Eles não podem te ouvir.

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- Jungwoo?! – Uma voz grossa sussurrava meu nome. – Jungwoo! Acorde!

Senti alguém sacudir meu braço.

Me levantei de uma vez, preocupado.

- Finalmente! – Lucas sorriu. – Já está dormindo a umas dez horas seguidas.

- Ah... – Coloquei a mão direita na cabeça, respirando fundo.

Abri os olhos por completo, observando Lucas sentado ao pé da cama, me observando.

Desci meus olhos para minha perna, vendo as grandes correntes presas aos meus tornozelos. Ele me acorrentou enquanto eu dormia? Ok, estava ficando pior do que eu imaginava.

- Há quanto tempo está aí? – Perguntei, tentando parecer o mais inocente possível.

- Te observei a manhã toda. – Ele se aproximou, fitando minha boca. – Você é como um anjo adormecido.

Eu me afastei lentamente, com medo da reação de Lucas.

- É perfeito em todos os momentos. – Passou os dedos por minha bochecha, olhando dentro dos meus olhos.

O olhei, profundamente.

- Aonde enterrou Lin? – Sussurrei.

Na mesma hora Lucas fechou o rosto, curvando as sobrancelhas.

- Por que se importa com ela? – Ele segurou meu rosto, apertando seus dedos em minhas bochechas. – Por que quer saber de alguém que nunca ligou para você?

- Eu... – Tentei falar. – Eu ajudei a acabar com a vida dela ontem, o mínimo que posso saber é aonde você a descartou.

Lucas soltou meu rosto, com força.

- Ela não está longe daqui, assim como os outros. – Se levantou, caminhando pelo quarto.

Outros? Ah, claro. Com certeza Lucas havia se livrado de várias pessoas durante todos aqueles anos em que eu o via pelos corredores da escola e imaginava que ele era apenas mais um na multidão.

- Por que os enterra perto da sua casa? – Falei passando os dedos pelo meu rosto dolorido. – Não seria burrice?

Lucas gargalhou.

- Está achando que isso é um documentário sobre serial killers? – Ele me olhou, sorrindo irônico. – Eu os mantenho por perto para me lembrar que eu mesmo os coloquei de baixo da terra.

Engoli seco.

- Gosto de passar por aqueles lugares e me lembrar em como o sangue de cada um deles escorreu pelos meus dedos. – Ele fechou os olhos, suspirando.

Eu estava cada vez mais aterrorizado.

- Por que matou Lin? – Perguntei sem medo, eu já estava aterrorizado demais, não tinha nada a perder. – Teve um motivo ou...

- Ou eu só a matei por diversão? – Sorriu. – Não, não... eu tive um motivo. Um bom motivo aliás.

Esperei a resposta de Lucas enquanto o mesmo olhava pela janela, com as mãos dentro dos bolsos da calça, pensando se deveria ou não me falar sobre o "grande" motivo dele.

- Não existia um motivo, não é? – Tentei acabar logo com aquela agonia.

Lucas me olhou, indiferente.

- Ela era uma falsa, nojenta e promiscua. – Falou. – Isso já era um motivo para eu acabar com aquela filha da puta.

Eu sabia que Lin não era bem falada, mas nada justificava a morte da mesma.

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