1º Capítulo

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Enquanto me olhava no espelho daquele elevador, subindo até a cobertura, de uns dos maiores prédios residenciais de Miami, meu estomago dava cambalhotas, era a primeira vez em mais de um ano que conseguia uma oportunidade real de emprego naquela cidade.

Ao chegar no 64º andar, assim que as postas do elevador abriram já estava dentro do luxuoso duplex, uma mulher de meia idade, simpática, me recepcionou com um sorriso enorme, como se me conhecesse há anos.

Ruth: Bom Dia Anahí

Anahí: Bom Dia – estendi minha mão para cumprimentá-la, mas fui surpreendida por um abraço forte.

Ruth: Me desculpa, nem me apresentei – disse me soltando daquele abraço que há tempos não recebia. Meu nome é Ruth, nos falamos ontem, solicitei a agência seu telefone para que pudéssemos conversar sobre a vaga.

Anahí: Sim, vim para a vaga de empregada.

Ruth foi me conduzindo para o interior do apartamento, amplo, e todo revestido em tons claros, muito bem iluminado, havia uma parede de vidro que dava desde o teto até  o chão da sala, a vista dali, com certeza, abrangia toda Miami.

Ruth: Vem, fiz um café para nós.

Neste mesmo instante, estranhei mais ainda, aquela mulher de, aproximadamente, 50 anos, bem vestida, com certeza, muito rica, me tratava com tanta igualdade, a qual jamais havia conhecido desde que cheguei em Miami.

Ao chegar na sala de estar havia uma mesa de café da manhã posta, com café sucos, frutas, bolos, tanta comida que dava para umas 20 pessoas certamente.

Ela sentou e apontou a cadeira do outro lado da mesa, em sua frente.

Ruth: Por favor, senta-se.

Sentei-me, mas confesso que ainda me sentia desconfortável, estava em uma entrevista de emprego e a entrevistadora mais parecia minha mãe do que minha "chefe".

Ruth: Você gosta de café com açúcar ou adoçante? Falou enquanto despejava o liquido preto em uma xícara de porcelana que com certeza valeria o salário proposto na oferta de emprego.

Anahí: Prefiro puro.

Ruth: Essa é das minhas – sorriu e também servindo sua xícara.

Eu tomei o café puro, fazia tempo que não tomava um café daqueles, sabia que era de qualidade superior aos que normalmente tomava, assim que terminei o primeiro gole.

Ruth: Então Anahí, como dizia no anuncio, a vaga é para tempo integral, a folga seria somente a partir de sábado ao meio dia e no domingo, você teria disponibilidade de residir aqui de segunda a sábado?

Anahí: Sim, sem duvidas, não tenho nenhuma restrição quanto a isso Senhora Ruth.

Ruth: Por favor, pode me chamar somente de Ruth. Preciso esclarecer algumas coisas que não foram divulgadas na vaga, antes que eu filho chegue. Você trabalhará para meu filho, mas antes de qualquer coisa, eu preciso que você seja meus olhos, meus ouvidos, preciso de alguém de confiança que esteja não somente a cargo dos cuidados da casa, mas também esteja atenta ao cuidados com Alfonso, roupa, alimentação, etc... Mas preciso da sua total descrição, pois ele só aceitou que contratássemos alguém para ajudá-lo, aqui se isso não tirasse sua privacidade.

Anahí: Com certeza, terá minha total descrição sen.... Ruth – sorri. Mas se me permite, esse adolescente precisará de auxilio nos estudos também? Preciso aperfeiçoar minha gramática de inglês.

Ruth soltou uma gargalhada como se tivesse contado a melhor piada de sua vida, fiquei desconcertada e sem entender o motivo de tanta graça.

Ruth: Anahí, querida, meu filho não é um adolescente ele tem 30 anos. Porém decidiu vir trabalhar na filial da nossa empresa aqui em Miami, e como ficará sozinho preciso de alguém que esteja cuidando das coisas de casa, pois ele pode ser ótimo para os negócios para no quesito organização e limpeza é péssimo.

Enquanto ela ia falando menos eu entendia, ela queria um cão de guarda para seu tesouro? Pelo salário obvio que eu seria, mas estranhei tantos cuidados com um homem de 30 anos, que aparentemente, já conduzia os negócios da família.

Ruth: Sei o que deve estar pensando, que será baba de um marmanjo- sorriu. Mas, não, fique tranqüila não te pedirei um relatório semanal de Alfonso, quero que se atente aos cuidados da casa, porém preciso que qualquer anormalidade você me avisa, se Alfonso sumir, ou ficar mais de um dia trancado em seu quarto sem se alimentar, preciso ser avisada urgentemente.

Anahi: Me desculpa a intromissão, mas ele tem problemas com drogas?

Ruth soltou novamente aquela gargalhada, dessa vez quase ri junto, não sei se por risada ser contagiante ou por puro nervosismo.

Ruth: Não, minha querida, meu filho é totalmente, prol saúde, graças a Deus, porém ele tem, as vezes, dores musculares agudas.

Nesse momento senti o desconforto em suas palavras e pela primeira vez o seu olhar desviou, ela se ajeitou no assento e continuou.

Ruth: Essas crises são raras, mas ele sempre procura nos esconder – disse sorrindo, tomando mais um gole do seu café.

Eu realmente, não estava entendendo muito bem, mas como já havia aceitado o emprego precisava estar atenta as orientações, no entanto, cuidar de viciado estava fora de cogitação.

Ruth: Depois que Poncho brigou com o pai e decidiu assumir a filial de Miami, eu não consigo ter paz, com você aqui ficarei mais tranqüila. Por isso, queria alguém mais jovem para que ele pudesse se sentir mais confortável com a sua presença.

Respirei aliviada, afinal não estaria convivendo com um drogado, e ainda teria um bom salário. Continuamos a tomar café, e Ruth foi me explicando os afazeres diários, percebi que mesmo com toda a demanda, ainda assim teria tempo para poder aprender mais sobre o idioma inglês, o qual já era fluente mas ainda tinha que aprender muita gramática se quisesse voltar a estudar.

Estávamos na cozinha, e ela me explicava como utilizar a lava louça, olhava para aquela mulher e admirava o amor e cuidado com aquele filho, pois, com certeza, ela não precisaria estar ali, pois com a sua condição poderia determinar que alguém me orientasse, porém, era fato que Ruth fazia questão de estar a par de quem estaria dentro da casa do seu filho.

Anahí: Quando se tem um único filho deve ser difícil deixá-los longe.

Ruth me olhou e sorriu: Alfonso não é meu único filho, tenho uma menina da sua idade, o nome dela é Maite, ela está concluindo os estudos em Oxford, mas assim que vier de férias virá visitar o irmão e você terá a oportunidade de conhecê-la.

Sorri totalmente constrangida, preciso aprender a controlar minha boca grande e me concentrar as instruções da senhora Herrera. Subimos para o segundo piso do duplex, onde ficava os quartos e o escritório.

Ruth: Temos três quartos, o de Poncho, o seu e o de visitas. No final do corredor fica o escritório, e essa foi a única ressalva do meu filho, permanece trancado, e somente ele terá as chaves, então a limpeza ele tratará diretamente com você.

Anahí: Ruth, mas eu ficarei em um quarto de "hospedes" não há um quarto de empregados?

Ruth sorriu: Querida, não quero que se sinta como empregada aqui, minha família não costuma trata as pessoas que nos ajudam dessa forma, saiba que você está aqui para ajudar Alfonso.

Ruth chegou mais perto e sussurrou em meu ouvido: e me ajudar a cuidá-lo.

A olhei e sorri, mal a conhecia aquela mulher e já me sentia tão próxima.

Best Part - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora