Amiga, beijei o seu namorado

Seis

Passei o resto das férias em casa, dando desculpas para não sair.

Já era o volta as aulas, voltaríamos para o primeiro ano do ensino médio. Finalmente iniciaria uma nova etapa nas nossas vidas. Na minha vida. Tudo o que eu precisava era de um recomeço naquele momento. Precisava conhecer gente nova, fazer várias amizades novas também. Não que eu pensasse em abandonar a minha melhor amiga desde sempre, apenas já que ela estava namorando, queria arrumar novos amigos para sair sem que eu fosse ficar de vela.

Eu já havia escolhido a minha roupa e colocado sobre a minha cama. Uma camisa xadrez vermelho com preto e uma calça jeans com um pequeno rasgo nos joelhos. Queria chegar estiloso no primeiro dia de aula. Bri e eu trocamos mensagens nesse fim de semana para combinarmos como seria o nosso primeiro dia de aula. Eu passaria na casa dela e de lá, iríamos juntos caminhando até lá, já que era próximo as nossas casas.

Tomei um banho naquela manhã, tendo ousadia o suficiente para aguentar a água fria, mas logo que uma vez debaixo da água corrente do chuveiro, meu corpo foi capaz de se acostumar com a gélida água contra o meu corpo. Por um tempo fiquei ali de baixo com o olhos fechados e o rosto erguido, deixando a água me tocar. Por um minuto não pensei em nada só aproveitei a sensação revigorante de frescor que a água me proporcionava e toda a paz possível que ela podia me dar.

Assim que saí do banheiro, envolto na minha toalha branca, vesti as roupas que eu mesmo havia selecionado para aquele grande dia. Assim que pus a roupa, caminhei até o espelho contido no meu guarda-roupa. O espelho era do meu tamanho, de forma que eu conseguia me ver por completo. Eu ajeitei minha camisa e dei mais uma longa e bela olhada para mim. Eu estava ótimo. Não poderia estar melhor para aquele primeiro dia. Respirei fundo como se tivesse prestes a dar um grande salto na humanidade.

Sentia o ar de mudança pairando ao meu redor. Depois de uma maratona de todos os filmes e séries sobre ensino médio no restante das minhas férias, me preparando para aquele grande momento para mim. Estar passando para o ensino médio era como um acontecimento histórico para todo adolescente na minha idade. Essa transição definia uma nova fase para todos, que poderia ser a realização dos nossos sonhos ou só mais uma fase qualquer para outros que preferem com pressa vivenciar a vida adulta.

Tentei imaginar rostos que eu poderia me tornar amigo naquele dia, mas percebi que era idiotice, tendo em vista que não podia criar rostos aleatórios na minha mente e esperar que se concretizassem. Foi a coisa mais idiota que já se passou na minha cabeça durante meus quinze anos de vida. Tudo o que desejei por fim, foi conhecer muita gente legal para me acompanhar pelo resto dos meus três anos.

Assim que terminei de me arrumar, corri até a cozinha para tomar café com os meus pais. Eles pareciam bastante empolgados com o seu único filho iniciando o segundo grau, como era conhecido na época deles. Confesso que aquela empolgação toda deles só me deixava ainda mais nervoso com tudo aquilo. Era um novo terreno para mim. Um lugar inexplorado. Como uma página em branco me fazendo pensar muito no que escrever pelo resto dos meus três anos.

― Parem! ― disse por fim com um sorrisinho nervoso. ― Vocês só me deixam ainda mais nervoso.

― Tudo bem! ― disse papai ainda com um ar empolgado.

― Desculpe querido! ― retratou-se mamãe com um sorriso terno e doce, suas maiores qualidades. ― Não é todo dia que nosso bebê entra para o ensino médio!

Ela leva a sua mão até o meu rosto e toca a minha bochecha levemente com mãos que pareciam compostas por pura seda, apesar de ser uma dona de casa assídua. Não era a pela em sua mão e sim o seu toque. Por um segundo me deleitei no seu tocar macio e afetuoso.