Capítulo 2

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A Beatriz estava deitada na estrada do final da minha rua. Todos os segundos assemelhavam-se a horas de medo e desespero. O sangue escorria-lhe pela barriga, e os meus olhos enchiam-se de lágrimas irresponsáveis. Desculpa Beatriz. Eu juro que tudo o que fiz foi sem pensar. Foi o espelho destes anos todos. Desculpa pequena.

Os paramédicos chegaram e puseram a minha irmã numa maca com toda a pressa e chamaram por um acompanhante. A Mariana respondeu com medo.

- Eu vou!

- Eu também quero ir! - disse a medo. Mas era verdade.

- Carolina, fica em casa. Por favor.

- Eu quero ir. Eu tenho esse direito. - defendi-me dos meus erros.

- Podemos ir juntas? - a amorosa da minha irmã Mariana implorou, com pressa.

- Rápido! Entrem! - aceitou um dos paramédicos. Obrigada, eu não merecia nem isso.

Entrámos na parte de trás da ambulância e a Mariana tentava ver se a Beatriz respirava.

- Não! Por favor digam-me que isto não está a acontecer! Meu amor, Bea! Olha para mim! - ela estava desesperada. Nunca a vira assim. Não era justo nem para ela nem para a Beatriz, era tudo culpa minha. T-U-D-O. O que ela disse era verdade. Ela odeia-me. Eu não a odeio. Aquilo que escrevi era só um desabafo. Desculpa. Mesmo assim, eu sei que a culpa é minha: bati-lhe.

- Mariana, tu achas que ela vai acordar? Eu não me vou perdoar se...

- Vai correr bem.

- Eu tenho tanto medo... - ao mesmo tempo em que disse isto, comecei a chorar e abracei a minha irmã mais velha. Ela existir foi sempre a bênção da minha vida. Que sorte. Depois lembrei-me. - Temos de avisar os pais!

- Liga-lhes, por favor.


Chamada ON

Mãe : Sim? Carolina?

Eu : Mãe, aconteceu uma coisa. Avisa o pai e venham juntos ter ao hospital da cidade.

Mãe : Calma. Carolina, o que aconteceu?

Eu : Mãe, a Bea teve um acidente, foi atropelada, e não sabemos se vai sobreviver... A culpa foi minha, disse-lhe coisas horríveis. - a minha irmã tirou-me o telemóvel e a chamada passou a ser entre ela e a minha mãe.

Mariana : Mãe, a culpa não foi de ninguém. A mana irritou-se e fugiu. Depois falamos. Despachem-se, por favor.

Chamada OFF

Sempre que eu puder voltarOnde histórias criam vida. Descubra agora