, ficaria confuso e intrigado...
  Não podia deixar que ela partisse.
  Não assim.
  Sem pensar muito, foi em direção à ela e lhe tomou à mala.
  -Você e eu vamos conversar...
  - Eu passei por coisas demais na vida, para ter que lidar com isso- sua voz saía magoada e triste-porque você não me perguntou!?
  Ele respirou fundo.
  -Porque você fugia desse tipo de conversa, eu só percebia à tensão a cada nova mensagem e era uma incógnita para mim..como Você disse, nós ainda não tínhamos firmado um compromisso...
  Ela sentou na cama triste.
  Descalçou as sandálias e vestiu um jeans por cima do vestido.
  Estava cansada, cansada de tudo.
  -Você estava me vigiando. Seu comportamento não é normal Snape.
  - Eu pensei em conversar com você, mas fiquei com receio.
  - Eu teria dito a verdade!!!
  Ela gritou.
  - Não, não teria- sua voz era contida, mas firme, porque quando eu lhe perguntei de quem era aquela mensagem, você mentiu na minha cara. Me julga assim tão idiota?
  Ela caminhou pelo quarto.
  Tremia tanto, que mal estava se aguentando em pé. Aquela, era para ser uma noite maravilhosa.
  Porque tudo mudara dessa maneira!?
  -Porque você tinha que estragar tudo?
  - Nós podemos contornar isso...
  Ela o olhou enojada.
  -Tem mais alguma coisa que queira saber antes que eu vá embora?
  Ele sentiu um nó na garganta, como deixou aquela situação chegar naquele ponto!? Eles deveriam estar bem, ela não o estava enganando com Draco.
  Era apenas sua, sua namorada, sua mulher.
  Ele queria deixar pra lá...
  Mas ainda havia um importante detalhe...talvez se ele tocasse no assunto, ela ficasse ainda mais transtornada.
  Só que não conseguiria viver naquela dúvida.
  Snape aproximou-se forçando-a à olha-lo.
  Hermione resistiu e se afastou.
  Precisava respirar.
  Ele lhe avisara que era um rastreador e ela nem se deu conta que aquilo poderia acontecer. Que burra!
  No fundo, sabia que deveriam ter conversado assim que o lance deles ficou mais sério...
  Mas era falha, cometia erros, como qualquer outra pessoa.
  Isso era normal.
  Já tinha perdido tanta coisa na vida, tinha perdido tanta gente que amara e confiara, agora, mais uma relação em sua vida, estava prestes à se dissipar.
  E ela sentia muito por isso.
   - Eu fiquei doente, em pensar que ele estava te tocando, que vocês me enganavam ...
    - Não quero mais falar sobre isso.
    Disse caminhando em direção à porta.
    -Se aquela criança não é filha do Draco, ela é a filha de quem?- Hermione parou, totalmente pega de surpresa- não minta para mim, eu à vi, ela é a sua verdadeira cópia!
  Ele sabia da existencia da menina e ainda por cima, pensava que Katherine era a sua filha!
  Sentiu o mundo girar.
  Era como se o chão fugisse sob os pés.
   -Foi por isso que você falou em filhos!
  O acusou.
  Ele deu de ombros.
   -Porque achava que a Katherine era minha filha- o olhou com uma expressão derrotada-Você é tão doente assim? Acha que eu esconderia um filho?
  Ele soltou o ar com força.
    - Eu errei, estava querendo ver a sua reação, se eu mencionasse filhos...não sou um irresponsável...
   - Snape, nosso assunto acabou.
   Ela mal tinha dado dois passos, em um ato quase de desespero, Severus sacou a varinha e bateu à porta, ela voltou-se contra ele, ágil e furiosa como não se sentia, há muito tempo.
  Também com a varinha em punho.
   Ele parecia calmo, mas lá no fundo, sabia que tinha ido longe demais.
    Precisava mante-la por perto.
   Precisava que se entendessem...
    E se os dois perdessem o controle, a situação poderia nunca mais ser resolvida.
   - Não me subestime, Severus! Não ouse usar magia contra mim, você não vai me impedir de ir embora...
  Ele avançou em passos rápidos, até chegar tão perto, que podia ver todos os detalhes, daquele rosto lindo, as marcas do tempo, apresentavam- se de modo tão sutil...quase imperceptíveis, ela o encarou de frente.
  Mas era pequena e tinha uma carinha linda.
  Só o fogo em seus olhos lhe dava medo.
  Não queria aquele olhar carregado de rancor, sobre ele.
  Sua razão lhe dizia para ser brando.
  Mas ele sentia-se também injustiçado. Ela não podia querer fazer dele, o monstro que ele não era.
   -Acha mesmo que para impedi-la de sair, seja preciso usar magia?
  Segurou o punho fechado da mulher, puxando-a para si e fazendo com que ela encostasse à varinha em seu peito.
  -Vamos! Me destrua-ela balançou a cabeça-Olhe para mim!
  Os dois estavam suados e vermelhos.
  - Ela é a minha irmã. Por isso somos parecidas.
  O homem respirou aliviado.
  E ela chorou um pouco.
  Snape à puxou para sí.
  -Me perdoa!
  Ele também sentia lágrimas em seus olhos e um nó dolorido na garganta. Sabia de tudo que ela tivera que abrir mão.
  Agora percebia, que transformará tudo aquilo em algo maior.
  Uma pessoa que vive assim, não confia facilmente nos outros.
  -Depois conversamos.
  -Hermione...
  -Por favor. Só me dá um tempo.

  Ele à viu afastando-se.
  Mas não à seguiu.
  Ficou ali, parado, não sabe bem por quanto tempo.
  Aquela merda toda tinha virado uma bola de neve e agora ele não sabia se seria capaz de resolver as coisas.

...
 
 
 

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