Dezessete

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A lembrança do que vivi me acalentava.

Ainda podia senti-lo em mim, me preenchendo e aquela sensação não seria facilmente apagada em mim. Em meus sonhos, revivia aquele sonho diversas vezes. Lembrava do quanto ele me estimulava e o quanto gostava de ser tocado por ele. Meu coração palpitava só de me recordar daquilo. Às vezes acordava sorrindo no meio da noite sentindo seu toque em meu rosto e as nossas carícias trocadas. A sensação de ter seus cachos entre os meus dedos suavemente era como um alento e a lembrança de tudo o que eu já tive.

O pior de se viver um relacionamento em segredo, era o fato de ter que lidar com tudo sozinho. A parte alegre, que faz querer contar ao mundo inteiro que está amando e que é recíproco, tem de ser simplesmente reprimida em mim, como se fosse um pecado amar.

Pensei imediatamente em Luana. Ela havia me visto na noite em que Erick me beijou pela primeira vez na festa de Bri, mas eu o recusei, já que era o certo a fazer. Ela guardou o meu segredo daquela noite. Assim como Erick e eu. Não poderia saber se ela entenderia o que eu fiz com o Erick, como da primeira vez. Por mais que tudo em mim quisesse desabafar aquilo, não podia arriscar ser julgado por Luana e principalmente obrigá-la a ser cúmplice mais uma vez dos meus atos. Não havia outra alternativa a não ser conviver com aquele sentimento ardendo em meu peito sem dizer uma palavra.

Na segunda, ainda não sabia como iria encarar Bri. Apesar dela não saber de nada, a culpa ainda era a minha principal companheira. Sentia-me o ser mais impuro. O mais traidor. E é exatamente aqui onde chegamos. Agora sabem o que realmente aconteceu. Não quero ausentar toda a culpa de mim. Não sou nenhum santo. Ele era o fruto proibido no centro do Éden que eu não deveria provar, mas não resisti. Preferi me arrepender do feito do que me torturar para sempre com o que poderia ter sido.

Enquanto me arrumava, imaginava também ter que vê-lo novamente ao lado de Bri como se nada tivesse acontecido. Como se o que vivemos não houvesse passado de um mero sonho. Aquilo era ainda pior do que eu imaginava. Sentia um gosto amargo em minha boca somente de imaginar aquilo.

Assim que fiquei completamente pronto, desci para tomar café da manhã com meus pais. Os dois tentavam interagir comigo, mas não estava muito empolgado para falar mais nada. Preferia continuar na minha terra de devaneios, deixando minha mente relembrar momento após momento sobre aquela noite.

― Filho você está bem? ― perguntou minha mãe num tom de preocupação. ― Você está muito distante essa manhã!

Sai de meu torpor a encarando-a sem muita empolgação, só queria terminar logo meu café da manhã e sair para o mais longe possível dali.

― Estou sim mãe! ― menti. ― Só não dormi muito bem e ainda estou cansado!

Ela me avaliou, tentando achar alguma verdade no que eu disse. Não falou mais nada, portanto pensei que poderia tê-la convencido de que estava tudo bem. Logo depois ela e papai começaram a conversar entre si sobre seus dramas particulares, enquanto eu dava minhas últimas mordidas na minha torrada. Só queria sair o mais rápido possível dali. Queria ficar sozinho com meus próprios pensamentos.

Assim que terminei de comer, escovei meus dentes e me despedi dos meus pais como de costume, saindo em seguida, caminhando pela rua com a música alta em meus fones de ouvido, pensando sobre a noite com Erick. Seu toque. Como valeu à pena estar com ele, mas agora não tinha tanta certeza se deveria, já que ter estado com ele fora até melhor do que esperava. Talvez o impacto fosse menor apenas ao imaginar como seria. Agora que provara, queria-o com mais intensidade que antes. Minha mente estava caótica.

Ao chegar na escola, sentei-me no pátio, mexendo no meu celular, tentando distrair-me, enquanto esperava pelos meus amigos chegarem. Jogava o mesmo jogo que na noite que estivera com Erick. Havia apenas aquele jogo em meu celular. Não tinha mais tanta certeza se aquilo estava ajudando a me distrair.

Amiga, beijei o seu namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora