Oito

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Ainda me sentia desconfortável.

Era difícil estar de volta à mesa e fingir que estava tudo normal e que não havia acontecido nada demais no banheiro. Por mais que não tivesse realmente sido, mas para mim fora, pois dentro de mim eu sabia exatamente o que estava acontecendo.

Erick chegou momentos depois de mim e sentou-se ao lado de sua namorada, abraçando-a e continuando daquele jeito. Luana e eu estávamos sendo obrigados a presenciar a troca de carinhos entre o casal apaixonado ali na mesa.

― Vocês são tão melosos que me dão ânsia de vômito! ― disse Luana por fim fazendo uma careta e eu tive que me conter para não rir.

― Deixa de ser tão amarga Luana! ― rebateu Bri dando uma risada.

― Não é amargura minha filha é bom senso, credo, vocês se alisam demais.

― Isso se chama carinho.

― Eu chamo isso de frescura.

― Até parece. Quando você estiver apaixonada vai ficar assim ou pior.

― Verdade! ― concordou Erick. ― As pessoas que mais dizem essas coisas, são as primeiras a fazê-las.

― A conversa aqui era entre as femininas do grupo meu anjo e enquanto as mulheres falam os homem calam a boca! ― devolveu Luana num falso tom de ignorância, sendo perceptível a sua brincadeira.

Erick fez um sinal de rendição rindo e Bri também riu.

― Ah, antes que eu me esqueça, minha mãe está organizando um baile de debutante para mim e vocês serão os primeiros convidados da minha lista.

― Eu vou ter que usar um daqueles vestidos de patricinha? ― perguntou Luana fazendo uma careta.

― Vai sim! ― confirmou Bri. ― E os meninos vão ter que usar terno e gravata.

― Credo! ― disse por fim um tanto indignado. ― Odeio usar ternos, sou muito baixinho pra usar tanta roupa. Vai fazer eu parecer dez vezes menor.

― Mas preciso de cinco casais para dançar no salão. Você e Luana já formam um par.

― Credo, seria a mesma coisa de tentar casar a Anitta com a Pablo Vittar. Cadê a representatividade nesse negócio?

― Sinto muito, mas nem todos na minha família são tão mente aberta assim, portanto temos que seguir um protocolo.

― Veja pelo lado bom, Rael não vai ser um macho escroto que vai tentar curar o seu lesbianismo.

― Horrível que em pleno século XXI ainda exista isso.

― Enfim, os ensaios vão começar na próxima semana para quem vai dançar.

O sinal tocou e nos obrigou a nos dirigir para a próxima aula. Seguimos corredor abaixo rumo à sala que constava no horário. Ao chegarmos lá, sentamos em cadeiras próximas. Luana sentou-se ao meu lado, enquanto Bri sentou-se atrás de mim e por fim Erick atrás de Luana, formando um quadrado perfeito.

Agora seria aula de português com a professora do Rêgo. Esse era o sobrenome dela, mas os alunos faziam brincadeiras de mal gosto desde o dia em que ela disse que sempre teve vontade de tirar o Rêgo por causa do bullying que sofria na escola quando era mais jovem. Os alunos não deixaram aquele episódio passar despercebido.

A professora era uma mulher alta com um corpo delgado. Possuía cabelos castanhos e ondulados que naquele dia estavam presos em um rabo de cavalo. Ela também gostava de usar sandálias exageradas e camisetas de bichinhos fofinhos. Talvez ela fosse e tia solteirona que fazia de sua casa um lar para animais. Já poderia vê-la chegando em casa e sendo recepcionadas por vários gatos e cachorros.

Amiga, beijei o seu namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora