Sangue, suor e lágrimas.

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Já devia ser quatro da tarde quando eu me encontrava na sala.

Lucas estava assistindo TV, do meu lado.

Eu encarava a TV, mas sequer prestava atenção, era como se só estivesse usando como distração para os meus olhos.

- Olhe. – Lucas disse, aumentando o som.

Por um momento sai do meu transe e prestei atenção de verdade.

" Agora, iremos falar sobre o caso do adolescente que está desaparecido a mais de dois dias. A família segue sem respostas e estão cada vez mais desesperados. "

O repórter do jornal do estado falava, um pouco preocupado.

Virei meu rosto para o lado, evitando olhar para a televisão.

Porém Lucas percebeu.

- Jungwoo. – Ele me olhou. – Olhe para a TV.

Eu neguei com a cabeça, o que pareceu o irritar.

- Estou mandando olhar! – Ele puxou meu rosto e me obrigou a olhar a matéria sobre o meu próprio desaparecimento.

" Já fazem mais de dois dias que Kim Jungwoo, um adolescente, desapareceu em Seul. Família e amigos ainda não perderam as esperanças, mas a dor... é forte. "

Eu deixava algumas lágrimas caírem enquanto escutava a repórter falar.

" Eu só quero o meu garotinho de volta... "

Eu simplesmente travei naquele momento em que minha mãe apareceu, chorando, na TV. Eu não estava me segurando, apenas chorava e chorava.

- Observe bem. – Lucas sorria irônico. – Sinta a dor que está causando em todos eles...

- Por favor, pare... – Eu soluçava.

" Jungwoo, se você estiver vendo isso, volte! Nós estamos desesperados! Não podemos continuar sem você! "

Doyoung encarava a câmera enquanto chorava, como se tentasse olhar no fundo dos meus olhos. Ao lado dele estavam meus amigos e conhecidos.

- Lucas! – Eu gritava entre o choro. – Pare!

Ele soltou o meu rosto e desligou a TV.

Eu segurei as minhas pernas e chorei entre as mesmas.

Lucas suspirou fundo, como se estivesse "arrependido" do que havia acabado de fazer.

- Saiba que não deixarei você ver o noticiário todos os dias. – Lucas se levantou. – Não quero ver você se sentindo mal por.... esses idiotas. – Caminhou até a cozinha, me deixando chorando na sala.

Eu estava completamente devastado. Ver minha mãe e Doyoung chorando com certeza arrancou um pedaço da minha alma. Era óbvio que Lucas quis alimentar seu lado sadista e obsessivo ao me obrigar a ver a notícia. Ele queria que eu visse toda a comoção que foi causada por mim e queria que eu soubesse que agora estou nas mãos dele. Eu não sei se aguentaria por muito mais tempo.

Olhei para trás, devagar, ainda chorando.

Lucas estava na frente do fogão, cozinhando alguma coisa.

Sentia meu corpo tremer de ódio. Com toda certeza Lucas estava me fazendo ser a pior versão de mim mesmo.

Levantei calmamente do sofá e caminhei até a bancada.

Eu fitava as largas costas de Lucas, esperando que algum milagre acontecesse e ele caísse morto ali mesmo.

Meus olhos pareceram seguir automaticamente para o lado direito do balcão. Logo, senti meus olhos arregalarem ao ver uma grande faca repousando ali por cima. Talvez, aquela devesse ser a minha chance.

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