𝕮𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗 20

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Já estávamos dentro do carro fazia pouco mais de cinco horas, nos atrasamos um pouco por conta do péssimo trabalho de co-piloto de Axel, que se justificou dizendo que não entendia nosso sistema de milhas ao invés de quilômetros, e nos enfiou em algumas ruas erradas no centro da Nova Escócia. O restante da viagem foi mais tranquilo do que o usual, e utilizamos desse tempo para conversarmos e irritar uns aos outros, por mais que essa brincadeira fosse completamente injusta de se jogar com Axel, que era tão centrado e quase nunca se irritava com nossas provocações. Como esperado, eu era a mais cabeça quente, e me irritava com uma facilidade tão absurda que fazia os dois garotos rirem da minha cara vermelha o tempo todo.

Finalmente, depois de quase morrer algumas vezes e as incontáveis vontades que tive de cometer algum assassinatos, estamos estacionando o carro para pegar as mochilas e embarcar no monstro flutuante que estava diante de nós. De acordo com a senhora que pegamos informação para chegar até o porto, demos sorte por chegar no dia que o navio estaria zarpando, o que aconteceria em aproximadamente duas horas.

— Ainda não estou acreditando que conseguimos chegar a tempo.— eu disse abrindo a mochila para pegar uma barra de chocolates, na tentativa de aliviar um pouco a minha fome. Instantaneamente, pensei na minha mãe e no quão horrorizada ela ficaria com a minha alimentação dos últimos dias, não duvido que ela me obrigaria a fazer uma alimentação detox pelo resto do mês para tentar retirar todas as porcarias que eu coloquei em meu organismo. Diferente de como pensei que ficaria ao lembrar dela, sorri. Os acontecimentos da última noite ainda estavam bem vívidos em minha cabeça, e eu tenho medo de fechar os olhos por segundos, mas lembrar de como ela era, como ela é, me deu um aquecimento no coração. Mesmo que a crescente preocupação também tomasse conta de mim. Eu nunca, nem em milhares de anos, iria acreditar que meus pais estão mortos, sequestrados com certeza, mas não mortos.

— Finalmente, eu não aguentava mais ficar sentado. Quando chegar em Himmel, Aurora, vai ver que os portais são a salvação de qualquer um, podemos atravessar todos os três reinos em menos de um minuto, você vai adorar.— Axel diz muito empolgado com o pensamento de me mostrar o máximo de coisas possíveis sobre seus reino.

— Eles pelo menos funcionam? Já nos deixaram na mão antes. — eu digo com um sorriso maldoso e o sarcasmo pingando na voz. Depois daquele tempo com eles, o olhar que Axel me deu mostrava que ele já sabia que minhas falas ácidas nem sempre eram na intenção de ofender, e sim de tentar tirá-los do sério. Então ele lindamente ignorou meu comentário.

— Estamos levando tudo? Não esqueceram de nada mesmo?— Ethan pergunta, aparecendo do nosso lado.

— Tudo aqui, capitão.— digo marcando continência, meu ato só fez o negro revirar os olhos e balançar a cabeça.

— Vamos então.— ele diz e começa a andar em direção ao guichê onde compraríamos as passagens.

Depois de alguns minutos, conseguimos comprar as passagens, e eu não fiquei nada chocada com o fato de terem várias passagens sobrando, se eu pudesse escolher, viajar em um navio cargueiro também não seria a minha primeira opção. Seguindo as previsões, chegaríamos na dinamarca em aproximadamente 1 mês e meio, mas graças aos poderes do príncipe que nos acompanhava, vamos conseguir chegar no país na metade do tempo. Mesmo que isso fosse fazer com que ele se cansasse muito mais, nosso tempo está se esgotando, e precisamos chegar o mais rápido possível.

— Vamos subir logo. Assim podemos tentar pegar cabines vizinhas.— Ethan diz, já colocando sua bagagem nas costas e indo em direção ao navio. Axel e eu o seguimos.

O navio não era nenhum cruzeiro, longe disso, estávamos cercados por containers e nossas cabines ficavam no andar inferior do navio, nossa sorte foi a pouca quantidade de pessoas que eram de fora da tripulação presente, por isso conseguimos cabines individuais e seguidas. A cabine é pequena, com uma beliche, uma mesinha com um abajur e só. Ambos os colchões eram duros, e eu me sinto triste pelo falecimento da minha coluna. Deixo minha mochila na cabine, tranco a porta e vou em direção dos meninos, combinamos de ficar o máximo de tempo juntos, assim o risco de acontecer alguma coisa com qualquer um de nós, diminui. Suspiro antes de bater na porta de Ethan, serão longos dias. 

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