Revelação

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Mais de uma semana se passou desde o festival.

A noite de sábado fora um momento de decisão para Neji. Ele rolava na cama sem conseguir pregar os olhos, tentando se convencer que faria a coisa certa. A manhã de domingo o assustou com o sol invadindo seu quarto. Não notara o tempo passar e já sentia o cansaço pela insônia.

Forçou-se a levantar, definitivamente certo do que faria. Estava convicto quanto aos seus sentimentos. Sua amizade com Sai era forte, mas havia algo mais. Algo que ele desejava muito.

Com isso em mente, estava determinado a finalmente falar com seus pais. Precisava ser sincero com eles. Depois falaria com o rapaz.

Encontrou-os na cozinha. Sua mãe fazia café e seu pai lia o jornal.

— Bom dia — ele cumprimentou-os apreensivo.

A resposta de Hizashi fora seca como sempre, enquanto sua mãe lhe sorrira gentilmente.

— Preciso falar com vocês sobre algo muito importante — Neji começou. As mãos suando e a voz falhando. Ao ter a atenção de ambos, prosseguiu. — Venho tentado me modificar há muito tempo, certo de que era isso que deveria fazer. Por medo do que poderia acontecer...

Sua mãe estava com os olhos arregalados, assustada. Seu pai o fitava sério.

— Estou cansado de ser alguém que não sou — ele continuou. — Quero que saibam que eu os respeito e os amo muito. Sei muito bem da opinião de vocês, mas preciso me libertar. Preciso ser eu mesmo. Mãe, pai... — Encarou-os um de cada vez. — Eu sou gay.

Fora um choque que sua mãe não pôde conter. No fundo, ela sempre soube, mas queria estar errada. Não por ela, afinal amava seu garoto, mas por Hizashi. O pai de Neji era um conservador preconceituoso tão inflexível que a fazia temer, tanto quanto Neji.

Aconteceu tudo muito depressa. Neji sentiu o rosto arder e as lágrimas se formarem involuntariamente com a dor. Seu pai lhe desferira um tapa.

Tendo a mãe aos prantos, Neji sentiu-se perdido. Seu pai o encarava, o desgosto estampado em seu olhar.

— Saia dessa casa e não ouse voltar aqui — cuspiu as palavras com severidade.

— Hizashi, não! — a mãe implorava, chorando.

— Cale-se! — ele berrou. Segurou Neji pelo braço e o empurrou até a porta. Quase o arremessou para fora.

— Pai... — ele tentou falar, mas foi brutamente interrompido.

— Silêncio. Eu não tenho filho bicha. Você não é meu filho! — Bateu a porta, deixando-o sozinho.

As palavras cortaram mais que navalha. Neji sentiu o chão sumir, sua mente girava. Não tinha forças para sequer chorar ou gritar. Pôde ouvir vozes exaltadas em sua casa. Sua mãe devia estar pedindo pelo perdão e compreensão que seu pai jamais teria.

Ainda aturdido, se pegou pensando o que faria a seguir. Havia duas pessoas no mundo em que ele confiava: Hinata e Sai. Optou em falar primeiro com a prima, aquela que sempre o apoiou e sempre soube do seu segredo.

Hinata acordou com o som irritante da campainha. "Quem vem a casa de alguém tão cedo num domingo?", pensou ao olhar o relógio. Não eram nem oito horas.

Como Tenten não estava ali, viu-se obrigada a atender. Arrastou-se lentamente até à porta, abrindo-a e sendo instantaneamente tomada pelo abalo.

— Neji?

— Hina, eu contei aos meus pais — disse num fio de voz.

— O quê?! Como foi? — ela perguntou inquieta.

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