Quinze

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Acabei por me desobedecer.

Estava à caminho do restaurante que foi palco do primeiro encontro dele com Bri. Talvez tudo o que eu precisava naquele momento era encará-lo e me sentir forte o suficiente para terminar com o que quer que fosse aquilo. Talvez a melhor opção fosse deixá-lo terminar com Bri e ir embora das nossas vidas. Não havia como superar uma pessoa que eu tinha na minha vida. Precisava de tempo e distância. Era aquilo que pretendia dizer à ele naquela noite, enquanto respirava fundo durante minha caminhada.

Minha cabeça afundava cada vez mais. Tinha medo de me perder para sempre dentro do mar de paranóias e indecisões. Não sabia mais o que fazer com toda a bagunça dentro de mim. Poderia varrer tudo para debaixo do tapete, mas não sabia nem como começar a fazer isso. Só sentia cada vez mais perto o colapso da minha mente.

Estava cada vez mais perto do local marcado e meu coração batia freneticamente dentro de mim. Sentia um misto angustiante de medo e ânsia. Podia vendo a escuridão crescendo cada vez mais dentro de mim, como um buraco negro prestes a sugar toda a minha alegria para sempre.

Finalmente cheguei ao local, mas não entrei de imediato. Fiquei por alguns momentos ali respirando fundo e ganhando ou talvez perdendo a coragem para fazer o que vinhera ali para fazer. Passei a mão na testa e a elevei até o cabelo, coçando a cabeça. Sentia que o ar de meus pulmões pesavam duas vezes mais e não sabia ao certo se era por ter vindo correndo até ali ou apenas pelo meu nervosismo. Talvez fosse as duas coisas. De qualquer forma precisava resolver isso de uma vez por todas.

Entrei no restaurante e o vi sentado em uma mesa encarando o cardápio. Me aproximei e puxei a cadeira para me sentar. Ele sorriu ao me ver. Não um sorriso qualquer de cordialidade, mas um sorriso largo que me aparentava ser bastante sincero. Me sentia mal por aquilo. Queria que eu pudesse ser recíproco, mas não poderia ter que escolher entre Erick e Bri.

Seu sorriso sumiu quando o cumprimentei da forma mais fria que consegui, afinal aquele encontro era para arrancá-lo de uma vez por todas da minha vida, não ao contrário. Tinha consciência disso. Não poderia ir mais além. Não poderia alimentar falsas esperanças nele ou em mim mesmo. Tinha que agir como a realidade me exigia.

― Erick precisamos acabar com isso de uma vez por todas! ― disse por fim.

― Eu entendo, mas tenho uma proposta para você!

― Uma proposta?

― Sim. Bem, já que de qualquer forma estamos errados, um erro a mais ou a menos não vai fazer diferença.

― Aonde está querendo chegar com isso?

― É que meus pais vão dormir fora hoje e eu vou ficar sozinho e queria que fosse dormir comigo hoje.

― Eu não posso fazer isso Erick. Não vou trair minha melhor amiga com o namorado dela.

― Futuro ex namorado. Tenho pensado cada vez mais em terminar com ela. Assim que o ano acabar eu vou embora da escola para outra e vocês estarão livres de mim para sempre.

Um silêncio entre nós se fez presente por um tempo. Sabia que era necessário que ele fosse para que tudo pudesse ser resolvido, mas meu coração não queria que ele fosse. Não para sempre.

― Então, o que me diz? ― perguntou ele tirando-me de meu torpor. ― Você poderia ir dormir comigo hoje?

― Você sabe que eu quero, mas é impossível. Eu não me sentiria bem traindo a confiança da minha melhor amiga.

― Rael, às vezes é melhor se arrepender do que passar vontade, já dizia Pablo Vittar.

Olhei para os lados depois o encarei. Eu queria aquilo. Queria experimentar uma noite nos braços dele. De qualquer forma aquilo iria acabar. Ele iria embora para sempre é o que quer que eu tenha feito com ele ficaria na minha memória. Talvez realmente fosse melhor se arrepender de ter feito do que não ter feito. Aquilo de certa forma era um adeus. Nossa despedida. Deveria aproveitar os últimos minutos ao lado dele antes que tudo o que tivemos virasse apenas história.

Amiga, beijei o seu namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora