Quando acordei, estava deitada na minha cama que em tempos fora também da Beatriz. Os lençóis amarrotados e a minha roupa do dia anterior no mesmo estado aos pés da cama.
Na minha secretária tinha os livros de matemática, pois no dia anterior ao meu aniversário estivera a estudar. A minha média a matemática era bastante alta e eu ia ter um teste neste dia. Obviamente que não estava preparada. Nem para o teste nem para me levantar da cama. Levantar-me significava aceitar a nova realidade.
Esperei que alguém aparecesse no meu quarto. Eu ia ter aulas às 8:30h e eram 8:00h. De repente a minha mãe entrou no quarto.
- Gosto tanto de ti... - e abraçou-me com toda a sua força. Foi do nada. Mas valeu de tudo. Provavelmente só me abraçou porque perdera a sua outra filha. Agora eu era a filha mais nova. E talvez fosse isso a razão do abraço.
Ficámos abraçadas durante cerca de 10 minutos. Levantá-mo-nos da cama e ela deixou-me sozinha para me vestir.
- Podes ficar em casa hoje, se assim entenderes. - dizendo isto saiu, sem me dar tempo para responder. Eu preferia ficar em casa, mas se assim o fizesse, ficaria o resto do dia a chorar e a pensar na má irmã que fui. Então dirigi-me à casa de banho e tomei banho para ir para a escola. Ia chegar bastante atrasada, mas pelo menos ia.
A banheira estava fria, mas a água estava quente. Despi a minha roupa interior e entrei. As minhas pernas ainda continham areia e marcas do sal, por causa da praia. Mas rapidamente tudo isso desapareceu com o sabão e com a água. Lavei o meu corpo e o cabelo. Depois limpei-me e não sequei o cabelo. Apenas o amarrei muito despreocupadamente. O frio invadia o meu corpo e além disso, a minha cabeça. Peguei na primeira blusa que encontrei, preta. Depois vesti umas calças de ganga muito claras, e uma camisola cinzenta, bastante quente. Não comi nada, simplesmente não tinha fome.
8:52h. Matemática como primeira aula. Entrei e pedi desculpa pelo atraso e o professor olhou-me com grande irritação.
- Aqui tem o teste.
O teste. Esqueci-me. Peguei no teste e consegui resolver apenas algumas questões, outras foram deixadas em branco simplesmente. Fui das primeiras a acabar o teste, então apenas baixei a cabeça e coloquei-a por cima dos meus braços cruzados. Consegui sentir uma pressão por cima de mim. O Lourenço, que estava na outra ponta da sala, olhava-me fixamente e eu devolvi-lhe o olhar. Consegui ler nos seus lábios um "Então? " e apenas fechei os olhos à espera de que tocasse para a saída. Tocou finalmente e recebi uma mensagem da minha irmã:
Xx : Mariana ♥
Foste para a escola? Podias ter ficado comigo... correu bem o teste?Rapidamente respondi "Desculpa... Achei melhor vir. Correu mal, mas não me importa agora. Beijinho, adoro-te".
Saí da sala e a Andreia veio ter comigo super feliz e a querer contar-me muitas coisas, mas eu desprezei-a.
- Agora não consigo Andreia. Estou mal disposta.
- Não consegues o quê? Estás com uma cara pior que sei lá o quê e não me ouves, queres que faça o quê? Que se passa?
- Beatriz. - saí de ao pé dela e ela insistiu em vir atrás de mim.
- Eu sei que não gostas dela e blá blá blá, mas fogo não precisas de falar assim! - insistiu, indignada.
- Eu adoro-a. - contrariei.
- Só podes estar a brincar...
- A Beatriz morreu. - fui demasiado direta. Obviamente que ela ficou pálida e sem resposta. Mas eu não esperei, e saí, em direção ao cacifo. De repente apareceu o Lourenço.
- Como estás?
- Não sei o que dizer Lourenço, desculpa.
Ele não insistiu para que falasse, e deu-me um beijo. Um beijo forte, para me transmitir segurança. Após alguns segundos o meu telemóvel tocou.
#CHAMADA ON#
"Filha, estás bem?"
"O teste correu super mal. Podes vir buscar-me? Não quero ficar aqui muito tempo."
"Vou a caminho, beijo."
"Beijo."
#CHAMADA OFF#
Quando desliguei, o Lourenço beijou a minha testa e perguntou se queria companhia. Eu apenas agradeci, mas disse que preferia ficar sozinha, e ele respeitou.
O carro da minha mãe já estava na estrada.
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Sempre que eu puder voltar
General FictionVoltar atrás não é possível, mas é a solução.