Amiga, beijei o seu namorado

Doze

Ainda não podia acreditar no que havia acontecido.

Minha mente não me deixava esquecer aquele momento de forma alguma. O sabor dos lábios dele estava mais presente que nunca nos meus. Seu aroma de lavanda estava completamente impregnado em minhas narinas. Durante toda a noite só pensei em como queria ter aquele cheiro e aquele sabor comigo para sempre.

Minha cabeça estava prestes a entrar em colapso com aquela situação. Todo o meu ser almejava Erick, mas não poderia tê-lo junto à mim, afinal não queria magoar a minha melhor amiga. Ele precisava ficar ao lado dela. Ela o amava e eu seria um péssimo amigo se estragasse isso. Precisava colocar todas as minhas frustrações para fora. Precisava conversar com alguém. Sabia exatamente para quem ligar.

Luana havia confessado para mim que ouvira tudo o que havia acontecido na noite do baile de debutante quando foi procurar à mim e a Erick para a dança dos casais. Com ela eu poderia conversar, já que estava evitando Erick. Ela não demonstrara nenhum tipo de indiferença ao ocorrido, por mais que devesse fidelidade a Bri, já que ela também era sua amiga.

Por fim, disquei o número de Luana nas teclas do meu celular. Depois de dois toques ela atendeu com um "alô". Ela havia atendido bem rápido àquela ligação, talvez estivesse com o celular por perto, talvez até nas próprias mãos. Consegui visualizar a cena dela deitada mexendo no seu celular assim que a liguei. Ela viu meu número na tela e atendeu logo de imediato.

― Está tudo bem amigo?

― Sim! ― respondi. ― Eu só liguei porque queria conversar com alguém sabe. Estou me sentindo sufocado com esses sentimentos todos dentro de mim. Preciso colocar isso para fora o mais rápido possível.

― Será que você pode vir até aqui na minha casa?

― É claro. Eu posso sim, mas eu não sei onde fica.

― Eu vou te mandar uma mensagem com o endereço.

― Tudo bem.

Ela desligou e minutos depois recebi a mensagem com o endereço dela. Não era muito longe dali. Dava para ir de bicicleta sem me cansar. Senti o eu próprio cheiro e percebi que não estava em condições de ir daquele jeito para a casa de Luana, principalmente pelo fato de ser época de verão, então todo e qualquer banho seria sempre bem vindo.

Fui até o banheiro, onde me despi e me pus sob o chuveiro acionado, sentindo a água caindo contra a minha pele, arrastando toda impureza em sua superfície. Sentia um peso se esvaindo dos meus ombros que nem sabia que estava ali até então, fazendo-me sentir completamente flutuante.

Saí do banho e procurei uma roupa legal para sair. Peguei uma camisa regata amarela e uma bermuda jeans claro destroyed. Penteei meus cabelos, mesmo depois de saber que iria colocar um boné preto e me perfumei inteiro para só assim sentir que estava suficientemente pronto para sair.

Avisei a minha mãe que iria sair para a casa de Luana. Ela assentiu, então me despedi com um beijo em seu rosto e fui embora bastante empolgado por finalmente conhecer a casa da Luana. Em certo momento passei em frente à casa de Bri. Paro por um momento para olhar. As portas e janelas envernizadas, deixando um aspecto mais escuro à madeira, as paredes pintadas de vermelha e o número da casa em metal apregoado ao lado da porta de entrada.

Senti meu coração vazio por algum minutos ao insistir meu olhar ali, lembrando de todas as vezes que fui até ali para conversar com Bri, trocar cumplicidades. Foi ali que dei minhas melhores risadas ao lado dela. Trocamos segredos. A mãe dela sempre com mãos de fada da confeitaria. Ela preparava os melhores bolos que eu já havia comido na minha vida. Ela era especialista em bolo de chocolate, o meu preferido. Um sorriso triste se formou em meus lábios. Aqueles momentos não podiam mais voltar. Tudo havia mudado. Eu me sentia diferente. A amizade entre mim e Bri havia se transformado em algo mais gélido. Afastei aqueles pensamentos e prossegui rumo à casa de Luana.