4: Você já sentiu seu coração partir?

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Tudo bom com você? Meu nome é Adriana e quero contar um pouquinho de mim.
Sou casada, mãe, tinha tudo para ser feliz. Às vezes até sou. Porém tenho percebido muitas coisas em minha vida que tem me entristecido bastante.
Meu esposo, Kleytom, é técnico em informática. Expert no assunto, mas um desastre nos assuntos conjugais. Nosso relacionamento, de 24 anos completados, não anda bom há muito tempo. Foi aí que conheci uma sensação que jamais tinha ouvido falar antes, "a sensação do coração partido". Literalmente é uma dor que começa no coração (Semelhante, pois não sei bem se é nele.) e percorre por todas as partes do corpo, nos fazendo sentir arrepios ruins e muita tristeza, como se fôssemos a pior pessoa do mundo para quem amamos. Não que eu seja uma mulher extraordinária, mas eu sei que tento. Sou boa mãe, cuido dos meus filhos com todo amor do mundo; ótima esposa, cuido do Kley com todo amor e dedicação que posso. Pena que ele não ache o suficiente...
É incrível que ele sempre está insatisfeito com alguma coisa. De tudo ele reclama! Por mais que eu me dedique a ele e as crianças ele sempre arruma um jeito de reclamar. Até nos nossos momentos mais íntimos ele inventa de arrumar alguma coisa para reclamar. Às vezes penso que o problema sou eu, sabe? Só pode...

Buscando um emprego para mim consegui um de recepcionista em um consultório odontológico. Estava me sentindo tão feliz pela conquista. Cheguei em casa e meus filhos se animaram com o meu novo emprego, só Kley que ficou apontando o dedo para todos pequenos deslizes que cometi no meu primeiro dia. Me cansei de ficar conversando com ele, fui tomar um banho e decidi ir dormir. Nem quis jantar para não ouvir mais falatórios. Minha filha mais velha, Raíssa, sempre tão atenciosa comigo, me levou o jantar depois.
Estava eu, mais uma vez, mergulhada em um mar de sofrimentos. Sentimentos variados vinham em minha cabeça e atingiam em cheio o meu coração. Minha vontade de chorar cessou assim que ele entrou no quarto. Fechei os olhos para não perceber que estava acordada. Notei que ele parou bem em minha frente, parecendo me observar. Assim que percebeu que eu parecia mesmo estar dormindo começou a falar palavras muito pesadas a mim, como se estivesse me xingando. Meu coração parecia se quebrar em mil pedaços a cada palavra dita. A vontade de chorar voltou e eu ainda pude resistir mais um pouco. Mas quando percebi que ele deitou e logo dormiu eu não pude aguentar, saí do quarto em direção a varanda já chorando muito, muito mesmo. Parecia que as lágrimas do mundo inteiro estavam ali comigo e eu tinha que me esvaziar delas. Como era ruim aquilo tudo!

No outro dia, durante o período do meu expediente, uma amiga estava me dando umas dicas de como agir na empresa e eu estava adorando. De repente eu senti uma forte tontura e uma dor no peito. Desmaiei.
Fui despertar em um lugar que parecia um hospital. E era um. Olhei ao redor e não vi ninguém. Meu desespero aumentou ainda mais. Chamei e Kley apareceu. Ele estava sério, como sempre!
Perguntei a ele o que havia acontecido e ele veio logo com quatro pedras na mão para meu lado, dizendo que eu só servia para dar dor de cabeça e coisas do tipo. Perguntei a ele o por quê dele estar me destratando, mas ele virou as costas e saiu do quarto, me deixando sozinha ali. Chorei. Chorei muito. A ponto de sentir uma enorme dor no peito. Parecia estar enfartando ou coisa do tipo. Apertei a campainha, acionando a enfermeira, que veio rápido, juntamente com um médico.

Me deram uma medicação e eu não vi mais nada.

Sou o Kleytom. Não sei ficar conversando muito e, por isso, serei breve. Não me julguem por ser assim, mas sou.
A minha mulher, Adriana, está na UTI neste momento e minhas cunhadas estão me acusando de ter falado algo para ela ter passado ainda mais mal. Eu não sei o que posso ter dito para abalá-la.
Ela sempre foi assim, complicada. Sempre arrumava um meio de querer ser o centro das atenções, em todos os momentos. Quando nos conhecemos ela era de uma forma depois, com o passar dos anos, ela modificou. Se tornou uma mulher mimada, exigente e arrogante. Não suportava falar com ela sem discutir. Com o passar do tempo ela só ouvia de mim o que merecia.
Os médicos estão com ela e disseram que o estado dela é crítico. Mas não souberam me dizer o que ela tem. Dá para saber se são médicos de verdade, desta forma? Por que, pelo que sei, médicos que são médicos sabem o que seus pacientes têm.

As horas se passavam e eu não estava nada satisfeito com tudo aquilo. Minhas cunhadas me olhavam, sérias, e cochichavam algo sobre mim. Estavam certas que o culpado de Dri estar naquele lugar era minha, sendo que sempre fui um excelente marido para ela, nunca encostei em sequer um só fio de cabelo dela nem das crianças. O médico se aproximou de nós e eu senti um medo estranho de ele estar trazendo uma notícia de morte. Felizmente Adriana não havia morrido. Ele conversou comigo sobre tudo que estava acontecendo com ela e me disse que ela teria que ficar internada para realizar uns procedimentos com ela, incluindo as medicações. Mas uma coisa que ele me disse me deixou intrigado. Me disse que Adriana estava com Cardiomiopatia de Tokotsubo, um problema com o nome um tanto estranho, mas que era conhecido como síndrome do coração partido. Olhei para cara dele e a minha reação foi a de rir, sem entender se o que ele dizia era brincadeira ou não. Ele, sério, me encarou e pude perceber que ele não estava brincando. Ele simplesmente saiu, me deixando ali sozinho.

Procurei saber o significado daquela síndrome e percebi que ela existe mesmo. Fiquei muito apreensivo se ela iria piorar e levar Adriana ao óbito. Estava agoniado só de pensar em perdê-la.
Passei dias e noites naquele hospital, fazendo companhia a minha esposa, preocupado. Minhas cunhadas quiseram me tirar de perto dela, mas eu não saía por nada.

Dias depois ela despertou. Não imaginei que esta doença deixasse a pessoa em coma tantos dias. Talvez por mexer com o coração...
Meu sorriso foi o que ela viu logo assim que abriu os olhos. Mas ela permaneceu séria. A enfermeira conversou com ela, calmamente, e ela não queria responder nada, só me olhava com o mesmo semblante.
Fui encaminhado por uma das enfermeiras para sair do quarto. Elas ficaram sozinhas com Adriana e o médico. Quando uma delas retornou para perto de mim e eu me aproximei ela logo disse que Adriana não me queria por perto, nunca mais, e que ela estava indo ligar para suas irmãs, pois ela havia pedido.
Fiquei sem entender nada. Eu sou o marido dela! Eu quem preciso estar sempre ao lado dela! Eu!
Indignado e não acreditando no que a tal mulher havia dito tentei entrar novamente no quarto, mas agora foi a vez do médico de me impedir, me entregando uma carta e dizendo ser de Adriana. Estranhei, por que ela parecia sem forças para isto, mas quando abri a carta percebi que era mesmo a letra dela. Na carta dizia:
"Kleytom, viva sua vida em paz e seja feliz! Depois do que aconteceu comigo eu percebi que preciso me amar mais e cuidar dos meus filhos! Eles, sim, me amam e precisam de mim aqui, viva! Não sei bem o que tive, mas o doutor me disse, por alto, que foi uma síndrome com um nome estranho, mas que era popularmente conhecido como síndrome do coração partido. E é exatamente assim que me sinto esses anos todos ao seu lado, com meu coração destroçado. Não queira mais se aproximar de mim, por favor, eu te peço. Preciso viver e você só estava me fazendo morrer, por dentro e por fora! Adeus!"
Aquilo foi um balde de água gelada para mim! Nunca poderia imaginar que ela pensasse assim, sentisse assim. Eu sou um péssimo homem e só fui perceber assim que perdi uma maravilhosa mulher!

Este casal passou por momentos destrutivos em suas vidas, mas precisamente a mulher. Ela preferiu se calar toda vez que se sentia triste e ofendida e, com isso, quase perdeu sua própria vida.
A Bíblia está repleta de passagens marcantes sobre amor, incluindo versículos que falam especificamente de como um homem deve tratar a sua esposa.
Efésios 5:25 afirma que o homem deve amar a esposa da mesma forma que Cristo amou a Igreja, enquanto Efésios 5:28 traz que ele deve amar a mulher como ama o próprio corpo. Ou seja: é uma relação bastante íntima.
Os esposos têm a responsabilidade de amar e honrar suas esposas. Assim como as esposas tem que tratá-los com amabilidade e respeito também.
Mateus 19:5-Seja uma só carne com sua esposa, em todos os sentidos.

Espero que, se for casada (o), esses ensinos possam fortalecer ainda mais o seu relacionamento. E se, por acaso, não forem ainda, que possam buscar as formas certas de cuidar e amar seu futuro cônjuge.

Abraços de paz!

Cissa.

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