Um dia incomum.

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Eu não havia conseguido dormir.

Eu estava acordado a horas pensando nas palavras de Lucas.

"Eu vou matar Doyoung. "

As palavras de Lucas ecoavam em minha cabeça. Era como se eu não quisesse acreditar, mas outra parte minha sabia exatamente do que ele era capaz. Eu não deveria duvidar do poder de Lucas.

Naquele momento eu sequer sabia se ele estava em casa. Ele poderia estar se fazendo de santo para os meus amigos e familiares, isso me deixava pior do que eu já estava.

Saber que todos estavam atrás de mim, me fazia repensar sobre como eu encarei a minha vida enquanto estava livre. Pensar que sempre achei que ninguém se importava comigo foi algo extremamente ridículo da minha parte e eu me arrependia muito.

Mas era tarde demais para isso.

- Preciso rasgar o plástico da janela. – Pensei.

Me levantei com cuidado e segui os mesmos passos que dá outra vez. Agora eu deveria levar em conta que estava com um braço enfaixado e talvez seria um pouco mais difícil.

- Vamos lá, Jungwoo. – Tentava me motivar.

Encostei meus dedos aonde eu havia encostado da outra vez e puxei para baixo.

Falhei.

Era muito difícil colocar seu braço por entre madeiras e pregos para tentar rasgar um plástico forte do outro lado, mas eu não poderia desistir.

Tentei novamente.

Sucesso.

- Isso! – Sorri.

Havia rasgado o suficiente para conseguir observar pelo menos um pouco do visual de fora.

Estava de dia, nublado e provavelmente entardecendo. Havia muito mato, muito mato mesmo. Diversas árvores e apenas um caminho que levava da entrada da casa até uma estrada de asfalto enorme, um pouco longe da casa em si.

Eu estava no segundo andar da casa.

Mas aquela era mesmo a casa de Lucas? Era comum que algumas pessoas vivessem mais isoladas na minha cidade, mas eu nunca achei que Lucas fosse uma dessas pessoas. Aquela casa poderia muito bem ser alugada ou até mesmo abandonada.

Tentei juntar o pedaço do plástico para que pudesse tampar pelo menos um pouco do buraco que eu havia feito ali. Em seguida, voltei para meu canto e me sentei.

- Qual vai ser seu plano agora, Jungwoo? – Minha mente se perguntava a mesma coisa várias vezes.

Eu estava com a cabeça encostada na parede e os braços acorrentadas jogados por cima de meu colo. Estava cansado, machucado e precisando organizar meus pensamentos. Pelo menos eu sabia que estava na cidade, porém isolado.

Olhei para minhas mãos, especificamente para as correntes ali.

Uma luz pareceu ligar em minha mente assim que encarei aqueles metais pesados em meus pulsos.

- Eu preciso sair das correntes. – Pensei.

Era o único jeito.

Mas como? Como eu deveria ganhar a confiança de Lucas para que ele me soltasse? Eu deveria ser um bom garoto? Eu deveria aguentar os abusos calado? Eu precisava o observar bem antes de tentar o seduzir.

Eu estava torcendo para ele aparecer. Eu queria entender o seu jogo.

Para que eu pudesse ganhar.

[...]

- Mil e um, mil e dois, mil e três... – Eu contava para mim mesmo.

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