Uma Nova Paixão

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Duda volta a narrar.

Sinceramente eu não posso forçar a barra de uma coisa que eu não quero. Mas a saudades da pessoa que mais me entende, já está apertando demais.

Mas eu tive uma ideia naquele momento.

Mas primeiro vou ter que contar uma coisa que eu e Ana fazíamos...

Na verdade, antes de contar o que fazíamos, vou continuar com a ideia que eu tive.

Eu não poderia virar namorada de Ana nunca, então eu achei que se eu fizesse uma “surpresa” para ela, quem sabe eu conseguisse a minha Ana de volta.

Levantei, peguei um envelope e coloquei uma coisa que talvez fizesse Ana parar para pensar um pouco. Eu estava ansiosa para entregar a ela, mas eu não sabia onde encontrar ela e pensei os possíveis lugares que eu poderia encontrar ela.

Primeiramente fui até a casa dela, só que sua mãe tinha dito que teria acabado de sair, então imediatamente pensei no parque próximo ao colégio, fui diretamente para lá e de longe já avistei aquela garota de cabelos claros deitada no gramado com seus olhos fechados. Fui até perto de Ana, me apoiei sobre meus dois joelhos, comecei a olhar para rosto dela, não aguentei, comecei a derramas minhas lagrimas sobre a testa de Ana. Ela abriu seus olhos e olhou para mim como se não acreditasse que eu estava mesmo ali.

Ela colocou suas mãos sobre seu rosto e chorou bem mais alto, minha vontade era de enxugar cada lágrima, acolher ela, mas meu medo e receio de ser ignorada falou mais alto, então apenas sentei ao lado dela. Tentei falar com ela, mas ela não me respondia, e cada vez meu coração apertava, falei muita coisa para ela me entender. Mas o único retorno que tive de Ana foi o silencio. Não aguentei, chorei mais ainda. Apenas deixei o envelope do lado dela, mesmo sem saber se ela ia pegar ou não.

Levantei e saí sem olhar para trás. Não sabia se ela abriria meu envelope, mas arrisquei.

Eu mesma me perguntava, será que eu também estou apaixonada por Ana? Mas eu não sou lésbica. Então como explicar a mim mesma de onde estavam saindo àqueles sentimentos tão fortes? Era possível uma amizade assim?

Passaram-se algumas semanas, e as coisas ainda continuavam as mesmas, fiz um segundo envelope idêntico ao anterior, e fui até a casa de Ana, e pedi para que a Mãe dela entregasse aquele envelope para Ana. E não tive nenhum retorno. Mais uma semana estava chegando, então comecei há mandar todo dia um envelope igualzinho aos outros dois.

Ana narra a partir daqui

Estava prestes a abrir o envelope, quando meu celular tocou, era Thalyta, uma garota que eu estava conversando há uns dias, aquelas semanas sem Duda abriram portas para conhecimentos novos. Eu já tinha me encontrado algumas vezes com Thalyta, mas não chegou a rolar mais nada que conversas, ela também era lésbica e tinha 17 anos, um ano mais velha que eu naquela época.

- Ana?

- Oi Thalyta, tudo bem?

- Tudo sim, queria te encontrar hoje, pode ser?

- Claro, hoje a noite vou estar sozinha, aparece aqui em casa.

- Tudo bem, eu ligo antes de ir.

Já à noite, Thalyta me ligou, e avisou que estava a caminho da minha casa. Quando ela chegou lá, conversamos bastante, assistimos filmes juntas. No meio de um dos filmes, Thalyta colocava suas mãos pequenas e macias sobre minhas pernas, não sei se por estar precisando da companhia de alguém que me desse o carinho que eu precisava, deixei me envolver por aquele momento, diferente e novo para mim. Fui falar com Thalyta, e fui interrompida por um beijo dela, aquele beijo me envolveu de imediato e deixei tudo aquilo tomar conta de mim.

No final daquele beijo, ela disse que precisava ir embora, estava muito tarde, e a casa dela era a muitos quarteirões da minha.

Ela saiu por aquela porta, eu sentei no sofá pensando naquele beijo. Eu realmente tinha encontrado alguém que partilhasse do mesmo sentimento comigo.

Quase todos os dias cartas da Duda chegavam para mim, exatamente iguais a aquele primeiro envelope que ela me deu, mas eu estava com minha cabeça tão longe com a Thalyta, que apenas guardava as cartas de Duda em uma gaveta.

Quase todos os dias Thalyta ia para minha casa quando meus pais saiam, aproveitávamos para ficar nós duas sentadas no sofá, trocando abraços e beijos, muito filme e pipoca. Eu estava me apaixonando novamente, eu tinha medo de me machucar novamente, mas quis seguir em frente, tudo aquilo estava me fazendo bem.

 Todos os dias chegavam novas cartas da Duda, em um envelope, todos eram iguais. Mas nunca fiquei curiosa para abrir aqueles envelopes, minha atenção toda estava voltada para Thalyta. Acho que posso dizer agora que ela era minha nova paixão.

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