Sal De Fogo

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*Katherine onn*

   Eu observava aquelas aberrações de longe, através de uma folhagem densa
  Ver as asas daquele garoto surgirem no ar apenas comprovou minhas suspeitas a seu respeito!
   Ele era mesmo um homem grifo!
   Aquele outro rapaz, da forma que emergiu das águas, segundo o conhecimento que eu tenho sobre o mundo sobrenatural, deve ser um tritão.
    E a garota, apenas uma humana que mal sabe aonde está se metendo.
    Espero até que aqueles três jovens fiquem há uma distância considerável, para que eu coloque meu plano em ação, sem ter o risco de ser vista.
    Me aproximo das águas calmas daquela tarde, retiro um frasco de meu bolso, ele contém em seu interior um punhado de sal de fogo, o mesmo usado antigamente por piratas que acreditavam na superstição de que aquele sal afastava monstros marinhos e demônios noturnos.
    Eu deixo o brilhante frasco sobre a areia da praia ,e volto para de trás da moita, afim de esperar o curioso tritão cair na armadilha.

*Robin onn*

    Pela primeira vez na vida, meus pés descalços andavam sobre o asfalto, eu via pessoas e coisas estranhas sobre rodas que corriam.
    Eu estava vestindo apenas meu arranjo de algas, aquilo parecia estar deixando Theo preocupado, acho que ele tinha medo de alguém me ver e falar algo.
    Mas, eu nem ligo, é muito bom usar isso! Bate um ventinho nas partes baixas!
    Enquanto estamos caminhando, Abby tenta me esconder ficando do meu lado, e Theo na minha frente.

Abby: Tá gostando de ficar aí na frente?

    Eu sorrio e abaixo a cabeça, percebo Theo engolir seco e ter as bochechas pegando fogo.

Abby: Mas eai, me diz mais sobre ti!Você tem família?

    Ela toca em um assunto delicado, mas encaro com maturidade.

Robin: Meus pais morreram quando eu era pequeno ainda, então minha tia cuidou de mim até meus 17 anos...
    Mas nós nunca nos demos muito bem, quando conclui meus 18 anos eu deixei o recife de corais em que eu vivia com ela, e encontrei a praia paradisíaca de Oysterland.

Abby: Que legal! Nossa praia é linda mesmo!

Robin: Não tão linda quanto aqueles que a habitam...

    Eu olho para Theo, e ele olha para mim, sorrimos um para o outro enquanto encaramos nossas bocas por alguns segundos.
    Mas logo continuamos a andar.
    Theo diz que estávamos quase chegando.

Abby: Você respira e fala em baixo da água?

Robin: Sim!

Abby: Que tudo! Eu queria ser uma sereia agora...

    Ela faz um biquinho.

Robin: Tem uma lenda que diz que o beijo de um tritão ou sereia, concede a outro ser esses dons...

Abby: Theo, isso é verdade?

Theo: Por que pergunta para mim?

Abby: Você nunca...

Theo: Tá legal, é isso... Abby... Mais uma vez, obrigado por me desculpar e me dar apoio hoje!

Abby: Estou aqui pra isso, sempre será eu e você contra o mundo!

Robin: Hmm...

Abby: Você também conta, peixinho!

    Ela sorri e vira a esquina para o lado oposto ao nosso.
   Pouco mais a frente, Theo e eu pulamos uma cerquinha de madeira e andamos sorrateiramente pelo gramado do quintal.
    Ele abre devagar a porta dos fundos para podermos entrar.

Robin: Por que tanto suspense? - sussurro

Theo: Nem consigo imaginar o que minha mãe pensaria ao me encontrar com um garoto semi nu em casa!

CÉU E MAROnde histórias criam vida. Descubra agora