𝕮𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗 19

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Como o previsto, nenhum de nós conseguiu dormir durante a noite, e logo cedo já estamos de pé arrumando as mochilas e fazendo um pequeno cronograma de até onde deveríamos chegar durante aquele dia. A viagem estava demorando muito mais do que o esperado, e de acordo com Ethan, todos que sabiam de nossa missão, já deveriam estar surtando pela demora. Enquanto os dois estavam com o mapa aberto tentando encontrar alguma rota segura e rápida, saí pela porta, com a desculpa de que precisava tomar um ar.

Andei um pouco até encontrar um lugar um pouco longe de nosso quarto. Tirei meu celular do bolso da calça e liguei para a pessoa que eu estava ansiosa para ouvir a voz desde que saí de NY, fico escutando o som da chamada, esperando que ela finalmente atendesse.

— Aurora? Meu Deus finalmente— ouço a voz um pouco embargada de Suzie, e não consigo evitar que algumas lágrimas sejam derramadas — Eu já estava quase saindo de casa e indo atrás de você. Por que demorou tanto para ligar? Aconteceu alguma coisa? Diz alguma coisa mulher— ela joga diversas perguntas ao mesmo tempo, sem me dar tempo de responder.

— Oi, Cupkacke. Estamos todos vivos, bem pode ser uma palavra um pouco forte, mas você não precisa escutar essa parte. Desculpa não ter ligado antes, eu.... — comecei a chorar me lembrando de tudo o que aconteceu na noite passada — Eu queria tanto que você estivesse aqui, eu estou com tanta saudade que você nem consegue imaginar.

— Docinho, porque você está chorando? Me diz que você está bem. — consigo perceber que ela também está chorando, sua voz ficou trêmula e mais grave que o normal— Por que você está chorando? Você não chora! Me fala alguma coisa!

— Você não precisa se preocupar com nada, está tudo bem, eu só estou com saudades, nunca ficamos tanto tempo separadas, eu só queria escutar a sua voz, só isso. Me desculpa não ter te avisado que eu estava viva.

— Eu acho bom você me ligar com mais frequência do que isso, se não eu arrumo um carro e vou atrás de você. Vai ficar tudo bem. Eu te amo, ao infinito e além, lembra?—ela diz e eu solto uma pequena risada.

— Ao infinito e além. Eu preciso ajudar os meninos agora, mas eu tento te ligar mais tarde, tudo bem? — eu digo já sentindo um aperto no peito por ter que desligar.

— Vai lá, eu tenho que entrar na aula também, te amo, beijos. — ela diz, e logo em seguida desliga. Ainda fico alguns segundo parada com o celular grudado na orelha, antes de me virar para voltar ao quarto.

Antes que eu pudesse dar alguns passos, percebo que no estacionamento do hotel tem mais um carro, bem parecido com o que tentou nos atacar no dia seguinte. Sai correndo para o quarto para avisar os garotos. Abri a porta com tudo, fazendo os dois me olharem intrigados.

— O carro dos caras que explodiram nosso carro está no estacionamento. Temos que sair daqui. — eu mal terminei de falar, e Axel e Ethan já estão terminando de enfiar as coisas que faltavam dentro das mochilas. Em menos de um minuto estamos prontos para sair.

Saímos do quarto tentando não chamar atenção, o carro estava parado algumas portas à direita da nossa, e parecia estar vazio. Quando percebo isso, tenho a ideia mais maluca que já tive, e espero não nos matar por isso. Antes que Ethan ou Axel possam me segurar, dou uma pequena corrida até o carro, e percebo que a porta, por sorte, está aberta. Não me preocupo em olhar os dois garotos, sabia que eles estavam me mandando sair do lado do carro, e começar a correr. Mas, se aquilo desse certo, chegaríamos na Nova Escócia no mesmo dia, e nossos perseguidores não conseguiriam nos seguir.

Entro do lado do motorista, e rezei para que todos os filmes de ação e a página da WikiHow estivessem certos. Soquei a parte debaixo do volante até abrir, encontrando os fios ligados ao painel. Me esforcei o máximo possível para tentar lembrar qual os fios que que teria que cortar. Tirei a pequena faca de cortar alimentos que eu tinha colocado na mochila antes de sair de casa, e cortei os fios que achava certo. Não parei de pedir sorte a todos os Deuses, segurei minha respiração e juntei os fios que eu segurava, quase choro de alívio quando escuto o som do motor ligado, abaixo a janela, e sem fazer barulho, mando os dois garotos se apressarem e entrarem no carro logo. Não demora muito e os dois já estão jogados nos bancos, mal deixo eles fecharem a porta, e arranco com o carro o mais rápido que posso.

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