12: Seria um túnel do tempo?

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Ei! Meu nome é July e estou aqui descrevendo um pouco da minha vida a vocês. A autora me pediu para falar um pouco sobre algum sentimento e eu vou falar um pouco sobre um sentimento que muitas pessoas sentem, só que não falam muito para não demonstrarem suas idades: nostalgia.
Sinto mesmo muita saudades de muita coisa que vivi, mas existem coisas que devem ficar no passado, sem serem lembradas. Saudades devemos sentir de coisas que foram boas para nós, que nos fazem lembrar e sentir aquela sensação de bem-estar e não de tristeza. Por isso que só sinto saudades do que me fez bem e ignoro o resto.
Sinto saudades da minha época de infância, quando tudo era bom, simples, puro e verdadeiro, não como hoje que tudo é malicioso, com intenções. Naquela época (nossa, quando é dito assim parece que tem mil anos! rsrs) tínhamos amizades verdadeiras, sinceras, que podíamos contar até debaixo d'água. Nossas amizades eram para a vida toda, dividíamos tudo, roupa, comidas, figurinhas, tudo! Só não dividíamos nossas paixonites infantis, essas não! Aliás, aquele menino que gostávamos era invisível para nossas amigas, e vice versa.
Naquele tempo não tinha brigas que durasse pós aula, terminava a aula e já estávamos marcando de nos ver mais tarde. Amizade era sinônimo de grude, tanto para meninos quanto para meninas.

Os estilos eram peculiares, músicas, trajes, brinquedos...
O que era moda, antes, agora é taxado como ultrapassado. Mas, era o melhor estilo que tinha. As músicas não tinham vulgaridade e não induziam as pessoas a promiscuidade e ao sexo desenfreado. Tudo era bom de se ver, a não ser por algumas coisas que poderiam ser descartadas.

Na minha adolescência eu era muito tímida, na escola tinha uns poucos amigos e, como na maioria dos casos, tinha aquele gatinho que meu coração acelerava, mas que nem sequer notava minha existência.  Foi um período meio conturbado para mim, por que eu queria muito conquistá-lo, mas sabia que ele era popular e só se aproximava de pessoas como ele. Hoje olho para isto e vejo o quão tola eu fui, por que não percebi que em meio as minhas poucas amizades havia um rapaz, muito lindo por sinal, que era apaixonado por mim, e que eu só fui notar agora, depois de estarmos adultos. Ele, hoje, é casado e constituiu uma linda família, assim como eu.

Sempre tive muitos sonhos quando era criança que foi se perdendo ao meio do caminho. A medida que fui crescendo fui percebendo que a realidade do mundo é bem diferente do que em um mundo de conto de fadas infantil, onde um príncipe em um cavalo branco, como o Ken da Barbie, pode chegar e nos levar para um lindo palácio de cristal e diamantes. A vida não é assim. A realidade é muito mais complicada.
Quando era adolescente tudo era muito feliz, animado e parecia que duraria para sempre. As festas eram momentos eternizados para sempre em nossos corações, eram as melhores de todos os tempos. Infelizmente eu, por ser um tipo de patinho feio, digamos assim, ficava olhando todas as minhas amigas dançarem e eu não. E eu ficava triste por isso? Nem um pouco. Me divertia muito e nem precisava ficar grudada em ninguém!
As comidinhas eram excepcionais! Em nenhuma festa da atualidade consigo encontrar comidas nem sequer parecidas, quanto mais iguais. E os bolos de aniversário? Enormes! Daqueles que se for encomendado hoje em dia o confeiteiro fica achando que é brincadeira, de tão grande que eram. Serviam a todos da festa e ainda eram levados em grandes pedações para casa, juntamente com uma infinidade de docinhos e salgadinhos. Refrigerante? Era a tradicional guaraná, indispensável. Tempos inesquecíveis esses!

Agora que sou adulta e tenho meus próprios filhos percebo o quanto era feliz. Feliz de verdade. Tudo que falo para eles hoje em dia sobre o quanto era bom sair para brincar na rua ao invés de ficar enfurnado na frente de um computador ou vídeo game o dia todo eles ignoram e acham que eu não sabia o que era bom, por não ter o que eles tem hoje em dia. O que eles tem, para falar a verdade? Modernidade nem sempre é sinônimo de felicidade! Eu era feliz com pouco, com brincadeiras inusitadas, com amizades sinceras, com festinhas de aniversário que eram aguardadas como o evento do ano, com tudo muito simples, tudo muito gostoso, mas era o evento!

Não sou contra a modernidade, longe de mim pois eu preciso dela como todo mundo. Mas, vamos combinar, que muitas pessoas concordam que a modernidade levou consigo muitas coisas maravilhosas que poderiam ser revividas, revalorizadas. Tudo podia ser unido, o moderno com o antigo, e viveríamos em um período com muito mais união, como antes. Como uma boa amiga me diz, o passado é para ficar lá, bem guardado. Mas não penso assim. Penso que algumas coisas do passado fizeram um bem ao coletivo e que, com o passar dos anos, alguns que usufruíram disto acabaram esquecendo ou desprezando o que viveram. Isso me deixa em um misto de raiva e tristeza, mas o que se pode fazer?
A selva de pedra sempre assusta mas, ao mesmo tempo, sempre traz prazer a alguns!

Alguns sentimentos nos trazem momentos passados de nossas vidas que são agradáveis, outros não. Nostalgia de algo que passou nem sempre é bom mas, em alguns casos, nos traz felicidade por lembrarmos de algo muito bom vivido e que, na maioria das vezes, não voltará a acontecer.

Isaías 43:18
"Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas."

Todos nós temos um passado negativo que deve ser esquecido. Falhas, desvios ou ocasiões em que fomos vítimas inocentes dos caprichos da vida. Nenhum avanço é possível enquanto estamos olhando a vida pelo retrovisor, perdendo novas oportunidades. Por outro lado, há o perigo de nos tornarmos prisioneiros do passado positivo, em que o sucesso, realizações e mesmo bênçãos concedidas tornam-se grandes obstáculos para qualquer avanço. Assim como há os que vivem assustados pelas experiências do passado negativo, há também os que são prisioneiros em palácios de recordações, nostalgia e saudosismo, sem nada esperar do futuro. Vivem acomodados naquilo que aconteceu. Isso é uma realidade em muitas áreas da vida. No casamento ou na vida profissional.

O verso 19 sugere outra realidade: "Eis que faço coisa nova". A questão não é simplesmente esquecer o passado, mesmo que ele seja positivo, mas não permitir que o passado nos limite, como se Deus não tivesse nada mais para fazer por nós. Desse ponto de vista, o texto de Isaías que nos orienta a não nos lembrarmos "das coisas passadas" tem um extraordinário apelo para nós hoje. As coisas novas de Deus não nos permitem ficar acomodados. Não importa o que Ele já tenha feito em seu favor, você ainda não viu nada. Isso é verdade não por causa de nossa criatividade, mas por causa dEle, que sempre Se excede no que faz. Olhe com confiança para o que está à sua frente. Ele fará coisas novas por você, em sua vida espiritual, em seu casamento, família, atividades, estudos e realizações. Acredite! Deus tem coisas inimagináveis para fazer em sua vida, basta que creia nisto e perceba que o passado não as trará e, sim, Ele.

Não há futuro para quem vive de passado! Isso é uma realidade!
Se não olhamos para o que estamos vivendo e só pensarmos no que já passou estaremos sendo reféns do que já foi e, assim, possivelmente deixaremos de ver coisas novas chegando para nossas vidas.
Existem pessoas que tem medo de viver o presente e o futuro por medo do que lhes aconteceu no passado, medo de um relacionamento, de um novo emprego, novas amizades... Mas se jogarmos os medos fora e deixarmos as nossas vidas serem guiadas por Deus com certeza conseguiremos ser felizes.
A vida não é feita simplesmente de coisas ruins. As boas que já aconteceram devem ser lembradas sim, porém não devemos nos apegar a elas para que não se tornem um peso e, sim, meras lembranças felizes. Lucy queria que o passado feliz que ela viveu voltasse a acontecer no tempo atual. Isso é praticamente impossível por que nada que tenha acontecido no passado pode voltar a acontecer da mesma forma que aconteceu. Os tempos eram outros, as pessoas eram outras, os momentos eram outros. Nada o que passou pode voltar como antes. Possa ser que aconteça algo parecido por assim dizer, mas nada como aconteceu. Se aconteceu já passou, não volta mais. Cabe a nós aceitarmos que a vida segue e que não podemos prever o que ela nos trará, de bom ou ruim.

Busquemos sempre viver nossas vidas da melhor forma possível, sem querer reviver o que já passou. Devemos deixar a porta aberta para novas conquistas, novos momentos, novas oportunidades e deixar o passado onde ele está, no lugar dele.

2 Coríntios 5:17
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo."

Quando buscarmos mudanças conseguiremos enxergá-las. Enquanto não buscarmos verdadeiramente sempre estaremos vivendo rasamente e não no Profundo.
Sabes onde buscar? Então busque, sem medo!

Abraços cheios de paz!

Cissa.

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