Ela molhou os pezinhos dele que também vestia um macacão jeans igualzinho o seu, vivia longe de tudo e de todos e era melhor assim para não correr o risco de encontrar sua mãe em algum lugar, mas sabia que um dia precisaria enfrentá-la novamente e tentar uma conversa já que em todo aquele tempo não teve a coragem suficiente de se mostrar grávida. Cristina estava distraída brincando com o filho enquanto molhava seu cavalo que nem percebeu a chegada dele...
— Quanto tempo Cristina! — a voz era grave e ela se virou de imediato o molhando todo.
Seu coração estava acelerado com a presença dele ali que nem se deu conta que o molhava até que ele se aproximou mais tirando a mangueira de sua mira e o bebê resmungou um choro a fazendo olhar para ele de imediato e Frederico também. Era seu, seu filho e ele nem pensou duas vezes o pegando dos braços dela que largou a mangueira, Frederico o levantou para o alto e gargalhou fazendo o pequeno arregalar os olhos mais não chorou e logo deu um meio sorriso babando.
— Como me achou? — foi o primeiro que perguntou.
Ele a olhou e logo voltou os olhos para o filho o aproximando de seu rosto e o beijou.
— Hermoso! — sorriu mais encantado com aqueles olhos verdes. — Demorei a pensar, mas quando fiz devidamente foi fácil!
— Me devolve ele que você está molhado! — deu os braços.
— Vocês não iam ficar muito tempo secos e agora você quer me tirar ele? — negou com a cabeça. — Qual nome deu a ele?
— Matheus Álvarez Rivero! — respondeu rapidamente.
— Um legítimo Rivero! — estava fascinado com o filho nos braços. — Quando me contou e logo sumiu, eu fiquei louco querendo saber de vocês, saber se estava bem e se tinha mesmo um lugar pra ficar!
— Nossa situação não foi a das melhores e saber desse bebê no hospital mudou tudo! — tocou a mão do pequeno.
— Consuelo te bateu aquele dia e se tivesse acontecido algo pior? — tinha ficado muito preocupado.
— Teria sido o preço por nossa infidelidade! — o olhava nos olhos. — Mais nada de ruim aconteceu e eu achei melhor ficar longe de vocês dois para que ela não sofresse se me visse grávida de um filho seu!
— Cristina, eu até entendo seus motivos mais eu tinha direito de estar a seu lado no nascimento dele e em tudo mais! — limpou o rosto molhado mais uma vez. — Independente de qualquer coisa ele também é meu!
— Eu sei disso e ia pedir para Sandra te dar o endereço!
— Quando ele fizesse um ano?
Ela teve que rir.
— Talvez sim!
Ele negou com a cabeça.
— Vamos entrar pra você tirar essa roupa molhada e Matheus também! — o pegou de seus braços.
Ele caminhou ao lado dela que sorria docemente para o filho que estava sempre de olho nela como se Cristina fosse a melhor coisa do mundo para se olhar e na verdade era por ser sua mãe. Frederico pegou a bolsa dentro do carro e entrou junto a ela que indicou o quarto para ele assim que chegaram ao andar de cima e ela foi para o quarto trocar o filho. Cristina tinha uma casa boa e junto a um casal de empregados tinha conseguido levantar aquele rancho, Pedro era um homem do campo que não queria deixar aquelas terras depois de ser vendida e pediu a ela abrigo que de imediato aceitou sabendo que precisaria e juntos conseguiram uma boa colheita fazendo assim o dinheiro girar e eles viverem bem.
Frederico parou na porta do quarto e observou ela amamentar o filho sentada na poltrona virada para fora e sorriu, ela estava linda depois da maternidade. Cristina se sentiu observada e virou encontrando os olhos dele sobre si e logo tratou de olhar para outro canto o fazendo se aproximar.
— Você está mesmo escondida aqui!
— É melhor que estar presa depois do que fiz! — suspirou porque ele ali lhe trazia muitas recordações. — Ela está bem? — se referiu à mãe.
— Está se reerguendo aos poucos, mas você deve saber já que tem Sandra a seu lado!
— Sandra não me diz muito! — abaixou o olhar. — Diz que não quer conflitos em nossa relação e sempre me diz que se quero saber dela que eu vá até ela.
— E você não vai? — se olharam.
— Algum dia sim! Eu serei mais odiada pelo filho que temos e eu já tenho culpa de mais pra conviver. — suspirou com tristeza.
— Não vamos falar dela e sim desse garotão aí no seu colo! — sorriu querendo mudar o foco. — Me conte tudo que puder e se lembrar!
Ela confirmou com a cabeça e o tirou do peito dando a ele que segurou todo desengonçado a fazendo rir, Cristina contou a ele como foi os meses de gravidez e a solidão de estar ali sem nenhum conhecido. Parecia que nunca tinham deixado de se ver e mesmo que ela tivesse se escondido com o filho dele, Frederico não parecia bravo com sua atitude, ele era compreensivo e diante do que viveram a distância era o melhor caminho.
— Eu achei que quando me encontrasse iria me odiar por me esconder com ele!
— Essa era a minha intenção até chegar aqui e te ver com ele nos braços e me dar um banho de realidade! — riu beijando o filho. — Ele é tão lindo!
— E puxou tudo de você! — ficou de pé. — Fica com ele mais um pouco que vou adiantar o jantar. Você fica pra jantar né?
Ele confirmou com a cabeça e ela saiu do quarto o deixando com seu menino, Frederico sentou na poltrona que ela estava e o deitou direitinho em seus braços e admirou o pequeno que suspirou num sono profundo. Frederico contou todos os dedinhos da mão e quis gargalhar porque o sonho de ser pai já tinha ficado para trás há muito tempo e casado com Consuelo não poderia mais, os minutos se foram e quando se deu conta o sol já estava pra se por e ele levantou colocando o pequeno no berço sem conseguir deixar de admirá-lo.
Era a sua continuação e depois de mais um sorriso saiu do quarto descendo para o andar debaixo, caminhou até a cozinha e ali estava ela ao lado de sua fiel empregada terminando de por o jantar no fogo e como sempre conseguia sentir os olhares dele virou o encarando.
— Ele não acordou? — ele negou com a cabeça. — Ele mamou pouco e já deveria ter acordado.
— Acredito que meu colo é bem aconchegante! — brincou.
Norma saiu por um momento da cozinha e ele se aproximou dela ficando bem próximo de seu corpo e ela não tirou os olhos dos dele.
— Eu não vou mentir e nem usar meios termos pra dizer o que quero! — respirou mais rápido.
— E o que quer Frederico? — sentiu o coração acelerado.
— Eu quero estar com você e nosso filho!