3: A conselheira destrutiva!

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Ei! Meu nome é Tamires. É muito bom poder desabafar um pouco aqui. Tenho 31 anos e há 12 sou casada com Diogo. Temos dois lindos filhos, a Manuella e o João. Sei que muitas mulheres passam pelo que irei contar, só que, geralmente, não falam para ninguém por se sentirem entristecidas com o assunto.
Desde o início do meu relacionamento com Di ele sempre foi mais doado do que eu. Doado no sentido de ser carinhoso e ter demonstrações deste carinho. Eu sempre fui muito retraída com meus sentimentos, desde pequena. Talvez por não ter recebido o amor que necessitava dos meus pais eu não tenha lidado com este lado de sentimentos muito bem. Mas eu sempre gostei muito do Di. Sabia que nosso relacionamento iria fluir a ponto de nos casarmos...
Pois bem, logo assim que nos casamos, com dois anos de casados, descobri que estava grávida do nosso primeiro filho. Ficamos muito felizes com tamanha realização. Iríamos receber o fruto do nosso amor. Mesmo nos pegando meio de surpresa estávamos muito felizes, ainda mais quando soubemos que era uma menina.
Passados mais três anos e nosso segundo filho veio. Desta vez um lindo menino.
A minha dedicação aos nossos filhos foi intensa e, com isso, Diogo se distanciou de mim de uma maneira que me entristeceu bastante. Se, no início, era eu quem não estava muito ligada a essas coisas de carinho e amor, agora eu sentia na pele o quanto eu fazia ele sofrer com minha frieza.
Diogo estava cada dia mais e mais empenhado em seu trabalho, ele é representante comercial de uma grande empresa. Em um certo dia ele me avisou que iria viajar e que ficaria uns meses fora, à trabalho. Me senti sem chão.
Nunca havíamos nos distanciado por tanto tempo. No máximo ele trabalhava fora por uma semana, duas, no máximo. Tentei argumentar, dizer a ele que poderia ir com ele, deixando as crianças com os pais dele, porém ele negou, dizendo que ninguém melhor do que eu e a minha dedicação para cuidar dos dois. Tive que aceitar. Mas estava sentindo que aquilo iria servir para nos distanciar ainda mais.

Neste meio tempo que ele estava viajando eu conheci uma pessoa que parecia gostar de me ouvir. Era sorridente e seu sorriso me fazia aquecer o coração, tamanha sensação boa que me passava. Quando estava junto com ele o mundo parecia parar ou passar em câmera lenta, como se tudo parasse de não fazer sentido e passasse a ter um sentido todo novo e colorido. Confesso que me senti um tanto atraída por ele e parecia estar me apaixonando, mas isso era impossível acontecer comigo, já que me sentia tão desprovida de amor e de amar alguém.

Em um certo dia Diogo ligou para mim e eu demorei a atender, por que ele estava conversando comigo no portão de minha casa. Diogo ligou para um amigo nosso, vizinho de nossa casa. Perguntando por mim Vitor, nosso amigo e vizinho, não mentiu, disse que eu estava no portão conversando com um homem que ele não conhecia, mas que tem vindo com frequência ao nosso portão e que ficava horas conversando comigo. Eu nunca havia falado sobre ele com Diogo. Até hoje...

Meu nome é Diogo. Sou casado com a Tamires, com quem tenho dois lindos filhos.
Minha vida nunca foi fácil e, quando conheci minha esposa senti que tudo iria mudar. E para melhor. Desde o dia que a vi pela primeira vez fiquei completamente apaixonado por ela. Sabia que ela era a mulher que sempre desejei para ser minha e mãe dos meus filhos. Só que havia um problema, ela não se demonstrava tão apaixonada assim por mim e isso sempre ficou muito visível, pois ela não escondia a frieza que tinha.
Quando nossos filhos nasceram eu percebi que ela não era tão fria como demonstrava, pois ela passou a se dedicar inteiramente a eles. Fui me sentindo excluído e sempre era deixado de lado, em todas as situações diversas. Até na hora de tirar fotos ela não gostava que eu estivesse junto, como antes, mas preferia que eu tirasse dos três.

Um certo momento apareceu uma oportunidade maior de serviço para mim, a empresa a qual eu faço parte decidiu me enviar para passar meses fora da nossa cidade e eu não pensei duas vezes em aceitar, pois sabia que iria receber duas vezes mais também e poderíamos fazer a tão sonhada reforma na nossa casa. Porém quando falei a ela sobre a novidade ela me pareceu um tanto entristecida, mas eu não compreendi muito o porquê, tendo em vista que estávamos morando embaixo do mesmo teto como meros amigos e não mais como um casal. Não sabia que ela ficaria tão abalada com a minha ida. Conversei com ela e expliquei que seria necessário eu ir e ela parecia ter compreendido.

Depois de um certo tempo percebi que ela estava ainda mais distante de mim através mesmo das ligações. Perguntava se algo estava acontecendo e ela sempre dizia que estava tudo bem. Não era bem o que parecia. Ela estava mais apressada ao conversarmos, mais monossilábica, parecendo mais arredia. Um certo dia tentei falar com ela na parte da manhã e não consegui. Seu celular não atendia e nem o telefone fixo. Decidi ligar na parte da tarde e aconteceu da mesma forma. Resolvi ligar para Vitor para saber se ele sabia o que estaria acontecendo. Foi aí que veio o enorme balde de água fria em minha cara. Ela estava de encontros com um homem desconhecido!
Pedi a ele que não dissesse nada a ela que eu havia ligado, agradeci e desliguei.
Mil coisas ruins se passaram em minha cabeça. Quem deveria ser o tal homem? Quanto tempo estavam juntos? Deveriam estar rindo muito da minha cara! Decidi pagá-la com a mesma moeda e procurei uma conquista para que passasse tendo uma noite de prazer único.

No outro dia decidi pedir uma dispensa no final de semana e, sem avisá-la, fui para casa. Estava decidido a me separar daquela mulher traiçoeira.
Chegando lá fiquei receoso no que iria encontrar. Será que o tal cara já teria tomado meu lugar na casa?
A casa estava toda quieta, entrei bem devagar. Pelo que pude perceber não havia ninguém ali. Onde ela deve ter ido com meus filhos?
Decidi me sentar na sala e esperar.

Depois de longas horas ela chegou, sozinha. Acendeu as luzes e, assustando-se, me chamou pelo meu nome. Sério eu estava, sério eu continuei.
Ela colocou sua bolsa em cima da mesinha e veio para perto de mim. Sorrindo, me perguntou por que não avisei que chegaria. Foi me abraçando, mas eu continuei imóvel. Ela, estranhando minha reação, perguntou-me o que estava acontecendo.
Fui direto. Falei sobre o suposto homem com quem ela está tendo um caso. Ela, me olhando com a testa franzida, se fez de desentendida. Mas eu já sabia que estava mentindo por que toda vez que mentia sacodia muito os pés.
Disse a ela que iria embora dali para sempre sem lhe dar nenhuma chance de explicação, porém quis logo saber onde meus filhos estavam, pois levaria eles comigo.
Ela, com os olhos cheios d'água, contou-me de tudo o que havia ocorrido e do tal homem. Disse que sim, que ele queria mesmo um relacionamento com ela, porém ela havia resistido a se envolver com ele em respeito a mim, seu esposo. Continuaram uma amizade que, logo depois, ele interrompeu por que sumiu. No dia que Vitor o viu no portão ele estava avisando que estava indo embora com outra e que ela estava aliviada por isto.
Envergonhado pelo que havia feito e por ter me deixado levar pela raiva que senti, pedi a ela perdão e tentei explicar tudo a ela, sem sucesso. Ela que decidiu ir embora, pois esse tempo todo esteve trabalhando para juntar dinheiro para nossa tão sonhada reforma! Perdi minha família por deixar a ira e a raiva tomarem conta de mim!

O sentimento de ira e raiva pode nos afastar de Deus e das pessoas que amamos. A Bíblia nos aconselha termos um coração manso e tranquilo.
Às vezes passamos por situações de injustiça e indignação. Apesar dos pesares, devemos aprender a nos contermos e entregarmos nossas angústias a Deus e evitar ferir o próximo e a nós mesmos.

Provérbios 29:11-O tolo dá vazão à sua ira,
mas o sábio domina-se.

Quando deixamos a ira nos dominar acabamos nos deixando conduzir pelo engano, foi o que ocorreu na vida de Diogo. Mas posso dizer que se Tamires tivesse conversado francamente com seu esposo, desde o início, tudo poderia ter se acertado.

Tiago 1:19-20- Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus.

A raiva não serve de conselheira a ninguém, pois ela só serve para nos distanciar da verdade.
Que possamos, daqui para frente, ser mais abertos ao diálogo e jogar a ira e a raiva para bem longe de nossas vidas!

Abraços cheios de paz!

Cissa.

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