Lendas De Oysterland

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*Theo onn*

  Um silêncio toma conta da sala, meus pais olham um para o outro, respirando fundo, minha mãe toma a iniciativa de se pronunciar primeiro:

Helena: Eu sempre soube!

Jorge: Sua mãe havia me preparado para essa possibilidade quando saímos para jantar!

Theo: Vocês... Ainda me amam? - Digo chorando.

Helena: Aí meu Deus! É óbvio! Filho, isso não vai mudar nosso amor por ti!

Jorge: A gente está contigo, Theo!

  Eu me levanto e os abraço, enquanto enterro minha cabeça nos ombros da minha mãe, minhas lágrimas molham seu suéter verde escuro.

Jorge: É por isso que chegou tão tarde hoje?

  Ergo a cabeça e olho para meu pai, enxugo minhas lágrimas e digo:

Theo: Como assim?

Jorge: Você estava com um garoto?

Theo: Ah não... Bem quero dizer, sim, mas não é iss...

Helena: Nós vamos conhece lo?

Theo: Só se tivermos uma piscina. - digo baixinho em tom de deboche.

Jorge: O que disse?

Theo: Ahh, disse que sim, claro! Mas somos só amigos, então não tem por que!

Minha mãe e me pai se olham maliciosamente.

Helena: Certo, aliás, queremos que se dedique mais as aulas de biologia.

Jorge: Bimestre passado suas notas foram péssimas.

Theo: Tem uma professora nova lá, ela se chama Katherine e...

Helena: Oh meu Deus, quando saímos para jantar a garçonete que nos atendeu tinha o mesmo nome!

Theo: Que coincidência mãe! - digo sorrindo

Jorge: Mas é isso filho, vá descansar para acordar cedo amanhã!

  Dou um beijo na bochecha de ambos e vou para meu quarto, tranco a porta e deito na cama, respiro fundo e solto bem devagar, eu estava livre, agora eles sabiam sobre minha sexualidade, e melhor ainda, haviam me aceitado!
Resolvo ligar para Abby:

Theo: Alô?

Abby: Qual é o babado, mona?

Theo: Eu me assumi para os meus pais!

Abby: O queee?

  Escuto Abby derrubar algo no chão e logo em seguida xingar, como se tivesse batido o dedinho no pé da mesa.

Theo: Eu me sinto tão leve! Como se estivesse voando!

Abby: Então voe, passarinho!

  Ficamos algumas horas conversando, até que caímos no sono com a ligação ainda ativa.
  Ao acordar, tinha mais de 8 horas consecutivas registradas na ligação.
  Me levanto, me arrumo como sempre e vou a escola. Tenho duas aulas de história com a senhorita Marjorie, sobre a antiga Oysterland.

Marjorie: Hoje vamos falar sobre a história de nossa cidade! E não, não estou falando daquelas baboseiras que dizem sobre antigos seres paranormais que visitavam nossas praias e demônios que planam!

  Eu a encaro sem entender nada! Desde quando a cidade tem essas lendas?
  No fim da aula, eu saio correndo para a biblioteca, aonde tem o melhor sinal de wi-fi, e pesquiso por lendas de Oysterland, e para minha surpresa, tem uma lá muito interessante, que vou contar para vocês agora!

*285 anos atrás*

  A vila de Oysterland era um lugar humilde, o que ela tinha de mais belo sempre foi sua praia.
  Inúmeros pescadores iam até lá todos os dias, em busca peixes para dar de comer a vossas famílias.
  Porém, com o passar dos anos, histórias sobre pessoas meio peixes viverem naquelas águas foram criando forças.
  A família Argent, que era constituída por caçadores supersticiosos, não perdeu tempo e foi averiguar as histórias a mandado de Isaías Birdenson, um homem rico que os contratou para caçar aquelas tão faladas criaturas.
  Em uma noite, diversos barcos saíram em uma busca pelas águas de Oysterland, em cada um haviam membros da família Argent, mas em um deles, estava Isaías.
  Mais tarde naquela mesma noite, eles se depararam com mulheres nuas nadando sobre as águas geladas, porém, o que os levou a cometer um massacre histórico, foi o fato delas terem caldas de peixes!
  Uma luta se iniciou, algumas das sereias destruíam os cascos dos barcos com seus ferozes dentes, fazendo assim muitos deles naufragarem, para que assim, matassem os homens que estavam as atacando!
  Isaías não teve tanta sorte, enquanto tentava remar o barco de volta para Oysterland, foi surpreendido por uma mulher, cheia de colares de conchas e corais, ela se aproximou com um frasco de vidro sujo em sua mão, ela o abriu e jogou um pó que havia em seu interior sobre o rosto de Isaías e disse:

  "Agora, você se tornará uma criatura odiosa e assustadora, para que tenhas repulsa de si mesmo por toda sua vida!"

  Ele pegou uma espada que estava caída sobre o convés de madeira e cravou sobre o peito daquela sereia feiticeira.
  Seu grito ecoou por todo oceano, formando grandes ondas que engoliram os barcos.
  Isaías foi levado pelas águas até a praia de Oysterland, onde fora resgatado por uma jovem moça, com quem se casou e teve filhos, porém, asas e garras não é exatamente o perfil de uma família normal.

*Dias de hoje*

*Theo onn*

  Eu estava chocado, eu jamais acreditaria em algo assim, mas nos últimos dias, eu tenho acreditado em muita coisa! Meu sobrenome é Birdenson, o que me fez pensar que aquele homem cruel da história, foi um dos meus ancestrais.
  O que explica de onde veio minha maldição!
  Antes de guardar o livro, vejo uma ilustração do emblema da antiga família Argent, era uma espada com dois ramos de planta ao lado.
  Aquilo me era familiar, mas eu guardei o livro e segui para minha sala, pois o sinal havia tocado.
  Chegando lá, a professora Katherine estava em sua cadeira, e eu vi em seu braço uma tatuagem, da mesma ilustração do livro.

Katherine: Você está bem?

  Ela pergunta ao me ver parado a encarando.

CÉU E MAROnde histórias criam vida. Descubra agora