15_ Um Observador Oculto.

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15

Draco pagou a conta.
Snape observou os dois caminharem lado à lado.
Temeu pensar onde aqueles dois iriam?
Em algum lugar mais discreto, para poderem ficar sozinhos? Ele tocou nas costas de Hermione enquanto atravessavam à rua. E ela lhe bateu no braço após ele dizer algo engraçado.
Eles partilhavam uma intimidade...
Porque com ele nunca foi assim?
Almoço em um bom restaurante, passeios ao ar livre. Caminhadas, com as mãos apoiadas nas costas da garota...
Sentiu um nó na garganta.
Eles não tinham essa intimidade.
Partilhavam apenas a cama e nada mais.
Depois de caminharem por quase meia hora, Draco e Hermione pararam em frente à uma escola.
Snape observou incrédulo, os dois ansiosos, parados. Mas o que era mesmo aquilo.
Hermione estava tão linda.
Ela era uma mulher realmente bela.
Snape queria levá-la pelo braço e arrasta-la para casa. Queria dizer para Draco nunca mais se aproximar...
As imagens diante de seus olhos, já não eram ruins o suficiente...
Hermione o abraçou.
Snape fechou os olhos e engoliu em seco.
Ele afagou-lhe os cabelos.
Hermione falou algo, parecia emocionada. E então, os dois observaram sorridentes, as crianças correndo para fora da escola.
-O que significa isso?
Snape questionou-se.
Elas vinham afobadas, correndo pelo portão. Ele bem lembrava como era e não tinha muitas saudades de melequentos esbarrando nele. Pelos corredores de uma escola.
Mas essa algazarra era comum, em qualquer mundo, ao final das aulas.
E então seu coração acelerou.
Uma menininha mal penteada com ar de sabe-tudo. O nariz empinado e falando enquanto gesticulava com outras duas garotas, surgiu.
E foi como se Snape voltasse no tempo.
Era como se ele estivesse de novo em Hogwarts, não fossem os olhos azuis, aquela menininha era uma cópia fiel da senhorita Granger.
Draco tirou a varinha do bolso.
O que ele iria fazer?
Com um gesto discreto, Draco fez todos pararem.
A menina parou com os braços meio levantados e a boca aberta como se fosse dizer algo.
Hermione caminhou rápido.
Ela aproximou-se da criança. Lhe afagou os cabelos rebeldes e depositou-lhe um beijo na testa.
Acariciou os cabelos da menina e a abraçou com carinho. Tocava-lhe o rosto, as mãos. Lágrimas lhe escorriam pelo rosto.
Mesmo com os olhos marejados, posou sorrindo para Draco que estava tirando uma foto.
Snape teve vontade de aproximar-se.
Aquilo, era no minimo ilegal!
Usar magia daquela maneira! Assim, em meio à Londres, mas teve medo.
Como iria se explicar?
Hermione parecia não querer soltar a menina. A abraçava e fazia carinho nela. Como se precisasse daquilo para viver.
Ele nunca à tinha visto assim.
Draco aproximou-se.
Ela resistiu um pouco, antes de soltar aquele abraço, mas ele à pegou pela mão, antes de sair, ela beijou as bochechas da menina uma última vez e colocou um envelope no bolso da garota.
Estavam voltando para o outro lado da rua. Ela respirou fundo, como se quisesse conter as lagrimas. E as crianças voltaram à se movimentar.
Severus não desgrudou os olhos daquela criança, até ela sumir de vista, virando à esquina.
Era realmente como se ele estivesse olhando para o passado.
- Ela está tão bonita e inteligente...
Draco acompanhava Hermione.
- Uma verdadeira senhorita sabe-tudo!
- Sim- disse chorosa, secando os olhos e respirando fundo-desculpe a cena...
Ele balançou a cabeça.
- Não imagino como deve ser difícil para você...
- O que importa é que ela está bem.
Hermione abraçou Draco, uma última vez na porta da confeitaria.
Mas eles não costumavam se odiar?
Severus riu.
E ele costumava lhe dar aulas e ignora-la. Já fazia quase vinte anos. Tudo mudou.
Tudo.
Ele fez questão de pagar à senhora idosa. Mas saiu antes que ela escolhesse entrar em algum dos armários.

Snape saiu do seu esconderijo.
Draco caminhava distraído, quando esbarrou em alguém, que se vestia de Preto dos pés a cabeça e tinha cara de poucos amigos.
-Desculpe. -Snape falou encarando o homem-ora, ora, você cresceu Malfoy!
Draco sorriu com expressão surpresa.
-Professor Snape!
Os dois se abraçaram como velhos amigos.
Na verdade, Draco sempre admirou muito o professor Snape. Tinha muito carinho por ele e era recíproco.
-O senhor sobreviveu mesmo!
-É claro que sim.
Draco sorriu.
-Me acompanha para uma bebida? Todos sabíamos que o senhor poderia ter sobrevivido. Mas sumiu...então, com o tempo pareceu impossível.
- Eu quis me afastar daquilo. É melhor assim.
- Eu entendo. Entendo bem... como não voltou, os boatos acabaram..
  -Era o que eu esperava mesmo.
Os dois caminharam até o mesmo restaurante em que horas antes, Snape acompanhou às demonstrações de intimidades de Draco com Hermione.
Para Draco o professor ainda era a mesma figura rígida, séria e contida.
Mas na verdade, Severus estava com ódio! Queria saber quem era aquela criança e se Draco e Hermione tinham algo.
Draco falava sem parar.
Trabalhava com poções. Afastara-se do pai e estava feliz com isso.
O professor gostou de saber as notícias.
Quase esqueceu que agora o odiava.
Os dois despediram-se com um aperto de mãos, mas Snape disse que gostaria de encontrar Draco, em uma noite dali à alguns dias.
De repente o desejo de estrangula-lo com as proprias mãos, deu lugar à um plano melhor, onde colocaria Os dois, Hermione e Draco frente à frente.
Ele saberia quem era aquela menina e Hermione poderia seguir à vida ao lado de seu namorado oculto.
Seria uma página virada em sua vida.

Naquela noite, quando Snape entrou em casa, Hermione estava deitada.
Sua respiração estava regular. Ele constatou aproximando-se e observando que havia manchas de lagrimas no rosto dela.
Sentiu um nó na garganta.
Por hora, agiria normalmente.
Olhando-a assim, tão de perto, ele soube, que não deixaria que ela partisse. Não sem brigar.
Era sua.
Sua Hermione.
Sua fênix que renasceu das cinzas.

Quando saiu do banho, o homem sentou-se na poltrona.
Passava das duas da manhã, quando Hermione abriu os olhos e assustada, alcançou a varinha que estava em cima da mesa de cabeceira.
- Meu Deus!- Ela levou à mão ao peito. Estava usando apenas uma camiseta grande- que susto! Não vi a hora que você chegou.
Snape tomou um gole de sua bebida.
E continuou imóvel, encarando a mulher à sua frente.
-Tira a roupa.
-O que?
Ela, ainda sonolenta, achou que não tinha escutado direito.
- Quero que você tire a roupa.
- Severus... Que horas você chegou? Eu fiquei esperando...
  Ele caminhou até perto da cama.
  Estava usando apenas uma calça de moletom. Parecia alto e irritado. Pegou Hermione pelos ombros, a fazendo ficar de joelhos na cama.
E em um movimento rápido lhe despiu.
-Snape, Não!
Ela o encarou assustada e tentando cobrir-se com o lençol.
- Eu quero você. Agora.-Ele reagiu, puxando as cobertas e deixando Hermione exposta e confusa.
  Beijou-a com fúria e paixão, mas não sentiu que ela estivesse correspondendo.
-O que foi? - Ele perguntou deitando-se sobre à mulher que ele não queria que escapasse nunca do seu lado-quero você. Agora. Preciso de você...- ele deslizava as mãos pelo corpo dela.
Hermione segurou o pulso de Snape e o encarou.
- Não! Essa sua fúria e urgência, são realmente excitantes, quase sempre. Mas hoje não!
Snape afastou-se.
Ainda encarando-a.
Entregou-lhe a blusa que ela vestiu rapidamente, saindo da cama em seguida.
Ele precisava manter o controle. Precisava que as coisas parecessem normais. E agir daquele jeito... não era o ideal.
Antes que ela chegasse até a porta, a alcançou e puxou-a para junto de sí. Beijando Hermione no topo da cabeça.
-Desculpe, acho que bebi demais. Não ia fazer nada.- Ele limpou a garganta- Mas aí você acordou...desculpe.
Ele sabia o que realmente havia pensado, o que desejava fazer, mas algo o paralisou...Ela conseguia mante-lo sob controle.
Até em seus momentos mais sombrios, pelo que o homem acabará de constatar.
Hermione o olhou de frente.
-Apenas respeite o meu momento. Não tive um bom dia. Acho que vou para o outro quarto.
Hermione saiu batendo a porta.
Snape ficou ali, em pé.
A imagem dela e Draco almoçando e conversando com tanta intimidade. Os dois andando e ele com a mão apoiada em suas costas como um parceiro, cuidadoso, ou lhe tocando sob qualquer pretexto...
Aquilo o incomodava.
E o atingiu como um soco no estômago.
E ainda tinha aquela criança!
Que se danem os planos, ele saiu decidido à colocar Hermione contra a parede e queria saber o que ela e Draco tinham.
E principalmente: quem era aquela menina!

...

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