Quatro

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Acordei no outro dia com uma mensagem de Erick.

Na mensagem ele me desejava bom dia e me perguntava se eu havia dormido bem. Respondi-o imediatamente, retribuindo o seu bom dia e dizendo que havia dormido bem, quando logo lembrei do sonho que tiveram com ele, o quanto queria realmente que aquilo tivesse sido real, mas me senti mal quando lembrei que ele ainda era o namorado de Bri. Meu subconsciente insistia em permanecer no controle, jogando aquelas imagens e sensações sobre Erick. Agora a tendência era apenas piorar, já que Erick estava falando comigo frequentemente desde a noite que nos conhecemos.

Levantei da cama e pus um calção. Fui até à cozinha, onde mamãe e papai já estavam acordados tomando café da manhã e conversando. Mesmo depois de quase vinte anos de casamento, nada havia mudado entre eles. Eles pareciam tão apaixonados quanto antes. Todos os dias viam a forma como eles se olhavam. Eles gostavam muito de desfrutar da companhia um do outro e aquela harmonia me trazia um lar feliz, mas às vezes chegava a me incomodar um pouco, pois aquilo era tudo o que eu não tinha. Para mim era o auge sentir inveja dos meus pais, mas não conseguia controlar, assim como não conseguia controlar quando pensar em Erick.

― Bom dia! ― falei me aproximando e dando um beijo na cabeça de cada um.

― Bom dia! ― respondeu papai dando um gole no seu café logo em seguida.

― Dormiu bem filho? ― indagou mamãe.

― Dormi sim!

― Tem torradas quentinhas aqui se quiser! ― disse mamãe tirando o domo de plástico de cima do prato onde estavam as torradas.

Peguei duas torradas e me juntei à eles no café da manhã. Coloquei café para mim com um pouco de leite e degustei aquela junção maravilhosa de manhã. Mamãe comentava sobre como era uma mãe moderna com o papai, depois de ter conseguido resolver um problema no celular dele com a conta das redes sociais dele. Ri quando ela falou aquilo. Mamãe era bem divertida. Papai era um pouco mais sério, mas também sabia fazer piada das coisas quando queria.

Eu me sentia muito sortudo por fazer parte daquela família. Meus pais apesar de tudo me amavam e eu à eles. Não conseguia imaginar a minha vida sem eles. Eu de fato os venerava. Enquanto comia, observava a conversa deles e me divertia. Em alguns momentos eles faziam piada comigo e eu fazia piada com eles, contudo dentro do respeito.

Durante aquele período da manhã, ajudei o papai à consertar o carro dele que estava um pouco desajustado. Papai era o tipo de homem que trabalhou de tudo antes de finalmente permanecer no emprego fixo que está agora de professor. Eu o ajudava sempre que ele me pedia e orientava no que eu deveria fazer, já que eu não entendia tão bem quanto ele de carros, porém de tanto o ajudar, eu acabava entendendo uma coisa e outra. Era como diziam, quando mais a gente via uma coisa, mais a gente entendia sobre ela.

Durante à tarde fui à casa de Bri à convite dela. Cheguei lá por volta das duas horas da tarde. O sol do verão estava bastante quente, então foi por isso que a mãe dela nos ofereceu suco para nós refrescar e era o do meu sabor favorito. Laranja. Depois fomos para o quarto de Bri para conversamos. Como sempre, ficamos deitados na cama dela em direções contrárias, olhando para o teto, enquanto conversávamos sobre tudo.

― Ai amigo, Erick é incrível! ― disse ela com um sorriso e fala empolgada.

― Ah, que bom amiga! ― disse tentando parecer o mais feliz possível por ela, mesmo que por dentro, aquilo não era o que eu sentia.

― Ele é um cara bom e atencioso comigo. Conversamos muito e temos uma conexão. Ele é muito engraçado também.

Não respondi nada, apenas fazia ruídos para mostrar à ela que estava acompanhando tudo o que ela estava falando para mim ao mesmo tempo que mantinha uma discussão mental comigo mesmo para para de ser tão trouxa e continuar nutrindo aquela paixão pelo cara errado. Ele era hétero e parecia gostar mesmo da minha amiga. Eu estava sobrando ali e me iludindo sozinho.

Amiga, beijei o seu namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora