Dois

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Não conseguia esquecer aquele abraço.

Eu sei que fora apenas um abraço, mas eu senti como se uma explosão de fogos e artifício crescesse dentro de mim. Fora uma sensação ótima, mas eu sabia que não podia me dar ao luxo de sentir aquilo. Era totalmente errado. Para princípio de conversa ele era o namorado da minha melhor amiga e depois, eu nem ao menos sabia se ele era gay. Aquilo não tinha nada a ver. Era melhor afastar aquele sentimento de mim logo antes que ele me dominasse por completo e fosse ainda mais difícil arrancar aquilo de mim. É como já dizia o ditado: "era melhor cortar logo o mal pela raíz".

Sempre que eu me distraía, a imagem de Erick voltava à minha mente de forma involuntária. Minha parte racional não queria pensar nele, no entanto a minha parte emocional me obrigava a pensar nele. Agora eu entendia o porquê as pessoas dizem que não podemos mandar no nosso coração. Era como se a paixão dentro de mim ganhasse vida e controlasse todo os meus sentidos e agora eu tinha um corpo estranho dentro de mim que me fazia sentir mesmo quando eu não queria. Fechei minhas mãos e bati levemente na minha cabeça no intuito de afastar todos aqueles pensamentos na minha cabeça.

Meu celular vibrou na cama, então peguei-o para olhar o que era. Ao olhar na barra de notificação percebi que se tratava de uma notificação do Facebook. Uma solicitação de amizade para ser mais exato. Clico para ver de quem se tratava aquela solicitação e me deparo com a foto de Erick e o seu nome, Erickson Rodrigues. Senti uma pontada fria subir da minha barriga para o meu coração imediatamente. Não sabia como me sentir diante daquilo. Se saltitava de alegria ou me martirizava com a culpa pelo que sentia.

Meu dedo estava tenso. Eu queria clicar em aceitar, mas talvez eu devesse ficar o mais longe possível de Erick para não continuar sentindo algo por ele. Nessa história, eu era a única pessoa ferrada. Eu queria o cara da minha melhor amiga e talvez ele nem mesmo fosse bissexual, quanto mais gay. Eu estava sofrendo à toa. Não era a primeira vez que me apaixonava por caras héteros. Desde sempre meu coração era completamente pacóvio daquela forma.

Vendo por outro ângulo, talvez Erick só quisesse fazer amizade comigo, já que eu era o melhor amigo da Bri. Se eles fossem namorar, talvez devesse me adicionar à vida dele também, tal como a família quando um casal está junto. É necessário que se tenha contato com as pessoas da vida da pessoa que você está se relacionando para poder passar à conhecê-la ainda mais. Pensando dessa forma, não via porquê não aceitar a solicitação dele, mas logo o sentimento do qual eu não podia alimentar se manifestava me lembrando que eu deveria evitar o máximo de contato possível com Erick para não me deixar envolver ainda mais.

Tarde demais.

Eu já havia apertado o botão para aceitar a solicitação de amizade de Erick. Depois de feita me arrependi amargamente, mas agora já não havia muita coisa à fazer. Quando eu estava em pânico, eu não agia de maneira sensata. A pressão sobre mim só fazia com que eu acabasse fazendo ainda mais besteiras. Aquilo tudo era uma merda.

Meu celular vibrou novamente em minhas mãos, então vi que havia chegado uma nova mensagem no bate-papo. Meu coração acelerou dentro da minha caixa torácica. Não sabia porque estava tão nervoso. Talvez fosse apenas uma mensagem que chega assim que adicionamos alguém, nos induzindo à mandar uma mensagem. O celular vibrou de novo. Não pude mais conter a minha curiosidade de tal forma que fui até o bate-papo para ver se havia realmente mais alguma mensagem.

Assim que abri, vi a mensagem de Erick me perguntando como eu estava. Não visualizei, porém logo em seguida chegou outra nova mensagem dele me perguntando se eu me lembrava dele da noite anterior. Abri o privado visualizando em fim a mensagem dele e em seguida respondendo-o, confirmando que lembrava dele e que estava bem. No mesmo minuto ele mandou outra mensagem com um emoji da carinha sorridente.

Amiga, beijei o seu namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora